'Convites descarados': Por que campeã do Country Star abandonou a carreira?
Nathália Siqueira explodiu no Brasil em 2007 após vencer o reality musical Country Star, do programa Terra Nativa (Band). Aos 22 anos, a capixaba despontou como um dos nomes mais promissores do sertanejo no início da onda do feminejo no Brasil. Quatro anos depois, ela parou de cantar e se despediu dos fãs com uma carta nas redes sociais, sem dar detalhes.
Em entrevista a Splash, ela explica o fim abrupto da carreira: deixou de cantar para estar junto à família e por rejeitar o que chamou de "convites descarados".
Sem citar nomes, Nathália culpa "empresários de investimento da noite" pelas ofertas indecorosas. "Mulher na época era muito complicado, eram muitas gracinhas. Resumindo, era como muitos falam: 'Ah, tinha tipo o teste do sofá para você conseguir crescer'. Isso travava a minha carreira porque eu não aceitava", diz. "Decidi encerrar a minha carreira no sertanejo por opção própria com Deus e a minha família."
Nathália isenta seus representantes da época, o produtor Rick Bonadio e o empresário Hamilton Policastro. "Só que propostas de fora chegam: 'que tal fazer isso na TV e aí dá isso, né?'. Era muito direto e era complicado", lamenta.
Entre 2007 e 2009, o sertanejo tinha um grande problema em relação à mulher, um meio muito fechado. A disputa por shows era muito difícil. A gente não pegava as melhores datas.
Splash questionou Nathália a respeito de nomes e situações em que as abordagens citadas teriam ocorrido, mas a cantora diz que, hoje em dia, não deseja mais revisitar esse passado. Bonadio e Hamilton foram procurados pela reportagem, mas não responderam aos pedidos de entrevista.
Voz de hits como "Você Vai Voltar Pra Mim", "Você Me Ensinou Amor", Nathália bombou em rádios e teve duas de suas músicas entre as mais tocadas do país por mais de um ano. Hoje ela mora com a família no Espírito Santo, onde é dona de um salão de beleza. "Cuido agora da beleza das mulheres e falo que hoje eu vivo dos bastidores. O pessoal vai se divertir e eu já trabalhei. Administro esse salão, cuido das mulheres e vivo minha vida bem tranquila, graças a Deus. A música tá aí no hobby."
Confira mais temas da entrevista com Nathália Siqueira:
Cantora afirma que não encerrou a carreira por migrar para o gospel. "Não é verdade. Quando encerrei, em 2011, a minha decisão foi pessoal, com meu Deus e em relação a minha família. Tinha uma criança de cinco anos e, praticamente, não consegui fazer muitas coisas com ele porque vivia na estrada. Meu marido vivia comigo e minha família ficava muito ao léu. Isso me incomodava muito."
De 2011 até hoje, a música é o que eu sempre quis que ela fosse: minha melhor amiga, um hobby mesmo e que não tivesse essa parte de politicagem. Essa parte que me obriga a fazer o que eu não quero que a música me faça.
Qual é o tipo de politicagem que você lidava nos bastidores? "Mulher na época era muito complicado, eram muitas gracinhas. Resumindo, era como muitos falam: 'Ah, tinha tipo o teste do sofá para você conseguir crescer'. Isso travava a minha carreira, porque eu não aceitava. Decidi encerrar no sertanejo por opção própria, de Deus e de minha família."
É mulher, né? Infelizmente, a gente ainda tem a onda do machismo. Hoje, eu sei que muitas mulheres estão conseguindo seguir as carreiras e eu espero que elas estejam conseguindo sem precisar ter passado por nada disso. É humilhante, é chato, é triste.
Vencer o Country Star mudou sua vida financeira? "Não vou mentir. O contrato de reality é muito claro que quem iria ganhar era quem investisse na carreira. A gravadora ganhava mais, o empresário ganhava depois e ainda tinha a participação da Band. No final, eu ficava com 10% dos ganhos e não mudava muita coisa."
O povo fala: 'por que você assinou?'. Eu ia saber que ia ganhar o programa? Sempre pergunto quando alguém me questiona: 'mas você não assinaria?. Claro que assinaria. É o seu sonho'. Não tenho raiva disso, pelo contrário, eu sabia o terreno que estava pisando. Estava ali para realmente realizar o meu sonho.
Nathália hoje canta por hobby e publica vídeos em seus canais no YouTube, TikTok e Instagram. "Gravo minhas canções em estúdio, clipes e tudo que sempre amei em relação à música. Essa vida para mim de correria, de não dormir, de realmente a música ser um martírio, eu não quero mais. Amo a música, mas como carreira eu até falo: 'Deus, se o senhor quisesse mesmo uma carreira gospel para mim, me fala na minha cabeça porque vontade não tenho."
Apesar de ter tido só quatro anos, a cantora afirma que viveu de tudo um pouco na carreira. "A parte que eu mais gostava era viajar para fazer rádio. Não sei se os artistas gostam, mas gostava muito. Para mim era muito gostoso conhecer cidades, bater um papo com os radialistas. Amava conhecer de pessoas novas. Na minha época não existia o Instagram, nem o celular com câmera, por isso eu não tenho registro de tudo que vivi. Tinha uma Tekpix para você ter uma ideia. Meu arrependimento é não poder mostrar tudo o que vivi em fotos."
Já me perguntei isso se mudaria alguma coisa. Eu acho que se eu mudasse alguma coisa talvez eu não estaria vivendo a plenitude que eu estou vivendo hoje. Não que minha vida seja perfeita, que ninguém tenha uma vida perfeita, mas talvez se eu mudasse alguma coisa eu não estaria vivendo uma vida mais calma.
Quais são seus sonhos hoje? "Espero criar meus filhos da forma correta que eles possam ser encaminhados, vê-los se tornar um homem uma mulher de Deus abençoados e poder ajudá-los nos sonhos deles."
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