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Harry Belafonte, músico e ativista dos direitos civis, morre aos 96 anos

Harry Belafonte morre aos 96 anos - James Andanson / Getty Images
Harry Belafonte morre aos 96 anos Imagem: James Andanson / Getty Images

De Splash, em São Paulo

25/04/2023 11h00

O músico americano Harry Belafonte morreu hoje aos 96 anos.

Ele morreu de insuficiência cardíaca congestiva em sua casa, em Nova York. A informação foi confirmada pelo jornal New York Times.

Belafonte fez sucesso nos anos 50 com músicas como "Day-O (The Banana Boat Song)", "Jump In The Line (Shake, Senora)" e "Jamaica Farewell", e se tornou um dos maiores artistas negros daquela década nos EUA.

Logo no início da carreira, se aproximou de Martin Luther King Jr. e se tornou um dos principais apoiadores e amigos do ativista político.

Sucesso nas paradas e em Hollywood

Harry Belafonte começou a carreira artística cantando em clubes noturnos para pagar suas aulas de teatro, se apresentando com músicos como Charlie Parker e Miles Davis.

Seu terceiro álbum, "Calypso", passou 31 semanas no topo das paradas e, segundo o músico, foi o primeiro LP a vender mais de um milhão de cópias nos EUA e no Reino Unido.

O sucesso na música fez com que Belafonte se tornasse, em 1959, o artista negro mais bem pago da história.

Ele também estrelou filmes como o musical "Carmen Jones" e o drama "A Ilha dos Trópicos". Suas canções também marcaram a trilha sonora de "Os Fantasmas Se Divertem", de 1988.

Belafonte atuou até 2018, participando do filme "Infiltrado na Klan", do diretor Spike Lee.

Ativista político

Um dos maiores artistas de sua época, Belafonte enfrentou o racismo e se tornou um ativista político dos direitos civis.

O filme "A Ilha dos Trópicos" foi alvo de protestos por exibir relações inter-raciais. Belafonte também foi expulso de restaurantes e criticado por se apresentar com cantoras brancas, como Julie Andrews e Petula Clark.

No final dos anos 50, inspirado pelo músico e mentor Paul Robeson, o artista passou a focar na política, apesar de seguir se apresentando e atuando. Belafonte participou de protestos, pagou fianças de Martin Luther King Jr. e outros ativistas dos direitos civis, além de apoiar financeiramente o pastor e sua família.

Mais tarde, processou três filhos de King em uma disputa por documentos históricos. A ação judicial resultou em um acordo.

Em 2005, fundou a organização Gathering For Justice após ver a notícia de que uma menina negra de cinco anos foi algemada nos EUA por ser "indisciplinada" em sala de aula. A instituição ainda está ativa e tem a "missão de construir um movimento para acabar com a prisão de crianças enquanto trabalha para eliminar a desigualdade racial que permeia o sistema judiciário" dos EUA.

Harry Belafonte deixa a mulher, Pamela Frank, quatro filhos, netos e bisnetos.