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Documentário mostra Galvão Bueno sem filtro e sua ascensão na Globo

Galvão Bueno no lançamento da série documental "Galvã: Olha o que ele fez" - Alexandre Araújo / UOL
Galvão Bueno no lançamento da série documental "Galvã: Olha o que ele fez" Imagem: Alexandre Araújo / UOL

De Splash, em São Paulo

18/05/2023 07h31

O documentário 'Galvão: Olha o que Ele Fez', lançado hoje pela Globoplay, traz histórias desconhecidas e bastidores da carreira de Galvão Bueno, 72. A obra terá cinco episódios —os dois primeiros foram lançados hoje.

O primeiro narra um pouco da infância e início da carreira do narrador. O segundo explora o crescimento profissional do jornalista na Globo desde sua chegada, no fim de 1981, vindo da Bandeirantes.

Embora visto com talento e até meio "folgado", Galvão conquistou a simpatia de Boni pela forma como se comunicava com o público e, com a saída de Luciano do Valle, assumiu protoganismo se tornando um dos principais narradores da Globo e do país.

Galvão virou o "narrador titular" da seleção brasileira e dos principais eventos esportivos transmitidos pela Globo. Ao Gshow, o narrador afirmou que pediu aos diretores Sidney Garambone e Gustavo Gomes para que o documentário não fosse chapa branca.

"Tem o ser humano que passa do ponto, que chora em uma transmissão. Nunca fui o mais bonzinho do mundo, mas também não fui um terror. Busquei ajudar e ser ajudado sempre", disse o comentarista.

Garambone, inclusive, revelou alguns nomes que não quiseram participar da homenagem ao narrador. Entre eles o jornalista Renato Maurício Prado, que teve uma discussão no ar com Galvão [no Bem, Amigos, do SporTV, em 2012]. O episódio ocorreu no programa durante a disputa das Olimpíadas de Londres em 2012.

Parte da discussão foi exibida no primeiro episódio do documentário. Galvão afirmou que o colega jornalista foi "extremamente deselegante" ao trazer uma suposta brincadeira feita nos bastidores.

O que aconteceu?

Um dos convidados do programa era Marcus Vinícius, ex-atleta do vôlei presente na seleção brasileira que conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas de Los Angeles em 1984.

Segundo Renato, Galvão disse fora do ar que os brasileiros só terminaram na segunda posição em decorrência do boicote da União Soviética, que não participou dos jogos na ocasião. O país, principal representante do bloco socialista, decidiu não participar do evento esportivo em meio à Guerra Fria.

"É uma coisa que você não pode dizer. Tem milhões de pessoas assistindo. No seu tom, você foi extremamente deselegante. Eu nunca disse isso", alertou Galvão.

"Quem está sendo deselegante é você. Foi uma brincadeira", disse Renato na sequência. "É preciso ter responsabilidade em relação ao que se diz", respondeu o narrador.

Galvão explicou que via "adversários difíceis" para a seleção na época, mas não disse que os atletas brasileiros perderiam a medalha. O narrador pediu desculpas ao colega na sequência do programa.

Amizade abalada

Renato Maurício Prado foi convidado, mas optou por não participar do documentário de Galvão Bueno. A informação foi confirmada pelos diretores da produção, Sidney Garambone e Gustavo Gomes, durante participação no programa Charla Podcast.

O jornalista comentou sobre o episódio em entrevista ao UOL em 2018. Ele afirmou que a amizade nunca foi a mesma após o desentendimento ao vivo.

"Não me sinto à vontade de julgar ou analisar atitudes do Galvão. Tem a carreira dele, é inegável, o cara mais importante da imprensa esportiva brasileira, e se tornou com méritos. Se isso subiu à cabeça ou não, não sou eu que vou dizer. Só lamento que, amigo meu de 30 anos, não se mostrou disposto, interessado, depois de iniciativa dele, de sentar, conversar e zerar a pedra. Até os deuses têm amigos."