Revelou Xuxa e ganhou da Globo: Rede Manchete foi do auge à queda
Chegava ao fim, há 24 anos, a era da Rede Manchete. Em 10 de maio de 1999, a Manchete encerrou suas atividades e saiu do ar após 16 anos, marcando a história da televisão brasileira.
Os marcos da Manchete
A Manchete revelou Xuxa Meneghel e Angélica como apresentadoras. Ambas comandaram o Clube da Criança, programa que intercalava desenhos animados e a apresentação, em um cenário infantil e colorido, com crianças, brincadeiras e músicas.
Xuxa foi a primeira a estrelar o programa, entre 1983 e 1986. Na época em que aceitou o convite, ela tinha 20 anos, seguia carreira de modelo e namorava Pelé. O sucesso foi tamanho que a apresentadora acabou migrando para a TV Globo para comandar o famoso "Xou da Xuxa", que replicava o modelo anterior e fez a carreira da apresentadora decolar.
Angélica foi a substituta de Xuxa no Clube da Criança, entre 1987 e 1993, ano em que foi para o SBT. Ela ainda apresentou outras atrações do canal, como o programa Nave da Fantasia e o musical Milk Shake. Na programação, alguns dos memoráveis desenhos e séries exibidos pelo canal foram "Os Cavaleiros do Zodíaco", "Yu Yu Hakusho", "Sailor Moon", "Jaspion", "Jiraya" e "Super Campeões".
A Manchete não vivia apenas de desenhos. O canal também atraiu a audiência adulta ao exibir novelas que se tornaram sucessos da teledramaturgia brasileira.
A obra mais aclamada pelo público foi "Pantanal", de Benedito Ruy Barbosa, transmitida em 1990, e reinventada pela Globo em nova versão de sucesso em 2022. A novela original foi reprisada pela Manchete em 1999, pouco antes do fim da emissora. Adquirida pelo SBT, a novela foi novamente ao ar entre 2008 e 2009 no canal de Silvio Santos, atraindo novos recordes de audiência.
A Manchete chegou a ultrapassar a Globo em audiência em alguns capítulos de Pantanal, conquistando o feito inédito do canal de alcançar a liderança no Ibope.
Outras novelas da emissora que ficaram para a história foram "Xica da Silva", "Dona Beija", "Kananga do Japão" e "A História de Ana Raio e Zé Trovão".
Início
A emissora era comandada pelo ucraniano Adolpho Bloch (1908-1995), que chegou ao Rio com sua família aos 14 anos, em 1922. Foi no Brasil que ele construiu sua vida de gráfico e empresário, a partir do legado de seus parentes.
O primeiro empreendimento da família com impressos no país, ainda na década de 1920, foi adquirir uma tipografia para imprimir folhas do jogo do bicho, que não era ilegal à época.
Bloch e seus irmãos fundaram em 1952 uma editora para investir em impressos, entre eles as revistas "Pais e Filhos", "Sétimo Céu", "Ele e Ela" e "Manchete", que foi fundamental para catapultar os negócios e acabou dando origem ao nome da emissora anos mais tarde.
Crise
A derrocada da Rede Manchete foi tão impactante como sua ascensão. Nos anos 1990, a emissora passou a acumular dívidas e processos administrativos.
Funcionários tiraram a programação do ar durante a crise da emissora, em 1993, e exibiram cartazes com os dizeres "Estamos passando fome" e "Estamos sem salários há três meses".
Adolpho Bloch chegou a deixar a presidência da empresa em 1992, mas reassumiu no ano seguinte. Após sua morte em 1995, seu sobrinho Pedro Jack Kapeller passou a comandar a emissora.
O fôlego da empresa foi se deteriorando ainda mais em um cenário de instabilidade econômica nacional e de juros altos.
A emissora teve de interromper a novela "Brida", baseada no livro homônimo de Paulo Coelho, em outubro de 1998, por falta de recursos. O desfecho da trama com o destino dos personagens foi narrado por um apresentador para o público.
A empresa devia mais de seis meses de salário a mais de 1.500 funcionários, em maio de 1999, último mês do canal no ar.
O arquivo da emissora com mais de 25 mil fitas foi arrematado apenas em outubro de 2021 por R$ 500,5 mil, em leilão online, em uma quantia bem abaixo do significado histórico do canal.
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