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'Penso que esta turnê pode ser a última', diz Caetano Veloso

Caetano Veloso no 30º Prêmio da Música Brasileira - André Horta/Brazil News
Caetano Veloso no 30º Prêmio da Música Brasileira Imagem: André Horta/Brazil News

Colaboração para Splash, em São Paulo

04/06/2023 17h28

Caetano Veloso, 80, revelou que a sua atual turnê, intitulada 'Meu Coco', pode ser sua última "voando pelo mundo". A afirmação aconteceu em entrevista ao El Observador, onde disse querer voltar a viver na Bahia.

Última turnê?. "Acho que esta turnê pode ser a última que faço voando pelo mundo. Quero voltar a morar na Bahia e cantar lá todas as semanas — e que venha à minha terra quem quiser me ver e ouvir."

Ideia para o álbum 'Meu Coco'. "Comecei a escrever a música Meu Coco no verão de 2019, na Bahia. No começo era só uma batida rítmica, que eu fazia no violão, imaginando bateria pesada e percussão. Então os nomes de mulheres brasileiras conhecidas vieram até mim. Luana é uma modelo, agora uma senhora de idade, cujo nome era Simone Raimunda, uma linda negra que veio do bairro da Liberdade, em Salvador, na Bahia. A partir daí continuei com outros nomes — e isso me levou a pensar no meu gosto por nomes (na década de 1970 fiz um disco chamado Cores, Nomes); agora um amigo me disse, brincando, que Meu Coco poderia ser chamado de Nomes, Nomes"

História por trás da música Enzo Gabriel. "Quando a música Meu Coco ficou pronta, li em um jornal que o nome mais escolhido para os recém-nascidos brasileiros naquele ano havia sido Enzo Gabriel. Assim, um nome composto, colocado em milhares de crianças em todo o país. Isso mexeu comigo. Eu queria fazer uma música com esse tema. E deixei essa pergunta para aquela geração que estava vindo. O Brasil foi chamado de "País do Futuro" por Stefan Zweig, que vivia no Rio de Janeiro fugindo do nazifascismo europeu. No Rio, Zweig se suicidou, junto com a mulher, em 1942, ano do meu nascimento. Na música fica aquela dúvida entre esperançosa e angustiada sobre o futuro do Brasil."

Preocupação com o Brasil. "Há dias em que me sinto mais pessimista. Mas cultivo um otimismo programático: sem ele não há sentido de responsabilidade."