Susana Vieira sobre carreira e vida: 'Cheguei à conclusão de que venci'
Atriz Susana Vieira, 80, em entrevista ao Extra:
Papel de Cândida em Terra e Paixão (Globo): "Eu me atrasei um pouco para gravar Terra e Paixão porque tive que fazer uma cirurgia no pé. Fiquei dois meses com bota ortopédica e, quando tirei, achando que o osso estava 'colado', não estava. O médico disse que eu tinha que operar e colocar um pino. Aí eu fiquei mais ou menos 20 dias de repouso, o que atrasou o meu convívio com as pessoas da novela. Os estudos, eu fazia tudo on-line."
Caracterização da personagem: "Quando cheguei para gravar no primeiro dia, tinha dez cenas pela frente com um sotaque complexo, mas o meu figurino estava perfeito. Isso já me adiantou uns 50% da personagem. A caracterização me botou um batom vermelho, coisa que nunca usei na vida, porque acho que fico feia. Também não queria pintar o cabelo de branco, porque sempre fui loira ou morena. Conseguiram uns tufinhos de uma senhora lá do interior e trouxeram para mim. E assim fiquei pronta fisicamente. A personalidade eu não costumo me inspirar em filmes nem em ninguém. Chego ao estúdio e sinto a energia em volta. À medida que vou gravando, vou melhorando. A esta altura, já estou fazendo Cândida com mais naturalidade, soltura."
Homenagem aos artistas: "A direção de arte fez essa graça afetiva, colocando eu e os meus colegas de vida real como ídolos de Cândida. Eu chamei todo mundo para ver a foto [de Pigmalião 70], porque ninguém acredita que eu tenho 50 anos de Globo. Nem 80 de vida... Não havia uma pessoa daquele estúdio que tivesse nascido antes de 1970, quase ninguém tinha ouvido falar em Sérgio Cardoso."
História da TV brasileira e fãs: "Ninguém faz questão de contar a história da TV brasileira, que se renova a cada cinco minutos com nomes que viralizam e ganham milhões de seguidores... Essas pessoas te seguem para ir para onde? Isso não me interessa. Eu uso o meu Instagram para divulgar a minha peça, a novela que eu faço e para compartilhar a vida com meus fãs fiéis, de todas as idades e tipos. Eles ficam gratos quando eu publico fotos e respondo a eles."
Influência na carreira: "Talvez eu tenha me influenciado por Bette Davis para seguir nessa carreira. Quando eu era menina, ficava no banheiro fazendo cenas sozinha e falando em inglês, imitando ela. Bette sempre foi o meu parâmetro de atriz porque fazia bem tanto a vilã quanto a mocinha. E era uma estrela que não era considerada bonita, mas a maior de todas. Isso me deu a segurança de que não era necessário ser bela para me tornar uma estrela da televisão brasileira, e sim ter talento e comover pessoas."
Biografia e segredos: "É falta de caráter você passar um segredo adiante. Eu jamais faria isso. Só não sou de guardar segredos meus. Falo muito, conto tudo. Vou lançar a minha biografia em agosto. Possivelmente, deve haver algum detalhe que eu não tenha dito para o Mauro [Alencar], mas acho que realmente falei até demais. Todo mundo quer saber da vida dos famosos. Queiramos ou não, temos nossas vidas expostas. Nossas dores de amor vão todas parar nos programas de fofoca e na internet. Já estou até vacinada."
Vida como celebridade: "Tive vários desagravos, mas cheguei à conclusão de que venci. Estou com 80 anos e ninguém me abalou. Estou bonita, fazendo fotos na minha casa de seis andares, minha família mora nos Estados Unidos, meu cabelo custou R$ 8 mil, tenho quatro cachorros que me amam... Você acha que estou preocupada? Se tem tanta gente para falarem e falam logo de mim, é porque a vovó aqui está on, minha filha. Eu deito e durmo. A sorte é que eu não faço nada de errado nesta vida."
Possibilidade de aposentadoria: "Não sei se Terra e Paixão seria a minha última novela, mas eu não pretendo ficar mais muito tempo fazendo, não. Estou com saudade do meu filho, da minha nora e dos meus netos. Penso em morar fora, ter casa lá, como os colegas têm."
Saúde e amor pela vida: "Eu tenho uma doença crônica e grave, a leucemia, que é controlada. Faço químio e imunoterapia quando precisa. Cuido do meu corpo, da minha saúde. Antes de qualquer paixão, tenho amor pela minha vida. Meu nível de carência é zero. Sou uma pessoa muito cerebral. Aparento ser uma mulher de muita paixão e descontrole, mas não. Não dou um passo errado. E tenho um sexto sentido. Não tenho nenhuma história para contar com o enredo: 'Larguei tudo e fui atrás de fulano'. Nenhum amor me deixou descontrolada. Nunca chorei por homem, eu tinha mais o que fazer."
Meta de longevidade: "Minha mãe faleceu com 42 anos, com câncer no cérebro. Não viu quase nada do meu sucesso. Meu pai se foi com 93 anos. Na fé do Senhor, acho que ultrapasso os 90. Minha meta é essa. Eu não penso em morrer, não. Quer dizer, eu penso e morro de medo."
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