Calabresa diz que Globo comprovou assédio de Melhem; humorista rebate
Dani Calabresa, 41, disse que a Globo comprovou que ela foi assediada por Marcius Melhem, 51. As declarações aconteceram no podcast Quem Pode, Pod.
Dani afirmou que, após denunciar Melhem, a Globo investigou, comprovou as acusações e "resolveu" — a empresa anunciou a demissão de Melhem em 2020. "A empresa viu que é inadmissível, investigaram, comprovaram, resolveram, graças a Deus".
Splash entrou em contato com a defesa de Melhem sobre as declarações. Segundo posicionamento do ex-diretor, a apresentadora "mente desde o início e sua calculada vingança já está muito clara para todos. Segue mentindo agora tentando dizer que a TV Globo demitiu Marcius Melhem por assédio na semana em que vem a público um documento em que a própria Globo diz à Justiça, com todas as letras, que não comprovou assédio nenhum", diz o comunicado. A defesa também ressaltou que "Dani Calabresa já teve sua série de mentiras expostas há tempos. Vale sempre lembrar que o que ela hoje chama de 'assédio', antes era tratado como 'vantagem'".
Em janeiro de 2022, Splash revelou com exclusividade que a Globo arquivou a denúncia interna feita por Calabresa contra Melhem no compliance da empresa, por não ter sido possível confirmar as acusações.
A reportagem também procurou a TV Globo sobre as acusações e aguarda. O texto será atualizado assim que houver um retorno.
A famosa afirmou que "conta muito com a Justiça" para que o ex-diretor seja responsabilizado, por se tratar de "uma coisa muito absurda, injusta, desleal". Ela também falou que "todo assediador, abusador, tem a mesma estratégia de culpar as mulheres". "[O assediador fala:] 'mas essa ela ria, mas essa ela tava bêbada, ela deu mole, mas essa eu peguei', como se alguma dessas coisas descredibilizasse assédio."
"Até pra mim eu pensava também quando alguém vinha me contar, eu pensava: 'mas essa pessoa ficou com ele'. Depois fui entendendo que você pode ficar com uma pessoa, só que, assim, a pessoa não chega no dia seguinte e enfia a mão na sua bunda. O não é não! Você pode ser casado com a pessoa, ninguém pode passar do limite, e essa é a estratégia do assediador. Nada autoriza assédio. Nenhuma brincadeira. Estou aprendendo isso nesse momento de dor, agora fortalecida, porque não sou só eu, é um grupo de mulheres, a gente teve que vir a público", completou.
Calabresa explicou que criou coragem para denunciar Melhem ao perceber que estava "afundando". "Tem coisas que a gente só mexe quando não tem mais opção. Não dá pra ir trabalhar chorando. Eu não conseguia passar o crachá na portaria 3, só me via feliz saindo da empresa. Se tornou uma situação insuportável e insustentável."
Dani destacou que cogitou pedir demissão da Globo e desistir da própria carreira, mas foi graças à ajuda da atriz Maria Clara Gueiros, a quem ela chamou de amiga e "mulher muito generosa", que ela decidiu reportar o que estava acontecendo para que a emissora tomasse as devidas providências. "A Maria Clara Gueiros pegou na minha mão e quis dizer 'você não tá louca', porque a gente normaliza tantos comportamentos bizarros, inadmissíveis, que às vezes a gente não entende o que é machismo e o que é assédio, porque é meio normalizado o homem ser tarado."
Dani afirmou que a sociedade não pode normalizar esse tipo de comportamento e que nem sempre a vítima percebe na hora que foi assediada. "Peraí, onde que a gente normaliza isso? Onde que a gente tem que sacar na hora? Porque a gente não quer estragar. Se você está feliz, gravando, acontece um problema, você quer solucionar. Às vezes você não tem condições de lidar com aquilo naquele momento."
A humorista ressaltou que na época em que teria sido vítima de assédio por parte de Marcius Melhem estava passando por um momento doloroso devido ao fim de seu casamento com Marcelo Adnet, e o trabalho era sua "alegria", mas que se transformou em um pesadelo porque começou a afetar sua saúde.
Então passar por uma situação no trabalho eu não queria nem enxergar, só que chegou uma hora que foi tão bizarro, tava tão óbvio, e afetou tanto a minha saúde, que a Maria Clara falou: 'Isso não existe, não é brincadeira, é serio, você tem que falar, que denunciar, eu vou com você'.
Decisão de denunciar Melhem
Hoje, Calabresa afirma que tomou a decisão certa em denunciar Marcius Melhem, mas salientou que não gostaria que o assunto tivesse ganhado as páginas da imprensa e que seu nome fosse vinculado ao do ex-diretor.
"Eu não queria comprar essa briga. Não quero que esse assunto faça parte da minha vida, não queria jamais que isso fosse para a imprensa. Não queria nunca ter que responder isso, ser marcada com o nome de uma pessoa que não faz parte da minha vida, que eu nunca tive nada, que eu nunca fiquei nem sozinha com essa pessoa e tenho agora matérias com o nome, provocação, é um absurdo, é uma loucura, e é difícil", afirmou.
A artista também disse compreender as mulheres que sentem dificuldades em denunciar os seus assediadores, porque ela só teve coragem ao se sentir acolhida e receber apoio de outras famosas com quem trabalhava na época.
Relembre o caso
Melhem é investigado desde dezembro de 2019, quando Dani Calabresa e outras sete mulheres o denunciaram como "assediador" no compliance da Globo — a investigação interna foi arquivada em janeiro de 2022.
Ele deixou a chefia de Humor da Globo em março de 2020. Cinco meses depois, a emissora o demitiu, e afirmou que foi em comum acordo, sem mencionar os casos de assédio.
Em janeiro de 2021, Melhem foi à Justiça contra Dani Calabresa pedindo uma indenização de R$ 200 mil em danos morais. O processo está em segredo de Justiça.
Em julho de 2021, o Ministério Público encaminhou a denúncia criminal à Deam (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher no Rio de Janeiro), que instaurou inquérito. O caso corre em segredo de Justiça.
Em julho de 2022, a Globo encerrou o contrato fixo com Calabresa após sete anos.
Em maio de 2023, a revista Veja publicou um trecho do processo de ação do MPT-RJ contra a Globo, em que a defesa da emissora afirma que constatou "a inadequação do comportamento do artista com os seus subordinados, mas não foi possível comprovar de maneira irrefutável a prática deliberada de assédio sexual".
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