De 'segundo pai' a vilão: como Meghan deixou de ser queridinha de Charles

O rei Charles 3º e a rainha Camilla serão coroados no próximo sábado (6). O casal, no entanto, não poderá contar com a presença de três familiares: a nora Meghan Markle e os netos Archie e Lilibet.

A duquesa de Sussex já confirmou que ficará nos EUA com os filhos. O príncipe Harry irá sozinho à coroação do pai e da madrasta.

Meghan já teve uma boa relação com o sogro: Harry descreve em seu livro que o pai ficou impressionado ao conhecê-la, e, mais tarde, no casamento, foi Charles quem fez o papel de "pai" e levou a então nova integrante da realeza ao altar.

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Hoje, após Meghan e Harry deixarem seus cargos seniores na realeza, mudarem para os EUA e apontarem publicamente questões de racismo e preconceito na família real, o vínculo entre os dois está abalado.

Família impressionada e gesto carinhoso

Segundo Harry, seu pai ficou impressionado ao conhecer Meghan em 2016. "Conversamos sobre atuação e artes em geral. Que dificuldade devia ser para conseguir se firmar nessa profissão, disse papai. Tinha um monte de perguntas a fazer sobre a carreira de Meg e pareceu impressionado com o modo como ela as respondeu. Sua confiança, sua inteligência, pensei, pegaram-no de surpresa", conta o príncipe, na autobiografia "O Que Sobra".

No casamento, em maio de 2018, o então príncipe Charles levou Meghan até o altar. Isso porque em meio a questões de saúde e escândalos com a imprensa, o pai de Meghan, Thomas Markle, desistiu de ir à cerimônia.

"O pai de Harry é muito encantador. Eu disse a ele: 'Eu perdi meu pai nessa história'. Então, tê-lo como sogro era muito importante para mim. Eu pedi para ele me levar até o altar, e ele disse 'sim'. Toda a situação foi muito surreal", contou Meghan, no documentário "Harry e Meghan".

Eu pedi para ele [levar Meghan até o altar]. Acho que ele já esperava isso e imediatamente disse: 'Sim, claro. Farei tudo que Meghan precisar e estou aqui para apoiar vocês'. Para ele, foi uma oportunidade fantástica de tomar uma atitude e ser aquele amparo. Ele é nosso pai, então claro que ele estará lá para nós. Fiquei muito grato por ele ter feito isso. Príncipe Harry em entrevista ao documentário "Prince, Son and Heir: Charles at 70"

Em 2018, a imprensa britânica divulgou o suposto apelido carinhoso que Charles deu à nora: "Tungstênio". Isso porque Charles considerava Meghan "dura e inabalável", como o metal.

Saída da realeza

Antes de deixar o cargo na realeza em 2021, Harry se frustrou com a postura do pai frente aos ataques da imprensa a Meghan. Ele disse que procurou Charles diversas vezes para pedir ajuda, mas que o pai apenas o aconselhou a "não ler" o que era publicado sobre a atriz na imprensa. Meghan também procurou Camilla, que disse que já havia vivido aquilo e que, no passado, ela era a "vilã", contou Harry no livro.

Segundo o príncipe, houve uma briga na reunião que decidiu a saída do casal da realeza. "Foi aterrorizante ver meu irmão gritando comigo, meu pai dizendo coisas que não eram verdadeiras e minha avó sentada lá, quieta, observando tudo."

Em 2021, Charles negou ter questionado "quão escura" seria a pele do primogênito do casal. Após ser apontado por um autor como o responsável pelo comentário racista, Charles disse por meio de comunicado que isso era "ficção". Harry e Meghan falaram da situação em entrevista à apresentadora, sem indicar qual familiar levantou o questionamento, mas adiantando que não foi Elizabeth nem o príncipe Philip.

Meghan "banida" de Balmoral e menção em discurso

Harry diz ainda que Charles proibiu Meghan de ir a Balmoral quando a rainha morreu. "Ele disse que eu era bem-vindo em Balmoral, mas não queria a presença dela. Começou a apresentar suas razões, que eram disparatadas e desrespeitosas, e eu não aceitei. 'Nunca fale de minha esposa dessa maneira.' Ele gaguejou, em tom de desculpas, alegando que simplesmente não queria muita gente por perto", escreveu Harry.

Meghan e Harry participaram do funeral da rainha Elizabeth, mas não foram fotografados em interações com Charles e Camilla.

Em seu primeiro discurso como rei, Charles mencionou o casal: "Quero expressar meu amor por Harry e Meghan, que continuam construindo suas vidas do outro lado do oceano", disse o monarca. No mês seguinte, ele exibiu um porta-retrato com uma foto do casamento real em seu escritório.

Ausência da coroação e vazamento de carta

No mês passado, o Palácio de Buckingham confirmou que Meghan não vai à coroação. "O Palácio de Buckingham tem o prazer de confirmar que o duque de Sussex comparecerá à missa de coroação na Abadia de Westminster no dia 6 de maio. A duquesa de Sussex ficará na Califórnia com o príncipe Archie e a princesa Lilibet", diz a nota publicada pelo palácio.

Apesar da ausência, Meghan foi lembrada no livreto oficial que traz a programação da cerimônia. Um retrato da família tirado em 2018, na ocasião do aniversário de 70 anos de Charles, foi incluído na publicação.

Semanas antes da coroação, uma carta enviada por Meghan a Charles vazou na imprensa. Na correspondência, obtida pelo jornal britânico The Telegraph e datada de 2021, Meghan abordou o racismo na família real e teria ficado insatisfeita com a resposta do sogro. Alguns veículos apontaram esse como o motivo de Meghan não comparecer à coroação, o que a duquesa negou por meio de nota.

"A duquesa de Sussex está seguindo em frente com sua vida no presente, sem pensar em correspondências de dois anos atrás relacionadas a conversas de quatro anos atrás. Qualquer sugestão do contrário é falsa e francamente ridícula. Encorajamos os tabloides e outros correspondentes da realeza a parar de esgotar o circo que estão criando sozinhos", diz a nota.

Ainda segundo o jornal, Charles procurou Harry e os dois tiveram uma "conversa sincera" pouco antes de o príncipe confirmar presença na coroação. Meghan não teria recebido a mesma abertura, e a relação da duquesa com William e Kate estaria, atualmente, "no fundo do poço".