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Como 'Guardiões da Galáxia Vol. 3' cria clima perfeito para adeus emotivo

De Splash, em São Paulo

04/05/2023 12h00

É o fim. Ao menos para alguns membros da equipe que conhecemos dos Guardiões da Galáxia no MCU (Universo Cinematográfico Marvel). Com o terceiro filme da franquia capitaneada por James Gunn, o cineasta encerra o seu ciclo no estúdio, ao menos por enquanto, e conclui com louvores o que é provavelmente a obra mais autoral do MCU.

Na trama, os heróis espaciais se reúnem em busca de um artifício para salvar a vida de um dos protagonistas. Esta espécie de caça ao tesouro é o que coloca os personagens em uma jornada que expõe cada um deles às próprias fortalezas e fraquezas. Mesmo com excesso de nomes e rostos na tela, cada um dos protagonistas tem seu momento sob os holofotes, para que a conclusão da saga seja um momento emocionante e lógico no particular para cada um.

"Acho que a Mantis tem um arco muito bonito entre o primeiro 'Guardiões da Galáxia', o Volume 2, os Vingadores, o especial de Natal e o Volume 3", analisa a atriz Pom Klementieff, em entrevista a Splash.

"Neste filme, Mantis passou mais tempo com os Guardiões e ela está mais confiante, menos penitente. Ela fica brava às vezes, ela é mais forte de certas formas, diz o que pensa e, ao mesmo tempo, tem essa qualidade tão bonita de ser empática, o que faz ela sempre querer garantir que os amigos dela estão bem, que a família dela está bem, porque os Guardiões da Galáxia são a família dela."

No segundo filme, Mantis descobre que Peter Quill é, de fato, seu irmão de sangue. Nessa conclusão da trilogia, portanto, as missões de James Gunn são muitas no sentido de resolver pendências emocionais deixadas em aberto nos capítulos anteriores. Tudo isso enquanto, paralelamente, também estende o tapete para o que pode vir no futuro, com ou sem ele.

A vantagem do cineasta é ter se alocado em uma esquina do MCU que concede a ele muitas liberdades. Embora os Guardiões, sim, se conectem aos demais heróis, aqui estamos falando de uma aventura autossuficiente, com referências aos dois primeiros volumes, e só.

GotGVol3 - Jessica Miglio/Marvel Studios - Jessica Miglio/Marvel Studios
Mantis (Pom Klementieff) e Drax (Dave Bautista) formam dupla em 'Guardiões da Galáxia Vol. 3'
Imagem: Jessica Miglio/Marvel Studios

Não há, portanto, conexões malabarísticas com aberturas do multiverso, novos vilões ou personagens de outros núcleos. Diante de tudo o que a Marvel apresentou em sua cansativa e trôpega fase quatro, isso é um respiro. É possível assistir ao filme e não ficar com a sensação que ele é apenas uma ponte para algo que veremos no futuro.

"Foi emocionante concluir as filmagens, foi muito triste", confessa a atriz, que já confirmou estar conversando com James Gunn sobre um papel em suas novas empreitadas na DC.

"Na conclusão das filmagens, nós tínhamos uma cena em que estavam todos os Guardiões, e foi muito emocionante. Àquela altura, nós nem estávamos atuando, porque foi tão bonito deixar todos aqueles sentimentos transparecerem. Nós amamos uns aos outros, somos amigos na vida real, e foi um final bonito para a trilogia."

Uma das características mais marcantes do time heterogêneo dos Guardiões da Galáxia é o fato de eles terem características diametralmente opostas. O que poderia ser a receita para uma dinâmica de brigas e desafetos constantes é, na verdade, um caminho para que a história mergulhe na importância das diferenças.

Em certos momentos do filme, Mantis e Nebulosa (Karen Gillan) se desentendem enquanto executam parte de um plano, com a irmã de Gamora (Zoe Saldaña) chegando a menosprezar as habilidades de Mantis. Para Klementieff, que será vista em breve também em "Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte 1", essa visão de sensibilidade como fraqueza é algo que reforça um senso comum, e também é combatida no filme.

"As pessoas vão achar isso, mas elas precisam ir mais fundo, porque a fortaleza da Mantis é uma questão com muitas camadas. É claro que em algumas situações é necessário usar a força física no filme, mas a empatia é uma qualidade muito forte", derrete-se.

"A Mantis é uma personagem bonita porque ela não sabe o quão poderosa ela é. Com os seus poderes, ela é capaz de mudar os sentimentos das pessoas, fazer elas sentirem qualquer outra coisa, e ela não precisa usar violência para isso."