Música

Guitarrista diz que shows de Rihanna têm 'mais drogas' que turnê de rock

De Splash, em São Paulo

01/06/2023 04h00

Nuno Bettencourt, 56, é mais conhecido pelo sucesso "More Than Words". Um dos fundadores da banda de americana Extreme, o português é o "dono" do violão da canção e é um dos protagonistas do famoso videoclipe em preto e branco, ao lado do vocalista Gary Cherone, 61.

Há 14 anos, porém, o guitarrista deixa sua marca também na música pop. Em 2009, Nuno foi recrutado por Rihanna para tocar em sua turnê "Last Girl on Earth" e seguiu acompanhando a cantora mundo afora até a turnê "Diamonds", em 2013. Desde então, ele também subiu ao palco ao lado de Rihanna em outras ocasiões, como no show do intervalo do Super Bowl, no início deste ano, e outros espetáculos.

Agora, Nuno está em turnê com o Extreme, que vem ao Brasil e se prepara para lançar seu primeiro álbum de inéditas em 15 anos. Em entrevista a Splash, ele conta qual é a maior diferença entre fazer uma turnê com estrelas do rock e com uma estrela do pop.

"Há muito mais álcool e drogas na turnê da Rihanna" revela, com bom humor.

Se os fãs de rock pegam no seu pé por tocar com uma artista pop, ele não sabe. Nuno diz que não costuma ler o que escrevem sobre ele nas redes sociais.

"Músicos são assim. Podemos estar tocando em um estádio com 90 mil pessoas e elas podem estar todas cantando nossas músicas. Se tem um cara no fundo da plateia te mostrando o dedo do meio, é nisso que vamos ficar pensando. Vamos pensar: 'Por que ele não nos ama?'. [...] Então basta um comentário dizendo: 'Vocês são terríveis, odeio as músicas novas' para começarmos a chorar", brinca.

Ele se lembra, porém, de um episódio com dois jornalistas durante uma passagem da turnê de Rihanna pela França. Após uma entrevista sobre seu trabalho na guitarra, ele ofereceu ingressos para o show aos repórteres, que ficaram reticentes em aceitar. "Não é nossa praia. Não é rock 'n' roll e não é muito bom", teriam respondido. Nuno insistiu que eles assistissem pelo menos ao começo do show. A dupla curtiu tanto o show, que depois pediu desculpas pela situação.

[A turnê] tinha os melhores músicos. O baterista de Stevie Wonder, um baixista que tocou com McCartney e muitos outros artistas. As pessoas pensam que é só um show de pop, mas foi uma experiência incrível para mim. Havia muitos artistas incríveis e eu aprendi demais. Nuno Bettencourt

Gary Cherone: "Passagem pelo Van Halen foi surreal"

Não foi só Nuno Bettencourt que se aventurou com outros artistas. Nos final dos anos 90, quando o Extreme se separou e Nuno seguiu em carreira solo, Gary Cherone se tornou vocalista do Van Halen e passou quatro anos na banda. Ele, que já era um grande fã, se lembra com carinho das turnês com o grupo e do lendário guitarrista Eddie Van Halen, que morreu em outubro de 2020.

"Foi uma época surreal para mim. Foi ótimo. Eles me receberam na banda como um irmão. Eu me diverti demais. Lembro-me com muito carinho de tocar as músicas antigas, de Dave [David Lee Roth] e Sammy [Hagar, que lideraram a banda antes dele]", conta.

A morte de Van Halen, que lutou por anos contra um câncer na garganta, ainda é um assunto delicado para o cantor.

"Nós conhecíamos Eddie e sabíamos do momento pelo qual ele estava passando. Nós torcíamos pelo melhor, mas o último ano foi muito difícil. Não só para quem o conhecia, mas para quem também o conhecia pela música. [...] Ainda sinto uma emoção forte quando falo nisso. Mas uma das minhas turnês favoritas foi com Van Halen", conta.

O Extreme se apresenta amanhã (2), no festival Best of Blues and Rock, no Parque Ibirapuera, em São Paulo.