20 'Oscar' de séries e legado: o adeus de 'Maravilhosa Sra. Maisel'
Depois de quatro temporadas e 20 vitórias no Emmy, a série "Maravilhosa Sra. Maisel" chega ao fim. A quinta e última temporada estreou em 14 de abril no Prime Video e vai mostrar ao longo de nove episódios, afinal, qual é o destino da humorista.
A produção, criada e dirigida por Amy Sherman-Palladino de "Gilmore Girls", se passa no final dos anos 50 e conta a história de uma dona de casa que se torna comediante de stand-up. O mundo era dos homens, mas Midge Maisel enfrenta a reprovação da família, do ex-marido (que fracassou na comédia), dos donos de bar e dos empresários do showbusiness para seguir sua ambição.
Depois de muitos altos e baixos (nos últimos episódios, mais baixos do que altos), Midge precisa brigar por novas oportunidades e apostar tudo em sua carreira na comédia para ter um final feliz.
Dar "adeus" à série é também se despedir do clã Weissman-Maisel, a disfuncional e divertida família judia da comediante, interpretada por veteranos e uma das melhores partes do seriado.
Em entrevista a Splash, Tony Shalhoub ("Monk") e Marin Hinkle ("Two and a Half Men"), que interpretam os pais da protagonista, contam que está sendo "difícil" abandonar os personagens.
"Está sendo horrível para mim, porque eu amo essa personagem. Eu amo esse elenco. Eu amo toda a equipe, a equipe de design, a equipe de roteiro, todos. Amo tudo relacionado à série. Eu amo que não existiu nenhum elo mais fraco. [...] Tem sido muito difícil dizer adeus", lamenta ela, que diz esperar que a série ganhe, em breve, uma "segunda vida".
Apesar de também compartilhar da dor de deixar o papel do neurótico Abe, Tony Shalhoub diz que a série deu "fôlego" para que os atores possam encarar os próximos projetos. Para ele, vem aí um filme derivado da série de sucesso estrelada por ele: "Monk".
Vamos carregar conosco mais confiança. Tivemos uma ótima experiência aqui por muitos anos e isso vai ser muito útil para nós daqui pra frente. [A série] estabeleceu um padrão muito alto, e queremos alcançar esse padrão toda vez agora, porque sabemos o quão bom algo pode ser. Então, vamos levar a série conosco. Vamos carregar nossa experiência, nosso sentimento de sucesso e nosso orgulho. Tony Shalhoub
Caroline Aaron ("Edward Mãos de Tesoura") e Kevin Pollak ("Os Suspeitos"), os ex-sogros de Midge, compartilham do mesmo sentimento. Pollak conta que, tal qual uma família de verdade, os atores mantêm um grupo de mensagens.
"Houve muitas risadas, mas também muito choro. Nós estamos loucamente apaixonados uns pelos outros desde o começo. [...] Se você pudesse ver o grupo de mensagens da família Maisel, que nós mantivemos, você veria o nível de amor e cuidado. É muito raro e incomum sentir isso. Estou muito grato, tenho um sentimento de gratidão absoluta", diz.
O poder e o protagonismo feminino em "Maravilhosa Sra. Maisel"
Como as próprias protagonistas dizem, a grande história de amor da série é entre duas mulheres: Midge e Susie, sua agente. Não é uma história de amor romântico, mas de amizade, apoio e parceria.
Para Caroline Aaron, o triunfo de "Maisel" é jogar o holofote em histórias protagonizadas por mulheres.
"Histórias de mulheres serem contadas e serem populares, esses são uns dos grandes legados da série. São histórias boas, são pouco contadas e precisamos de mais delas", afirma.
Outro triunfo, para ela, vem em forma de conselho: "nunca desista, o melhor está por vir".
O foco dessa série é um romance entre essas duas mulheres, em que as duas estão dedicadas a esse objetivo. Não importa o que aconteça, elas continuam a persegui-lo. Espero que esse seja um dos legados deixados pela série também. Caroline Aaron
"Maisel" não só coloca duas mulheres em destaque, mas o faz com personagens imperfeitas. O sexismo está lá, muitas vezes atrasando o sucesso da protagonista, mas também está a autossabotagem, os embates com Susie, o egoísmo. As muitas falhas de duas protagonistas que estão longe de serem "mocinhas". A série também não costuma acertar a mão quando aborda questões de raça e sexualidade, o que já trouxe muitas críticas à produção. Por isso, raramente entrega ao telespectador uma "lição de moral" óbvia.
No entanto, nessa última temporada, um momento se destaca. É quando Abe, em um monólogo, descobre que seu machismo fez com que ele subestimasse as mulheres e, consequentemente, sua própria filha.
"Ele está em um constante estado de aprender que tudo que ele sabe não é certo e que ele precisa fazer todos esses ajustes e correções. [...] Eu amo que ele constantemente tem esses 'mini' despertares", diz Shalhoub.
Viagem no tempo
Se a série fez uma viagem aos anos 50 nas primeiras quatro temporadas, agora coloca os telespectadores em uma verdadeira máquina do tempo. Na quinta temporada, são frequentes os saltos no tempo e os vislumbres do futuro dos personagens — e as consequências de seus atos.
Contar o final da história assim agradou os atores. Hinkle diz que uma dessas cenas é "muito significativa" para ela. Já Aaron se diverte ao dizer que se ofendeu ao descobrir que não precisaria usar próteses para envelhecer, já que é "muito velha para ficar mais velha".
"É algo único e maravilhoso, como Amy e Dan [diretor e roteirista, marido de Amy] articularam e executaram essas idas e vindas de presente e futuro", diz Pollak.
Os atores concordam ao dizer que a série "ficará para a história" e acreditam que a produção será ainda mais valorizada com o tempo, tanto pela história quando pelas qualidades técnicas: "Eu acredito que será redescoberta, de novo e de novo, por diferentes gerações daqui pra frente", conclui Aaron.
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