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Regina Casé diz que não sonhava em ser mãe: 'Achava que não ia ter filho'

Regina Casé e irmã - Reprodução/TV Globo
Regina Casé e irmã Imagem: Reprodução/TV Globo

Colaboração para Splash, de São Paulo

08/05/2023 11h04Atualizada em 08/05/2023 11h04

Regina Casé, 69, em entrevista à Marie Claire:

Não tinha o sonho de ser mãe: "Não era um 'nasci para ser mãe' ou 'sempre sonhei em ser mãe'; na verdade, por anos e anos, achava que simplesmente não ia ter filho."

Relação com a filha Benedita: "Gosto de dizer que eu e Benedita desenvolvemos uma bonita relação de mãe e filha, que por muito tempo acreditei piamente que não poderia ter. Falo isso porque a referência foi a minha própria criação."

Relacionamento com a mãe: "Minha mãe nunca foi maternal no sentido convencional. O legado dela para mim foi muito mais a liberdade, uma educação antirracista e zero elitista, a justiça social — valores que só reconheci o bem que me fizeram depois de adulta. Até a juventude, eu pensava que tinha uma mãe ausente. Acho que ela nunca nem foi ao dentista comigo. E esse estilo não convencional me fez achar que eu seria péssima mãe, porque não tive com a minha um vínculo afetivo e de intimidade."

Influência da tia e da avó: "Quem me mimou e me amou exageradamente foi a tia Julinha, irmã mais velha da minha avó e aquela tia solteirona clássica. Minha avó Grazi também. Era professora; convivi muito com ela e aprendi a olhar para o outro — qualquer outro — como igual. As duas me influenciaram em tudo. Meu jeito de entregar afeto é um pouco o delas."

Aborto e sentimento de culpa: "A partir daí, começou um período massacrante e de muita culpa. Eu engravidava, ficava feliz e perdia. Engravidava, ficava eufórica e perdia. Depois da terceira perda, tentamos a inseminação artificial. Não vingou também. Um dos abortos aconteceu no banheiro de casa, já era uma gravidez avançada. Tive hemorragia, precisei ir para o hospital fazer curetagem."

Processo de adoção: "Foi uma lenha, quase oito anos na fila. Estávamos procurando nosso filho. Podia ser menino ou menina, branco ou preto, bebê ou mais velho, de qualquer região. A única coisa que pedimos é que não tivesse, a priori, uma doença grave. Porque a experiência com a UTI e a surdez da Benedita, e depois com o acidente do Estevão, tinham sido demais para mim."

Encontro do filho: "Estávamos quase desistindo, então entramos no Cadastro Nacional de Adoção e encontramos o Roque na Bahia. Todo o processo começou em Salvador, cidade que tinha me recebido como cidadã. Quando o vi pela primeira vez, foi instantâneo: tinha encontrado o meu filho. Era ele."