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Influencer Ad Junior critica piada de escravidão: 'Não dá para relativizar'

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/05/2023 19h16

O apresentador e head de marketing do Trace Ad Junior criticou, durante sua participação no UOL News desta quarta-feira (17), a piada sobre escravidão feita pelo humorista Leo Lins durante seu show "Perturbador". Mais cedo, a Justiça de São Paulo ordenou que o show de Leo Lins fosse removido das plataformas digitais.

Para Ad Junior, não dá para relativizar a escravidão com uma piada.

Passa do tom e há muito estudos de universidades americanas falando sobre isso, até onde é uma piada? Acredito que fazer uma piada sobre os judeus no Holocausto não geraria um tipo de relativização sobre o caso. E nós, afro-brasileiros, descendemos de uma tragédia, que foi a escravidão. Não dá para a gente relativizar uma piada sobre um processo que nos trouxe aqui por uma dor imensa".

Ele ainda criticou piadas relacionadas a grupos étnicos que passam por atrocidades.

É como se nós fizéssemos uma piada sobre holocausto, sobre a grande fome na China, sobre o genocídio na Armênia ou da fome na Etiópia. Esses momentos em que grupos étnicos estão passando por atrocidades, genocídios, isso não é piada".

Sakamoto: Falta de percepção do racismo no Brasil traz à tona 'piadas' como a de Leo Lins

O colunista do UOL Leonardo Sakamoto também comentou a respeito da piada feita pelo humorista Leo Lins. Segundo Sakamoto, esse tipo de brincadeira traz à tona a falta de percepção do racismo no Brasil.

Isso não é uma piada, isso é um ataque direto, racismo. E o fato de a gente não entender isso como racismo diz muito sobre o Brasil e quem nós somos. Essa falta de percepção do racismo mostra que isso está tão entranhado, tão bordado no nosso tecido social que a gente vê isso e acha que faz parte da nossa realidade".

"Vamos trocar, 'ah, eu brinquei com morte de crianças nos ataques nas escolas'. Gente, vai acontecer um protesto na porta do teatro porque as pessoas entendem o quanto aquilo não apenas é ofensivo com as pessoas que sofrem isso, mas o quanto isso normaliza a situação a tal ponto de normalizar o ataque", completou.

Sakamoto: Deltan reclama de 344 mil vozes caladas, mas esquece das 57 milhões que calou

Ainda durante participação no UOL News, o colunista Leonardo Sakamoto comentou respeito da cassação do mandato de deputado federal de Deltan Dallagnol. Mais cedo, em coletiva, Deltan afirmou que "300 mil paranaenses tiveram seu voto jogado no lixo".

Sakamoto lembrou que meses antes das eleições presidenciais de 2018, Deltan participou junto ao então juiz Sergio Moro do processo que acabou tornando Lula (PT), então líder das pesquisas, inelegível.

É um tanto quanto, desculpe o termo, cínico do próprio Deltan. Porque o Deltan e o Moro tiraram o Lula de circulação na eleição de 2018, calando 57 milhões de vozes. Estou usando 57 milhões porque o último Datafolha antes da inelegibilidade apontava que Lula tinha 39% de intenção de voto, muito a frente de Jair Bolsonaro".

"Lula seria eleito naquele momento, se Deltan e Moro não tivessem sacado ele fora. E depois o STF mostrou que havia vício", completou.

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