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Roberto lembra música feita na cama com Rita Lee: 'Numa paixão louca'

Roberto de Carvalho em entrevista ao Fantástico (Globo) - Reprodução/TV Globo
Roberto de Carvalho em entrevista ao Fantástico (Globo) Imagem: Reprodução/TV Globo

De Splash, em São Paulo

15/05/2023 10h03Atualizada em 15/05/2023 10h59

Roberto de Carvalho, 70, lembrou como conheceu a mulher, Rita Lee, em entrevista ao Fantástico (Globo). A cantora morreu na segunda-feira (8), aos 75 anos.

"Eu sou um cara que sempre quis casar com uma mulher, ter 3 filhos homens, cultivar uma família. Pra isso eu precisava encontrar uma mulher perfeita, que eu tive a sorte de encontrar", disse o músico.

Ele lembrou que o casal compôs um dos principais sucessos na cama.

O 'Mania de Você' foi feita com violão, a gente estava na cama, numa paixão louca e aí consumou a paixão louca e peguei o violão e comecei a tocar. E ela do meu lado pegou o caderninho e... água na boca. Frases. E aí eu fui completando a música.

Roberto se emocionou ao falar de Rita. Limpando as lágrimas, disse: "Talvez eu fique assim pra sempre. Sempre vai ser difícil. Eu não tenho a menor pretensão de que fique fácil".

"Ela queria viver, ela não queria partir. Até o fim, ela nunca quis partir. Eu dizia pra ela: 'Eu queria trocar de lugar com você, porque você tem muito mais coisa para fazer do que eu", começou Roberto.

"Desde que a gente se encontrou pela primeira vez, 47 anos atrás, eu sou extremamente atento e feliz também por ter estado sempre perto de uma pessoa tão iluminada, tão cheia de vida, de criatividade, de alegria, de luz... Um grande privilégio".

Emocionado, Roberto se declarou para a amada. "Nos tornamos cara metade ou em vida ou em morte. Eu continuo sendo ela e ela continua sendo eu".

O músico também lembrou o diagnóstico de Rita: "Ela foi fazer os exames e viu que tratava-se de um tumor já avançado, e os médicos previram um tempo de três a quatro meses. Mas ela encarou o negócio com um estoicismo... Ela fez quimioterapia várias vezes".

"Foram momentos muito sofridos. Medo, ansiedade, pavor. Junto com o João, meu filho, nós dois tomamos conta da situação toda. E a gente procurou se informar o máximo possível".

Roberto, que organizou um cômodo com suporte médico para a mulher em seu apartamento, detalhou a partida da cantora: "Ela perdeu o cabelo, perdeu a capacidade de andar, pensar. Entretanto, os momentos finais dela foram de uma leveza, uma calma, uma doçura. Nós estávamos todos juntos com ela. A gente montou um quarto de hospital e, na última fase, na cama, ela parecia uma criancinha, um passarinho. A respiraçãozinha assim [gesticulando em sinal de estar calmo, em paz], e foi parando... Ela foi em paz".

"Ela era uma pessoa espetacular, única. Ela que falou para eu fazer a entrevista, por isso eu quis insistir. Ela adorava me ver falando. Porque eu sou tímido. A Rita era muito tímida também, mas ela tinha uma personalidade que, quando ela estava exposta, ela não era nada tímida. Muito elegante, falando baixo, 'por favor', 'com licença'... Essa era a Rita".

Ao final da entrevista, ele olhou para cima e falou: "Meu amor, foi por você. Para você. Como tudo daqui para frente, será sempre por você e para você".