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Extreme: 'Não queremos escrever outra More Than Words'

Banda americana Extreme diz que não quer refazer o sucesso "More Than Words" - Divulgação
Banda americana Extreme diz que não quer refazer o sucesso 'More Than Words' Imagem: Divulgação

De Splash, em São Paulo

02/06/2023 04h00

O Extreme está de volta depois de 15 anos sem lançar músicas novas. A banda, que estourou nos anos 90 com o sucesso "More Than Words", garante que está "vivendo o momento" e não pretende repetir a fórmula do hit que fez com que eles se tornassem estrelas do rock.

"Desculpe, mas estamos pouco nos f*dendo para o que as pessoas pensam. Nós realmente não nos importamos. Estamos em nossa bolha, como artistas devem estar. [...] Não comparamos. Não vamos escrever outra 'More Than Words'. [...] Quando as pessoas começam a criticar, sabemos que estamos fazendo nosso trabalho, que estamos sendo artistas de verdade, fazendo o que fazemos de forma egoísta", diz o guitarrista Nuno Bettencourt a Splash.

O vocalista Gary Cherone já disse anteriormente que, por algum tempo, a faixa foi tida como uma "maldição e uma bênção", já que às vezes era a única música da banda que as pessoas conheciam.

À época de sua estreia, "More Than Words" alcançou o topo das paradas nos Estados Unidos, no Canadá e em vários países da Europa. No YouTube, onde foi publicada 20 anos depois de seu lançamento, em 2013, acumula 684 milhões de visualizações só no clipe oficial.

Com o tempo, o Extreme abraçou "More Than Words" e, hoje, esse é um momento especial nos shows. Bettencourt garante que, hoje, a canção é uma "grande bênção" e que o grupo não se cansa de tocá-la.

É um ponto alto de todas as noites para nós, porque qual artista não gostaria de ter todo o público cantando essa música com ele? Uma música criada e escrita por ele? É uma bênção, é uma grande bênção para nós. Nuno Bettencourt

"Também sabemos que os fãs de Extreme não conhecem só essa música, porque mesmo que seja nosso maior hit entre o grande público, não é a favorita dos fãs de verdade. É uma música que eles também amam. Mas quando uma música se torna número um, atinge muitos fãs casuais. [...] No show, com nossos fãs, nunca gira em torno só de 'More Than Words'. O principal é ver a banda ao vivo e se conectar com ela", afirma.

Saudades de rock?

Os fãs de Extreme parecem empolgados com o retorno da banda. As três primeiras faixas do novo álbum, "Six", já somam milhões de visualizações, e os comentários dos admiradores comemoram a volta dos solos de Nuno e os vocais de Gary.

Será que o público está com "saudades de rock"? Com o perdão do trocadilho com o nome do último álbum da banda, lançado em 2008.

"Olha, nós não definitivamente não somos os únicos representantes do rock. [...] Mas às vezes, lançamos álbuns porque precisamos, porque é o que você precisa para fazer uma turnê. E é ótimo, financeiramente, ser pago para lançar um álbum, mas infelizmente não fazemos isso só por essas razões. Só lançamos músicas e álbuns pelos quais estamos realmente apaixonados", diz Bettencourt.

Acho que muitas bandas da nossa geração não fazem tanto isso: lançar um álbum com vontade, pelo qual estão apaixonados a qual estão 100% dedicados. Então, acredito que os fãs podem estar famintos por rock 'n' roll. Mas não é só isso. Estão famintos por isso, por uma banda que ainda chama atenção e ainda está com vontade. Nuno Bettencourt

Hoje, Nuno está com 56 anos e Gary, 61. Mas a dupla afirma que a idade não é uma questão quando estão tocando música.

"Quando gravamos uma música, um álbum ou escrevemos uma canção, ainda nos sentimos com 17, 18 anos. Nossos ossos e nossos corpos estão um pouco diferentes no palco, mas espiritual, psicológica, fisicamente e na paixão, [somos os mesmos]. Acho que é disso que o público sente falta", completa.

Banda critica os "guerreiros de laptop"

Uma das principais apostas da banda entre os novos lançamentos é a faixa "#Rebel". Segundo eles, a música trata da influência "perigosa" do poder do público nas redes sociais e ataca os falsos revolucionários, a quem chamam de "guerreiros de laptop". Segundo Cherone, a música tem tudo para se tornar abertura dos shows por ter um tom mais agressivo.

"Nós falamos de rebeldes, que realmente estão morrendo por causas, marchando e fazendo coisas. Mas falamos também dos "#rebeldes". Alguém que acorda de manhã, vê um movimento no Instagram, como o Black Lives Matter, toma um café no Starbucks, posta #BlackLivesMatter e vai trabalhar pensando: 'Realmente fiz a minha parte. Sou parte do movimento'", conta Bettencourt.

"Temos esses falsos guerreiros de laptops, guerreiros de teclado, falsos revolucionários, que não conseguem cumprir suas palavras. Palavras têm significado. Então, estamos chamando a atenção deles", finaliza Cherone.

O Extreme toca hoje, no festival Best of Blues and Rock, no Parque Ibirapuera, em São Paulo.