'Luta dupla': drags imigrantes levam lhamas e bandeira de união à Parada
Se construir a vida fora do país de origem não é das coisas mais fáceis, imagine fazer isso sendo LGBTQIA+.
Para lançar luz sobre essa realidade, ativistas imigrantes foram à avenida Paulista no último domingo para participar da 27ª Parada do Orgulho LGBT+, em São Paulo.
"Estar aqui é uma luta dupla. Às vezes tripla, porque muitos de nós também carecemos de moradia digna", aponta Cholita Drag Florencia, drag queen imigrante boliviana que mora em São Paulo.
"[Estar aqui é] muito importante, porque nós, como imigrantes, temos direitos. Como cidadãos, brasileiros ou bolivianos, como LGBT, temos direitos."
Na concentração do evento, ela e amigos ouviam com atenção a fala de Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, que destacou o dever do Estado de garantir à comunidade LGBTQIA+ o direito de existir.
Florencia tem 36 anos e é cuidadora de idosos, além de fazer animações de eventos com a temática da cultura dos Andes. Ela é natural da região do Beni, próximo a La Paz.
Na Parada, o grupo dela estava vestido com roupas típicas e carregava fantoches de lhamas, animal comum da região. "Incentivei e animei meus amigos para mostrar a diversidade dos imigrantes e refugiados LGBTs em São Paulo", contou ao UOL.
Estar aqui é para mostrar que existimos e trabalhamos duro por São Paulo, pelo Brasil, pagamos impostos. Queremos a revolução do país porque a gente trabalha, a gente acorda, a gente estuda. O Brasil nos acolheu, essa grande Pachamama [divindade dos povos indígenas dos Andes que representa a Mãe Terra].
A também drag Úrsula Trevi, de 29 anos, que é estilista, estava com Florencia no domingo.
Ela é natural de La Paz e vive no Brasil há 14 anos. Para Úrsula, a importância de estar na Parada do Orgulho LGBT+ como imigrante é demonstrar a união entre os povos.
"A gente está atrás de uma luta não apenas por ser imigrante, mas também por ser LGBT. Eu acho que, independentemente de onde for, nós precisamos participar e apoiar."
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