Estupro, mortes e medo: Linha Direta de Bial é programa adulto, diz diretor
O Linha Direta (Globo) está de volta após 15 anos. O programa, que é considerado um precursor do "true crime" — gênero que aborda crimes reais — na TV brasileira, vai mergulhar em casos de repercussão nacional que aconteceram ao longo dos últimos 16 anos.
Serão dois crimes por programa: um com desfecho conhecido e outro com a investigação ainda em aberto — o Linha Direta, inclusive, vai pedir ajuda do público para encontrar foragidos.
A atração, que contará com dez episódios ao longo da temporada de 2023, resgatou histórias de estupro, assassinatos, violência contra crianças, feminicídio, racismo, LGBTfobia e crimes digitais que impactaram todo o país.
"É um programa adulto. Existe uma grande curiosidade de quem consumiu o Linha Direta há 15 anos, uma geração que viveu aqui, que tem medo da música, que não dormia depois. A gente pega esse público que está mais velho hoje em dia e a curiosidade dessa turma que, agora, já foi criada na geração streaming, geração true crime", explica Gian Carlo Bellotti, diretor-geral do programa, em entrevista a Splash.
A edição de estreia vai abordar o caso Eloá. A jovem morreu no hospital no dia 18 de outubro de 2008, após ser baleada na cabeça e na virilha pelo ex-namorado Lindemberg Alves. Ele a manteve como refém, dentro do apartamento dela, por cinco dias. Lindemberg, que não teve ferimentos, foi preso e condenado a mais de 98 anos de prisão. Em junho de 2013, o Tribunal de Justiça de São Paulo reduziu a pena para 39 anos.
"É a possibilidade de você mergulhar no caso mais do que uma notícia. Vão aparecendo coisas que você não acredita. Parece ficção. A curiosidade prende o espectador que vai acompanhar o Linha. Você vai mergulhando na história, vai entendendo a camada por trás daquele crime que você assistiu no telejornal ou leu em um site."
Desafio do programa é falar com público diverso da TV aberta: "Quando você pega o streaming é um público um pouco mais segmentado, no sentido que ele deu um play, ele quer ver aquele conteúdo, ele já está preparado para aquilo. Na TV aberta, o público é muito grande. Você lida com a forma de furar a bolha, no sentido de que você produz para muita gente".
O novo Linha Direta busca atualizar a linguagem e explorar os avanços tecnológicos: "Estamos experimentando muita coisa, desde o cenário, a escolha do Pedro [Bial], a forma de contar essas histórias. É um exercício delicioso de fazer na parte da direção, mas é um exercício que a gente tem que monitorar como vai ser recebido pelas pessoas por causa desse público abrangente".
Imagens de câmeras de segurança e captadas por celulares ajudaram no processo de reconstrução dos casos: "O aparecimento da tecnologia, até mesmo de pesquisa, que mudaram até o nosso processo investigativo, fez a gente ter uma abertura muito grande para criar uma linguagem'.
Atração desistiu de casos por falta de embasamento para contar as histórias: "Quando a gente começa a perder possíveis pessoas para contar aquilo, por medo, receio ou qualquer outro motivo, a gente não tem a sustentação para contar essa história. Aí a gente acaba desistindo dela".
O programa
O Linha Direta estreia hoje, depois do Cine Holliúdy, na Globo;
Bial vai narrar e conduzir entrevistas com personagens de diferentes graus de envolvimento com os crimes abordados pelo programa;
As reconstituições vão continuar, mas, segundo o diretor-geral da atração, elas não terão diálogos. A ideia é que elas sejam um apoio visual para a apresentação dos crimes;
O programa vai divulgar números oficiais de denúncia ao fim de cada exibição. No passado, os telespectadores faziam denúncias por meio de uma central telefônica, disponível 24 horas por dia, e pelo site da atração.
O novo Linha Direta também vai ganhar um podcast, com conteúdo extra, depoimentos e impressões do apresentador. O programa será semanal, no dia seguinte à exibição na TV, e será disponibilizado no Globoplay e nas principais plataformas de áudio.
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