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Dono de afiliada da Jovem Pan admite que bancou golpistas e perde contrato

Milton de Oliveira Júnior admitiu que financiou golpistas  - Reprodução
Milton de Oliveira Júnior admitiu que financiou golpistas Imagem: Reprodução

Colaboração para Splash, em São Paulo

21/04/2023 17h14

Milton de Oliveira Júnior, dono da afiliada da Jovem Pan em Itapetininga, no interior de São Paulo, admitiu que financiou vândalos bolsonaristas que participaram dos atos de 8 de janeiro, em Brasília, quando as sedes dos Poderes da República foram depredadas.

O que aconteceu:

Em um programa da rádio local, Milton disse ter bancado financeiramente a viagem de golpistas à Brasília e afirmou ter "recibos" que comprovam suas doações. "Não tenho medo de assumir o que eu faço, está lá", declarou.
Milton destacou que não tem medo de ser preso por suas contribuições aos atos antidemocráticos e se referiu ao governo do presidente Lula (PT) como "ilegítimo". "Se eu tiver que ser preso porque ajudei patriotas a irem para Brasília fazer um protesto contra um governo ilegítimo, que eu seja preso, não há problema nenhum."
Após a repercussão negativa da fala de Milton, a Jovem Pan comunicou o fim do contrato com sua afiliada por "expor" a emissora e por "violar cláusulas" do acordo, que "têm como objetivo a preservação da marca e a reputação da Jovem Pan enquanto empresa de comunicação".
A Jovem Pan Itapetininga retirou do YouTube o vídeo com a confissão feita pelo jornalista.

Em seu perfil no Facebook, Milton Oliveira se manifestou para dizer que "sempre" respeitou a Justiça, e negou que tenha apoiado "qualquer ato que ataque a democracia".

Milton mudou sua fala e disse que, na realidade, teria dado dinheiro a um amigo "para sua alimentação durante a viagem de retorno de Brasília no dia 20 de novembro de 2022". Ou seja, agora ele alega que suas contribuições não se referem aos atos de 8 de janeiro, que resultaram em cenas de vandalismo na capital federal.

Relembre

No dia 8 de janeiro de 2023, centenas de vândalos bolsonaristas invadiram as sedes dos Poderes da República e provocaram cenas de destruição em Brasília.

Os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF (Supremo Tribunal Federal) ficaram depredados, com prejuízos de milhões de reais aos cofres públicos.

Mais de 1000 golpistas foram presos pelos atos antidemocráticos. A AGU (Advocacia-Geral da União) conseguiu obter na Justiça o bloqueio de bens de suspeitos de terem financiado os golpistas e pretende usar o dinheiro para ressarcir o Estado pelos prejuízos causados.

O STF formou nesta semana maioria para tornar réus os 100 primeiros denunciados por participação nos atos golpistas. A Corte apontou a inconstitucionalidade das manifestações e a responsabilidade dos envolvidos.

Outros julgamentos estão previstos. Os 100 primeiros denunciados fazem parte de um grupo de 1.390 pessoas envolvidas nos atos de 8 de janeiro que terão sua conduta analisada pela Justiça. Entre os próximos dias 25 e 2, o STF avalia situação de outras 200 pessoas.