Topo

Festival João Rock teve rock, claro, mas público vibrou mesmo com hip hop

Hip hop levantou o público no festival João Rock, em Ribeirão - Denilson Santos e Francisco Cepeda/Divulgação
Hip hop levantou o público no festival João Rock, em Ribeirão Imagem: Denilson Santos e Francisco Cepeda/Divulgação

De Splash, em Ribeirão Preto (SP)*

04/06/2023 09h05

Calor à tarde, frio à noite, um chão de terra batida que não perdoa os tênis e muito para andar entre o palco principal e os paralelos. Assim foi a 20.ª edição do João Rock, festival dedicado à música brasileira que tomou conta de Ribeirão Preto, interior de São Paulo.

Para comemorar a marca de 20 anos de existência, o João Rock reuniu nomes de peso, e havia uma versão do festival para cada um — e animação especial para o hip hop.

Um dos palcos, "Lendas - vol. 1", era autoexplicativo. Foi ali que se apresentaram artistas do peso de Zé Ramalho, Alceu Valença, Os Mutantes, Tom Zé e Gilberto Gil.

Outro, chamado "Fortalecendo a Cena", era dedicado ao hip hop e por ele passaram, por exemplo, Tasha e Tracie e Major RD. Já o palco "Aquarela" foi inteiro dedicado às mulheres, e teve de Majur a Ana Carolina cantando Cássia Eller.

Apesar do cansaço durante a tarde devido ao calor e à distância entre os palcos, o público não parou.

Madrugadores levaram suas cangas para sentar no chão e, como em todo bom festival, vários estilos se misturavam. Dos que estavam na expectativa para Emicida aos fãs de Gilsons, um ponto positivo foi a convivência em harmonia.

A reportagem não avistou uma confusão ou briga sequer.

Para o público, sempre há pontos a melhorar. Enquanto alguns mostraram certo incômodo com a pouca presença de artistas mulheres no palco principal (Pitty foi a única, à exceção de participações eventuais), outros gostariam de ter visto mais artistas da comunidade LGBTQIA+. Mas, no geral, a festa foi aprovada.

E, mesmo em um festival que leva o rock no nome (que é, inclusive, batizado em referência aos vários bateristas chamados João ou John), não se pode negar a força do hip hop.

Muito além de Pitty, Capital Inicial ou CPM 22, o hip hop foi de longe o que mais animou a plateia.

A maior prova foi a apoteose do encerramento, com um show no capricho de L7nnon e Filipe Ret, com direito à companhia de Djonga e Major RD e bate-cabeça no meio do público.

'Cultura mantém de pé'

Artistas falaram sobre politização e reforçaram o papel da cultura. "Enfrentamos ataques desde que o mundo é mundo", conta Drik Barbosa a Splash, convidada de Emicida, sobre a estrutura social de artistas que se politizam e recebem ataques.

"É uma estrutura que luta contra a nossa cultura, que é uma das principais coisas que mantém o nosso país e o nosso povo de pé. Então, independentemente da luta que tivermos de enfrentar, a gente não vai parar."

Problemas típicos de festival

Há dois itens confirmados em praticamente qualquer festival de música antes de qualquer artista: banheiros em condições questionáveis e cardápio de comidas e bebidas caro. No João Rock, não foi diferente.

Segundo relatos, em determinado momento da tarde, um banheiro perto dos palcos paralelos se tornou foco por um problema com a descarga que não funcionava. Ao longo do dia, a dificuldade de manutenção foi deixando os sanitários em condições mais precárias.

Quanto às comidas e bebidas, houve quem preferisse comprar dos vendedores ambulantes que estavam do lado de fora, por R$ 12. Dentro do festival, o preço variava de R$ 14 a R$ 17, dependendo da marca. Nada que desanimasse o público.

*A repórter viajou a convite do festival.