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Caso Carlinhos: Sequestro que parou o Brasil está há 50 anos sem solução

Caso Carlinhos: Sequestro que parou o Brasil está há 50 anos sem solução - Reprodução
Caso Carlinhos: Sequestro que parou o Brasil está há 50 anos sem solução Imagem: Reprodução

De Splash, em São Paulo

18/05/2023 04h00

O Caso Carlinhos está entre os mais marcantes já exibidos pelo Linha Direta (Globo), durante a leva de episódios comandada por Domingos Meirelles. Até hoje sem solução, o sequestro do menino de 10 anos de dentro de sua casa no Rio de Janeiro parou o Brasil em 1973, e ganhou um episódio memorável no programa investigativo em 2003.

O que foi o Caso Carlinhos?

Carlos Ramires da Costa foi sequestrado de dentro de sua casa no bairro Laranjeiras, na noite do dia 2 de agosto de 1973.

Ele era um dos filhos do casal Maria da Conceição Ramires da Costa, uma dona de casa, e João Mello da Costa, proprietário da indústria farmacêutica Unilabor, em Duque de Caxias.

O garoto estava vendo TV junto à mãe e a quatro dos seis irmãos na noite do fato.

Os sequestradores pediram 100 mil cruzeiros de resgate pelo menino, que deveria ser entregue em dois dias.

Apesar dos esforços da polícia, Carlinhos não foi devolvido no dia do resgate, e jamais foi encontrado.

As investigações chegaram a alguns suspeitos, mas nunca houve resposta concreta sobre quem foram os responsáveis pelo sequestro do menino.

Na noite do sequestro, o pai de Carlinhos havia saído para realizar uma entrega em Copacabana, acompanhado dos filhos mais novos: Roberto, 8, e Luciana, 3. A família morava na rua Alice, em Laranjeiras, bairro da zona sul carioca.

Por volta das 20h35, houve um corte de energia que deixou a casa às escuras. Um homem invadiu, pediu "a criança mais nova que estava em casa" e trancou a mãe com os demais filhos no banheiro.

O sequestrador deixou um bilhete, escrito com erros de português, pedindo o valor de 100 mil cruzeiros de resgate. Ele ainda especificava que o dinheiro deveria ser deixado sobre uma caixa de cimento no cruzamento entre as ruas Alice e Doutor Julio Otoni, no dia 4 de agosto.

A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados e realizaram buscas no local. O pai de Carlinhos e um de seus funcionários também teriam tentado encontrá-lo, em um matagal que havia por perto.

A família não tinha o dinheiro do resgate, reunido graças a doações, diante da imediata repercussão do caso na imprensa. No dia e hora marcados para a troca, vários policiais se disfarçaram na tentativa de capturar o sequestrador. No entanto, ninguém apareceu para pegar o dinheiro ou devolver o menino.

Investigações apontaram que familiares ou conhecidos podem ter sido responsáveis

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Desaparecido há quase 50 anos, Carlos Ramires da Costa nunca foi encontrado
Imagem: Reprodução

Os donos de uma clínica ao lado da casa de Carlinhos foram apontados como suspeitos, pois um deles, Mário Filizzola, ofereceu Cr$ 60 mil pelo imóvel da família. O marceneiro da clínica, Kleber Ramos, chegou a ser preso como suspeito, mas foi solto por falta de provas.

Os pais do menino começaram a levantar suspeitas. No momento da invasão, nenhum dos três cães da família reagiu e a porta não mostrava sinais de arrombamento, sugerindo que o sequestrador era conhecido.

Quando a polícia chegou na casa após o sequestro, Maria da Conceição via TV "calmamente", segundo relatos da época. Vizinhos diziam que ela gastava a maioria do dinheiro com roupas para si e bilhetes de loteria; além disso, as autoridades estranharam ela não ter ido ao centro espírita que frequentava todas as quintas-feiras.

Já o pai de Carlinhos enfrentava crises financeiras no negócio, e a polícia trabalhou com a hipótese de que o sequestro poderia ter sido armado para solucionar a sua necessidade de dinheiro. Seis meses após o sumiço do garoto, um homem se apresentou como autor do crime, alegando que João teria sido o mandante. No entanto, a polícia descobriu que a confissão era falsa.

Na análise do bilhete, a polícia descobriu que o mesmo foi escrito três dias antes, que os erros gramaticais foram propositais. Em 1977, a polícia concluiu que a letra era de Silvio Pereira, funcionário de João.

Foi apenas nesta reabertura do caso que veio à tona que Vera Lúcia, irmã mais velha de Carlinhos, teria reconhecido Silvio no dia do sequestro. Ela afirmou que, ao contar para o pai, João teria dito à filha que iria preso caso ela falasse alguma coisa.

Silvio Pereira foi preso e condenado a 13 anos de encarceramento, mas absolvido após recurso da defesa. O envolvimento do pai de Carlinhos nunca foi provado pela Justiça e o paradeiro de Carlinhos nunca foi descoberto.