Adriana Calcanhotto revela se já teve crush em Gal Costa: 'Muito sedutora'
A admiração por Gal Costa (1945-2022) é uma constante durante toda a trajetória artística de Adriana Calcanhotto, 57. No primeiro semestre deste ano, ela decidiu transformar esse carinho em tributo à ídola e amiga, através da turnê Coisas Sagradas Permanecem, que homenageia o legado de Gal.
Na sequência de espetáculos, lançada no final de abril, Adriana revisita grandes clássicos do repertório de uma das maiores intérpretes da MPB, numa setlist elaborada especialmente para enaltecer sua trajetória musical.
"Quisemos começar pelas canções que foram feitas para a Gal - não só para a voz dela, mas falando sobre ela, como 'Recanto Escuro', 'Meu Nome é Gal', 'Caras e Bocas', que é um poema da Maria Bethânia sobre ela", contou Adriana a Zeca Camargo, no programa Splash Entrevista.
Em um dos espetáculos, Adriana levou a reverência a Gal Costa a um novo patamar. Ela subiu ao palco do Tokio Marine Hall, em São Paulo, com os seios à mostra, numa referência à forma como a artista baiana se apresentou em 1994, ao entoar o clássico Brasil, de Cazuza.
Tal despudor não chegou a ser um desafio para Adriana, tamanho seu respeito pela homenageada. "Foi fácil, porque tinha muito orgulho da Gal em fazer isso. Embora eu não tenha visto ao vivo, sempre achei um ato muito potente. Gal era muito ousada, mas, por ter um jeito doce, manso, as pessoas sempre se espantavam com a ousadia dela", recorda.
Apesar da imensa admiração e da longa amizade que cultivou com a cantora, Adriana assegura que seus sentimentos por ela nunca saíram desses campos. Questionada por Zeca se já teve um crush em Gal, ela nega: "Ela era muito sedutora. Mas acho que, para mim, estava em um grau tão alto que ultrapassava isso."
'Durante aquele confinamento involuntário senti falta da estrada'
A turnê em homenagem a Gal Costa acontece de forma quase concomitante a outro projeto de Adriana Calcanhotto: "Errante", seu 13º álbum de estúdio, lançado há pouco mais de um mês, com 11 faixas inéditas. Na visão da cantora, o título resume bem a ideia que permeia cada uma das canções.
"Durante a pandemia, vi que realmente sou uma alma errante. Gosto de ficar em casa, mas quando quero. Durante aquele confinamento involuntário, imposto, senti falta da estrada - não só da parte da boa, de tudo! Entendi que preciso estar em movimento", explica.
A variedade de estilos numa mesma faixa é outra característica marcante do álbum. "O disco é polirrítmico, e isso se dá muito com ritmos brasileiros, uns dentro dos outros", detalha Adriana, reconhecendo também certa influência estrangeira em determinados temas. "'Horário de Verão', por exemplo, foi concebida em Portugal. Tem muita coisa de fado na linha melódica, embora a gama seja sambista", analisa.
Canto poliglota
"Errante" também permitiu a Adriana Calcanhotto se reinventar em outros aspectos. Pela primeira vez, ela inclui em seu repertório musical uma canção interpretada totalmente em inglês, a qual batizou de "Lovely".
A opção pelo idioma estrangeiro não foi por acaso. "'Lovely' saiu em inglês porque tem coisas que não são traduzíveis para o português. 'Formless', por exemplo, você não consegue dizer com uma palavra só em português. São coisas que tem que ser ditas em inglês. É uma coisa da língua mesmo", analisa.
Volta às origens
A composição das faixas de "Errante" - todas autorais - se deu em meio a outro processo muito pessoal de Adriana. Por influência de alguns amigos, ela veio a confirmar recentemente o fato de que possui ascendência judaica - algo não exatamente inesperado.
"É uma coisa que eu já intuía. Descobri no final de 2021, primeiro por meio da [análise da] minha árvore genealógica. Depois fiz exame de DNA, que deu 10% de sangue judeu", explica a cantora.
Para ela, essa descoberta pessoal tem tudo a ver com a mensagem do disco. "Isso converge com minha escolha de errar. Escolhi errar pelo mundo cantando canções. Já tenho a errância no sangue", filosofa.
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