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Acidente de Marília não ocorreu por falha humana ou mecânica, diz advogado

De Splash, em São Paulo

15/05/2023 17h58Atualizada em 15/05/2023 21h42

Robson Cunha, advogado da família de Marília Mendonça, afirmou que o relatório divulgado hoje pela FAB (Força Aérea Brasileira) indica que não houve falha humana ou mecânica no acidente aéreo que vitimou a cantora.

O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticas) citou uma "'avaliação inadequada" do piloto no acidente, discordando da declaração do advogado. O órgão do comando da aeronáutica é o responsável pelas atividades de investigação de acidentes aeronáuticos da aviação civil e da FAB.

Segundo ele, o "fator preponderante" para o acidente foi a colisão com cabos de energia. A aeronave colidiu com uma linha de distribuição de energia da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) antes de cair em um curso d'água.

"O que ficou claro é que a aeronave não teve nenhuma falha mecânica. As opções e as decisões tomadas pelo piloto na ocasião não foram tidas como irregulares. Ainda que ele tenha mudado o plano de voo, estava dentro daquilo que é de possibilidade do piloto, então a gente vai agora para a questão do obstáculo", disse Cunha, à imprensa ao deixar o órgão em Brasília.

O obstáculo hoje se mostra como preponderante para o acidente. A gente tem que entender se o obstáculo deveria, ou não, ser identificado. Robson Cunha, advogado de Marília Mendonça

Uma das orientações do relatório é a identificação dos cabos da Cemig, continuou o advogado. "A partir desse evento que aconteceu com a Marília e os demais, eles [FAB] entendem [que há necessidade de] uma orientação para que a Cemig faça a identificação daqueles cabos", afirmou.

Objetivos claros

Mãe de Marília Mendonça não quer apontar culpados, afirma Robson. "A gente não está aqui na caça às bruxas. A posição dela sempre foi clara: nada disso aqui vai trazer a filha, a mãe do Léo de volta. O objetivo dela, o objetivo de todos, na verdade, é que situações que aconteceram como a da filha dela sejam evitadas para que mais nenhuma família passe pela dor da perda que eles passaram", completou o advogado.

As investigações realizadas pelo Cenipa não buscam apontar culpados ou responsáveis, "tampouco se dispõem a comprovar qualquer causa provável de um acidente, mas elaboram hipóteses que permitem entender as circunstâncias que podem ter culminado na ocorrência e, desta maneira, propõem a implementação de medidas [...] com o objetivo de evitar a recorrência de acidentes aeronáuticos", diz o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.

O relatório foi disponibilizado durante a noite de hoje. O documento foi exposto inicialmente aos familiares das vítimas e/ou seus representantes legais e, na sequência, publicado no site do Cenipa e no painel SIPAER.

O acidente

No dia 5 de novembro de 2021, uma queda de avião foi registrada por volta das 15h30, em Piedade de Caratinga (MG), a 309 km de Belo Horizonte.

Além da cantora, morreram o produtor Henrique Bahia, o assessor e tio da cantora, Abiceli Silveira Dias Filho, o piloto Geraldo Martins de Medeiros e o copiloto Tarciso Pessoa Viana.

O avião estava a 2 km do aeroporto onde iria pousar quando caiu, em um local de difícil acesso.

A aeronave teria atingido o cabo de uma torre de distribuição de energia elétrica antes de cair em um curso d'água, segundo a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), que administra o fornecimento de eletricidade na região. O acidente é investigado pelo Cenipa e provocou a interrupção de acesso à energia elétrica para 33 mil pessoas.

O avião saiu de Goiânia com destino ao aeroporto de Caratinga (MG), onde Marília Mendonça faria um show para 8.000 pessoas. O restante da banda fez o trajeto de ônibus e já aguardava pela cantora na cidade.