Regina Casé diz que não sonhava em ser mãe: 'Achava que não ia ter filho'
Regina Casé, 69, em entrevista à Marie Claire:
Não tinha o sonho de ser mãe: "Não era um 'nasci para ser mãe' ou 'sempre sonhei em ser mãe'; na verdade, por anos e anos, achava que simplesmente não ia ter filho."
Relação com a filha Benedita: "Gosto de dizer que eu e Benedita desenvolvemos uma bonita relação de mãe e filha, que por muito tempo acreditei piamente que não poderia ter. Falo isso porque a referência foi a minha própria criação."
Relacionamento com a mãe: "Minha mãe nunca foi maternal no sentido convencional. O legado dela para mim foi muito mais a liberdade, uma educação antirracista e zero elitista, a justiça social — valores que só reconheci o bem que me fizeram depois de adulta. Até a juventude, eu pensava que tinha uma mãe ausente. Acho que ela nunca nem foi ao dentista comigo. E esse estilo não convencional me fez achar que eu seria péssima mãe, porque não tive com a minha um vínculo afetivo e de intimidade."
Influência da tia e da avó: "Quem me mimou e me amou exageradamente foi a tia Julinha, irmã mais velha da minha avó e aquela tia solteirona clássica. Minha avó Grazi também. Era professora; convivi muito com ela e aprendi a olhar para o outro — qualquer outro — como igual. As duas me influenciaram em tudo. Meu jeito de entregar afeto é um pouco o delas."
Aborto e sentimento de culpa: "A partir daí, começou um período massacrante e de muita culpa. Eu engravidava, ficava feliz e perdia. Engravidava, ficava eufórica e perdia. Depois da terceira perda, tentamos a inseminação artificial. Não vingou também. Um dos abortos aconteceu no banheiro de casa, já era uma gravidez avançada. Tive hemorragia, precisei ir para o hospital fazer curetagem."
Processo de adoção: "Foi uma lenha, quase oito anos na fila. Estávamos procurando nosso filho. Podia ser menino ou menina, branco ou preto, bebê ou mais velho, de qualquer região. A única coisa que pedimos é que não tivesse, a priori, uma doença grave. Porque a experiência com a UTI e a surdez da Benedita, e depois com o acidente do Estevão, tinham sido demais para mim."
Encontro do filho: "Estávamos quase desistindo, então entramos no Cadastro Nacional de Adoção e encontramos o Roque na Bahia. Todo o processo começou em Salvador, cidade que tinha me recebido como cidadã. Quando o vi pela primeira vez, foi instantâneo: tinha encontrado o meu filho. Era ele."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.