'Dupla de sucesso na ficção e vida real': por que Avenida Brasil deu certo?

"Avenida Brasil" deixou de ser exibida há dez anos, mas continua no imaginário dos noveleiros. Duas personagens, em especial, são lembradas por cenas que pararam o país: Carminha, interpretada por Adriana Esteves, e Rita/Nina, vivida por Débora Falabella.

Por que essas duas personagens são tão lembradas e "Avenida Brasil" ainda continua fresca na memória do público? As atrizes comentam em papo exclusivo com Splash em jantar de reencontro promovido pela cerveja Stella Artois recentemente.

"Débora e eu temos uma trajetória bonita, bem diferente uma da outra. De repente, surge esse trabalho, essa novela em que a gente consegue unir o nosso caminho, uma faz parte da trajetória da outra... Foi uma dupla de sucesso na ficção e na vida real. A gente fez um jogo bonito", diz Adriana, orgulhosa.

"E uma novela que deu muito certo, com atores maravilhosos, com uma direção incrível, com um texto muito maravilhoso. A gente não faz nada sozinho. A gente precisou de toda uma equipe para que essa dupla, para que essa história, para que todos esses atores se sobressaíssem. Foi um acontecimento mesmo", opina Débora.

As atrizes acreditam que "Avenida Brasil" mudou a forma de se fazer e ver novela. A trama de João Emanuel Carneiro, exibida entre março e outubro de 2012, foi uma das primeiras novelas a ser exibida na TV e comentada em tempo real em uma segunda tela, a internet. A história de Carminha, Rita e companhia causou burburinho no Twitter.

Eu acho que ela sacudiu (a TV brasileira), sim. A partir da novela eu ouvi dizer, a gente vê que muitas pessoas tentando se inspirar, repetir o sucesso, fazer coisas semelhantes. Isso é um mérito bem grande do João Emanuel.
Adriana Esteves

Débora, que reforça a importância da teledramaturgia para a cultura brasileira, pensa que o autor foi influenciado, de alguma maneira, por mudanças recentes na maneira de consumir produtos audiovisuais. Isso poderia explicar a agilidade da narrativa. "Já tinha um olhar para essa nova maneira de se ver as séries", acredita.

Sucesso na TV e nas redes

O sucesso era enorme, mas as atrizes não tiveram a dimensão dele logo de cara, seja pelo trabalho excessivo que consumia boa parte do tempo dos atores ou porque, ma época, elas não eram ligadas no Twitter ou Instagram — Adriana até hoje não tem perfis nas redes.

"A gente trabalhava muito e não tinha acesso (à repercussão). O Vlad (Vladimir Brichta, marido de Adriana Esteves) comentava assim: 'A Adriana não está sabendo do que está acontecendo lá fora'", lembra. "Agora está um pouco mais fácil de a gente ficar sabendo", completa ela, que fica sabendo dos memes até hoje por meio dos amigos.

"Na época, não era ligada em rede social ainda. Então, eu não acompanhava. Agora, as redes sociais são engraçadas. Hoje, eu entendo que você vê uma novela e já sai no Instagram, já sai no Twitter. Eu sei que essas coisas acontecem, mas na época de Avenida Brasil, eu nem lembro. Eu lembro que tinha os memes. Eu lembro que tinha muito meme. E era um negócio assim, no YouTube", diz Débora.

Elas se divertem ao ouvir que o país esteve unido pela última vez durante a exibição da novela. Não à toa que a exibição do último capítulo virou tema de reportagem no "Jornal Nacional" e deixou as ruas vazias.

"Era uma época boa, né?", diz Débora. "(O país) estava bem politicamente", completa Adriana Esteves, antes de dizer que apesar de lembrar da trama positivamente não é saudosista:

"Eu não sou muito nostálgica, saudosista, não. Não sou. Eu tô sempre com o olho no presente ou no futuro. É uma gratidão pelo que passou. Uma felicidade e uma esperança de coisas novas para frente."

Números do sucesso

"Avenida Brasil" foi a última novela a superar a marca de 50 pontos no Ibope. Registrou 52 pontos na Grande São Paulo no último capítulo, que foi visto por mais de 80 milhões de brasileiros.

A trama foi vendida a mais de 130 países, segundo o site Memória Globo. Fez sucesso em países como Argentina, Uruguai e Portugal.

"Avenida Brasil" foi indicada ao Emmy Internacional 2013, mas perdeu a categoria de melhor novela para "Lado a Lado" (2012), também da Globo.