Quando a Netflix apresentou o reality Casamento às Cegas, a ideia era responder à seguinte pergunta: seria o foco nas aparências o motivo pelo qual relacionamentos não duram tanto quanto antigamente?
Depois de quatro temporadas americanas, duas brasileiras e uma japonesa, a resposta está mais do que clara: não.
O resultado do "experimento" não é exatamente uma surpresa. No reality, casais se conhecem e ficam noivos apenas ouvindo a voz um do outro, sem ver rostos. Ao fim dessa primeira fase, quem ficar noivo ganha uma lua de mel e finalmente vê a aparência da pessoa com quem pode se casar — e já teve gente que fugiu à primeira vista.
Depois, eles passam a morar juntos e conhecem família e amigos um do outro. Um mês depois do pedido de casamento, sobem ao altar e dizem se querem ou não seguir com a união.
No caso brasileiro, dos dez casais que o público acompanhou ao longo de duas edições, apenas um continua junto — e olhe lá. São Thamara e Alisson, da segunda temporada, que recentemente deixaram os fãs em dúvida sobre o futuro do relacionamento após o vazamento de fotos de Alisson beijando outra mulher.
Eles foram o único casal que de fato se casou no episódio final da segunda temporada. Na primeira, foram três casais que disseram "sim": Nanda e Thiago, Carol e Hudson e Lissio e Luana. Os dois primeiros já estavam separados no episódio de reunião, enquanto Lissio e Luana anunciaram o término em novembro do ano passado.
Se não é o foco na aparência, o que explica o fato de a maioria dos relacionamentos não terem durado mais de um ano?
Talvez se casar um mês depois de se conhecer não seja o melhor jeito de garantir uma relação duradoura. Quem sabe um reality show não seja o melhor local para testar teorias sobre relacionamentos humanos. Ou, talvez, os participantes não estivessem buscando um casamento longo e saudável.
No início do ano, quando os participantes do BBB 23 foram divulgados, descobrimos que Cezar Black e Tina Calamba também se inscreveram no reality da Netflix.
Vanessa Carvalho, da segunda temporada de Casamento às Cegas, já revelou que está de olho em uma vaga na Fazenda — Shayan, da primeira temporada, participou do programa da Record e até contou detalhes dos bastidores do programa da Netflix. Para quem participa, o verdadeiro prêmio do programa é a possibilidade de ficar famoso; um possível relacionamento é só um bônus.
Isso cria problemas para os casais que saem do reality, que acabam ganhando fama como dupla. Um término não é só um término: além do estresse do divórcio, também precisam lidar com o fim de contratos publicitários e da imagem que os dois construíram juntos.
Também cria problemas para a Netflix, que tem em suas mãos um programa cuja premissa vai se provando mais frágil a cada temporada.
Só não cria problemas para mim. Como telespectadora, se quiser assistir a uma edição cujos participantes estão realmente preocupados com casamento, posso escolher as temporadas americana ou japonesa do programa, que somadas têm nove casais ainda juntos.
Quando assisto à versão brasileira de Casamento às Cegas, já sei que a dinâmica é outra. Amanhã, quando a terceira temporada estrear, pretendo dar play com duas metas: adivinhar quem vai dizer "sim" no altar e qual participante conseguirá garantir uma vaga em outro reality.
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