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Humoristas defendem Léo Lins após Justiça tirar show do ar: 'Inaceitável'

Léo Lins havia sido demitido pelo SBT após piada sobre criança com hidrocefalia - Reprodução/Instagram
Léo Lins havia sido demitido pelo SBT após piada sobre criança com hidrocefalia Imagem: Reprodução/Instagram

De Splash, em São Paulo

17/05/2023 22h53

A Justiça de São Paulo determinou que o show "Perturbador" do humorista Leo Lins, fosse removido das plataformas digitais. A medida proíbe o comediante de divulgar qualquer "conteúdo depreciativo ou humilhante a qualquer categoria considerada minoria, ou vulnerável."

Ele é famoso por declarações polêmicas que, por vezes, infringem a lei. No material em questão, o comediante fez piadas com escravidão, perseguição religiosa, minorias, pessoas idosas e com deficiências.

Comediantes e influenciadores comentaram a decisão da Justiça, que foi chamada de censura por alguns.

Fábio Porchat disse que a decisão é "inaceitável", e que a fala de Lins não incitou ódio ou violência: "Dentro da lei pode-se fazer piada com tudo. Não gostar de uma piada não te dá o direito de impedir ela de existir. Ainda mais previamente. Impedir o comediante de pensar uma piada é loucura. Mesmo que você não goste desse comediante, mesmo que você despreze tudo o que ele diz, ele tem o direito de dizer. Ele tem o direito de ofender."

Porchat ainda citou não existir "censura do bem". E pediu para que as pessoas "não confundam 'não gosto dele' com 'ele não pode falar'"

"Se cada pessoa que se ofender com uma piada resolver tirar ela do ar não sobra um Joãozinho, um papagaio, um argentino."

"Para mim, democracia não é um regime para você defender as suas ideias, mas para quem você não concorda poder defender as delas."

Mauricio Meirelles defendeu haver um jogo de interesses políticos por trás da decisão judicial. "Se utilizam de um argumento de subterfúgio muito bonito para a população ficar 'nossa, eles estão protegendo as minorias'. E, no fundo, não. Estão vendo brechas na lei para proibir pessoas que não importam politicamente em um jogo que está acontecendo", opinou em seu Instagram.

Fábio Rabin comentou no Twitter que a decisão foi "um absurdo". "Tirar o trabalho do cara que leva alegria para milhares de pessoas, inclusive minorias, do ar é, no mínimo, autoritário. Arte é subjetiva. Isso é censura. A diferença do gabinete do ódio para isso é que essa é explícita. Tá errado!"

O humorista rebateu comentários políticos sobre sua opinião.

"Um lado acha que tinha que ter botado o Bolsonaro de volta, o outro que eu estou apoiando o racismo. O que estou falando é que um comediante no palco é diferente de bullying no trampo, na escola, ou alguém te ofendendo na rua."

Ex-CQC, Oscar Filho afirmou que as piadas de Leo Lins são apenas entretenimento, como um filme de Tarantino.

Isso aqui tem precedentes? O maior absurdo que eu vejo na comédia desde que o CQC foi impedido de entrar no Congresso e a proibição de piadas com políticos. Tudo na era PT. Por pior que falem do Bolsonaro, e eu odeio este cara, não chegamos nem perto. Oscar FIlho

"Qualquer imbecil assiste ao show do Leo Lins, ou qualquer outro humorista que faça piadas ácidas e percebe que são piadas. É entretenimento assim como o Tarantino faz jorrar sangue na tela. É só isso. Mas existe uma necessidade de elevar esse entretenimento à esfera de crime!"