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Tina Turner superou violência, se reinventou e brilhou como rainha do rock

Tina Turner nasceu nos Estados Unidos, mas morava há anos na Suíça  - Christian Charisius / AFP
Tina Turner nasceu nos Estados Unidos, mas morava há anos na Suíça Imagem: Christian Charisius / AFP

Lia Vissotto*

Colaboração para Splash

25/05/2023 04h00

Em uma época em que a segregação racial era uma realidade nos Estados Unidos, Tina Turner construiu uma trajetória artística única e gigantesca, impactando os costumes da sociedade norte-americana.

Dona de alguns dos maiores sucessos musicais de todos os tempos, Tina gravou músicas como "Let's Stay Together", "What's Love Got to Do with It", "Private Dancer", "The Best" e "I Don't Wanna Lose You", levando-as ao topo das paradas em todo o mundo ao longo de seus nove álbuns solo, dois discos ao vivo, duas trilhas sonoras e cinco coletâneas. Foram mais de 200 milhões de discos vendidos ao longo das seis décadas de carreira da artista e incontáveis canções que viraram clássicos em sua voz.

Celebrada não só pelo público, mas também pela crítica, Tina conquistou doze Grammy Awards, um Grammy pelo conjunto da obra e seu nome está no disputadíssimo Rock & Roll Hall of Fame. Ela foi a primeira cantora negra a aparecer na capa da revista Rolling Stone, um dos principais veículos da mídia especializada.

Mas a história de Tina Turner não é só marcada por esses sucessos, também é uma trajetória de superação. Tina e Ike Turner foram um dos casais mais icônicos das décadas de 1960 e 1970, formando o explosivo duo The Ike & Tina Turner Revue. Por trás de todo o sucesso, nos bastidores, foram décadas de violência geradas pelo vício de Ike em cocaína, sua compulsão sexual e os abusos que cometia contra as mulheres.

Apenas anos após a separação, que aconteceu em 1978, e um período difícil marcado por poucas apresentações em Las Vegas e álbuns com baixo desempenho comercial, foi que Tina alçou o megaestrelato com o icônico "Private Dancer" (1984). Quando o single "What's Love Got to Do with It" atingiu o topo da Billboard Hot 100, Tina se tornou - à época - a artista solo feminina mais velha a liderar a parada estadunidense, com 44 anos.

Quatro anos depois, em 1988, Tina Turner seria protagonista de um momento ainda mais marcante para o público brasileiro: ela parou o Rio de Janeiro. Na noite de 16 de janeiro daquele ano, a artista reuniu 182 mil pessoas no Maracanã para uma performance frenética, marcada até hoje como a maior apresentação de uma artista mulher para um público pagante.

Apenas mais um momento para coroar a trajetória de uma artista que se reinventou incontáveis vezes e para sempre será lembrada por seu legado como a grande rainha do Rock'n'Roll.

*Lia Vissotto é idealizadora da exposição Tina Turner: Uma Viagem para o Futuro, do MIS-SP (Museu da Imagem e do Som)