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Uma tragédia queer: conheça a história real de 'A Pequena Sereia'

No filme, Ariel (Halle Bailey) se apaixona pelo príncipe Eric (Jonah Hauer-King) ao salvá-lo de um naufrágio - Walt Disney Pictures/Divulgação
No filme, Ariel (Halle Bailey) se apaixona pelo príncipe Eric (Jonah Hauer-King) ao salvá-lo de um naufrágio Imagem: Walt Disney Pictures/Divulgação

Mariana Assumpção

Da Ingresso.com

26/05/2023 04h00

O novo live-action da Disney, que adapta a animação "A Pequena Sereia", lançada em 1989, traz um romance típico do estúdio, produzido para encantar as crianças nas telas do cinema.

Sim, o apelo nostálgico, característico das produções recentes, também contagia os adultos, principalmente aqueles que cresceram assistindo ao clássico desenho animado durante a infância.

Contudo, embora a história da Disney esteja repleta de canções alegres, alívios cômicos e finais felizes, o conto que a inspirou segue uma linha bastante distinta.

A verdadeira história de "A Pequena Sereia"

Ariel e sua fascinação pelo mundo dos humanos são inspiradas no conto de Hans Christian Andersen, publicado em 1837.

O autor dinamarquês, conhecido por escrever histórias infantis assustadoras para os padrões atuais, usou um de seus dramas pessoais como metáfora na obra, que retrata uma tragédia amorosa.

Alguns biógrafos do autor afirmam que Andersen era bissexual e que, após se apaixonar por um homem e não ser correspondido, ele teria escrito o conto para ele. Edvard Collin, a suposta paixão do autor, sabia do sentimento de Andersen, mas decidiu se casar com uma mulher, quebrando o coração do escritor.

A sereia e sua busca por pertencimento e aceitação seriam uma alegoria sobre a vida amorosa de Andersen que, aparentemente, sempre esteve envolvido em paixões platônicas e impossíveis.

No livro "My Dear Boy: Gay Love Letters Through the Centuries", de Rictor Norton, o historiador afirma que o autor se projeta no conto como uma pessoa de sexualidade à margem, que "acabara de perder seu príncipe para outro alguém".

É importante lembrar que, em 1837, práticas e vivências homossexuais não eram socialmente aceitas, e que o fato provavelmente gerava uma extrema angústia em Andersen. Collin estava de casamento marcado quando o autor escreveu "A Pequena Sereia", uma triste metáfora sobre a relação da dupla.

As diferenças entre o clássico de Andersen e o conto de fadas da Disney

Na história do século 19, a sereia salva o príncipe e se apaixona por ele, como na trama da animação. Porém, em vez de dar sua voz para Úrsula em troca de pernas, a sereia tem a língua cortada pela bruxa do mar. Na versão de Andersen, a personagem caminha com dores constantes, como se estivesse andando sobre cacos de vidro.

No fim, ao invés de juntar-se a Eric e viver o seu "felizes para sempre", ela é obrigada a ver o príncipe casar-se com outra mulher. O trato entre a sereia e a bruxa era o seguinte: se ela não fosse capaz de fazer seu amado se apaixonar em alguns dias, acabaria morrendo. A sereia só conseguiria se salvar caso assassinasse o príncipe e derramasse o sangue do rapaz em suas pernas.

Obviamente, a moça é incapaz de matá-lo, e se entrega ao seu destino: a sereia se joga ao mar e vira espuma, sumindo para sempre.

Estrelado por Halle Bailey, o novo "A Pequena Sereia" ainda se mantém distante da história trágica de Andersen, mas carrega surpresas para os fãs de Ariel. Além de canções inéditas, compostas por Alan Menken e Lin-Manuel Miranda, novos personagens prometem mudar os rumos da história.

O elenco ainda é composto por Jacob Tremblay (Linguado), Daveed Diggs (Sebastião), Melissa McCarthy (Úrsula), Javier Bardem (Rei Tritão), Awkwafina (Sabidão) e Jonah Hauer-King (Príncipe Eric).

"A Pequena Sereia" estreia no Brasil em 25 de maio, exclusivamente nos cinemas.

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A história do filme

A Pequena Sereia

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