Sônia Abrão e erros da polícia: o assassinato de Eloá pelo ex-namorado
O Linha Direta voltou e estreia a nova temporada hoje, às 23h, na Globo. Apresentado por Pedro Bial, o programa abordará em seu primeiro episódio o "Caso Eloá", que terminou no assassinato da jovem Eloá Cristina Pimentel, mantida em cárcere em seu próprio apartamento pelo namorado, Lindemberg Fernandes Alves, em Santo André (SP), em 2008.
A produção contará com entrevistas e dramatizações para explicar ao público detalhes do que aconteceu.
Segundo informações do Extra, Eloá será interpretada por Julia Daltro, Lindemberg por André Mello, e Nayara, a amiga da jovem que também foi sequestrada, será vivida por Giovanna Linhares.
O que aconteceu
Em 13 de outubro de 2008, por volta das 13h, Lindemberg Alves Fernandes, com 22 anos à época, invadiu o apartamento da ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, onde a jovem estudava na companhia de três amigos - Nayara Rodrigues da Silva, Iago Vilera e Victor Campos.
Inconformado com o fim do relacionamento, ele sequestrou Eloá e Nayara, deixando os dois rapazes saírem do local.
O caso durou cerca de cem horas, com o país acompanhando o drama das duas jovens.
O sequestrador libertou Nayara às 22h50 do dia 14 de outubro. No entanto, em uma atitude inesperada, a polícia pediu à jovem que voltasse ao cativeiro para ajudar nas negociações.
Sônia Abrão entrevistou Lindemberg ao vivo no dia 15 de outubro, durante o A Tarde é Sua.
Nossa equipe estava atrás do telefone da casa da Eloá. Ligamos e ele atendeu. Aceitou falar, e o repórter Luiz Guerra gravou a matéria. O Lindemberg assistiu ao programa e, quando nossa repórter ligou novamente, disse que queria falar ao vivo porque estava preocupado, não queria que o Brasil pensasse que ele era bandido.
Sônia Abrão, em entrevista ao UOL, em 2014
"Estava apresentando o programa quando o diretor me avisou que o Lindemberg estava na linha. Com minha experiência jornalística, conversei com ele. E falei com a Eloá também. No meio da conversa, ele cortou e desligou. Todo mundo me assistiu, a polícia, a imprensa, o público", contou.
Mesmo com as críticas, a apresentadora não se arrepende da entrevista. "De jeito nenhum [me arrependi], fiz uma cobertura perfeita, isso que as pessoas não aceitam", disse ao Morning Show.
Gian Carlo Bellotti, diretor-geral do Linha Direta, contou a Splash que a atuação da imprensa será abordada no programa, mas não disse se o programa abordará o envolvimento de Sônia Abrão.
O que eu posso te falar para não dar muitos spoilers é que a gente trata sobre o papel da imprensa nesse caso de uma forma bastante madura. E daí eu acho que entra um novo elemento do Linha, que é o Pedro Bial.
Gian Carlo Bellotti, diretor-geral do Linha Direta
O desfecho
Policiais do Gate e da Tropa de Choque da Polícia Militar de São Paulo explodiram a porta após quase 100 horas de sequestro e entraram em luta corporal com Lindemberg, que teve tempo de atirar em direção às reféns.
Nayara deixou o apartamento andando, ferida com um tiro no rosto.
Eloá teve a morte cerebral confirmada às 23h30 do dia 18 de outubro. Ela foi carregada nos braços de um policial e levada inconsciente para o Centro Hospitalar de Santo André. A jovem foi baleada na cabeça e na virilha.
A ação da Polícia de São Paulo foi bastante questionada: enquanto o comandante da operação afirmava que invadira o local apenas após ouvir o primeiro disparo do sequestrador, imagens mostravam que Lindemberg só havia atirado depois da entrada dos policiais.
O que aconteceu com Lindemberg
Ele foi condenado a uma pena de 98 anos e 10 meses de prisão. O caso é considerado o mais longo sequestro em cárcere privado de São Paulo. No entanto, em julho de 2013, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo reduziu a pena para 39 anos e 3 meses em regime fechado.
O julgamento de Lindemberg aconteceu em fevereiro de 2012, três anos e quatro meses depois da morte de Eloá.
A defesa tentou argumentar que o crime apenas durou tantas horas em decorrência da extensa cobertura da mídia. Sônia Abrão chegou a ser convocada a depor, mas como não recebeu uma intimação, não foi.
Após quatro dias de duração, ele foi acusado e condenado por cometer 12 crimes, entre eles:
Homicídio qualificado de Eloá
Tentativa de homicídio de Nayara Rodrigues da Silva e do sargento da Polícia Militar Atos Valeriano
Sequestro e cárcere privado de Eloá, Nayara e dos outros dois jovens que ficaram reféns, Victor Lopes de Campos e Iago Vilela de Oliveira
Disparo de arma de fogo.
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