Kelly Key apresentadora, Dragon Ball Z: que fim levou o programa Band Kids?

Aproveitando a grande repercussão dos animes japoneses no Brasil no fim da década de 90, a Band colocou no ar em 2000 o programa Band Kids com desenhos novos e apresentadora trajada de guerreira e caiu no gosto do público infantil trazendo o anime Dragon Ball Z.

Com o passar dos anos, o programa acabou sofrendo a perda de desenhos para concorrência, trocou apresentadores — tendo até a cantora Kelly Key e o ator Luciano Amaral no casting — e hoje segue no ar pelo canal, mas sem o mesmo brilho dos anos 2000.

Como era o Band Kids que fez sucesso com a criançada há 22 anos? Splash relembra a história do programa infantil para você!

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A história

Após o sucesso dos animes Pokémon na Record e Digimon na Globo, a Band decide brigar pela atenção do público infantil e lança o Band Kids em 14 de agosto de 2000 com a saga Dragon Ball Z como carro chefe.

O anime chegou a ser exibido pelo SBT anos antes com o personagem Goku ainda criança, mas a edição com o herói japonês lutando contra Freeza e descobrindo os poderes de super saiyajin foi um marco para atração.

O diferencial do Band Kids era o horário. Exibido de segunda a sexta-feira no horário das 15h às 17h, a atração era um alivio para os jovens que estudavam de manhã e não aguentavam mais assistir os programas de fofoca ou jornalísticos policialescos que tomavam as grades de programação no fim da tarde.

"A gente quer criar um público infantil nosso, que fica meio sem opção nessa faixa da tarde, dominada por programas femininos. Em um primeiro momento, é claro que vamos tentar conseguir isso por meio de desenhos. São eles que atraem a audiência, sem dúvida. Mas, depois, a ideia é ampliar as atrações até criar o canal", disse o vice-presidente do canal da época, Roberto de Oliveira, à Folha, em 2000.

O sucesso de Dragon Ball Z também fez os animes Bucky, El Hazard, Tenchi Muyo!, entre outros, colocar o Band Kids na briga pelo topo da audiência em 2000.

Uma guerreira na apresentação

Outro fator que fez o Band Kids ser querido pelos jovens foi a proposta de colocar a apresentadora Renata Sayuri para interpretar uma jovem na busca para se tornar uma guerreira — ela deu a vida a personagem Kira.

Em meio as exibições dos desenhos, Kira interagia com o robozinho Yuki e com o grande Olho, uma espécie de oráculo, para cumprir os desafios para ela conseguir se tornar uma heroína.

"Apesar de não ser um programa educativo, a Kira vai falar de cidadania e outros temas importantes enquanto luta por seu objetivo", afirmou o diretor, em entrevista à Folha de São Paulo, em 2020.

Em entrevista ao canal "Só Observo", a apresentadora Renata Sayuri contou que o programa era um dos campões de cartas do público. Ela ainda afirmou que não imaginava que o enredo de Kira iria fazer sucesso.

"Ficávamos surpresos com o volume de emails e cartas recebidas de todo país, e perceber como ela (a Kira) entrava no universo imaginário do público, como se fosse uma personagem tão construída, assim como o próprio Goku", detalhou.

Derrota para a Globo

Satisfeita com a audiência e retorno de publicidade do Band Kids, a Band mudou o horário do programa em 2001 para 16h às 18h, com a intenção de colocá-lo na disputa com as novelas da Globo e os jornalísticos policialescos de outros canais.

Entretanto, a emissora da família Saad não esperava não conseguir vencer a concorrência da Globo na compra da sequência de Dragon Ball Z e vê o seu maior trunfo de audiência dar adeus a sua programação.

Dona de desenhos como Digimon, Monster Rancher, Sakura Card Captors, entre outros, a emissora da família Marinho compra o anime no auge do interesse dos fãs para saber como seria a continuidade da história após a morte de Goku e o crescimento do filho Gohan na saga Boo.

Diante do duro golpe, a Band decide manter a atração no ar trazendo reprises do anime, mas como a novidade já estava em outro canal perdeu o apelo. Em junho de 2001, o canal tira a apresentadora Renata Sayuri e recoloca a atração no horário das 15h como um bloco direto de desenhos.

Kelly Key, Luciano Amaral e a decadência

O Band Kids chegou a sair do ar em 2003 diante da falta de novidades, mas voltou a grade de programação no ano seguinte com a cantora Kelly Key como grande trunfo e o desenho Cavaleiros do Zodíaco como aposta.

A apresentadora iniciou o comando do programa infantil tentando repetir os mesmos moldes da sua experiência na MTV Brasil. Durante a tentativa de reerguer a atração, ela descobriu a gravidez de seu segundo filho (Jaime) e não voltou mais a atração após entrar de licença-maternidade no fim de 2004.

No ano seguinte, o Band, mais uma vez, passa a exibir o programa sem apresentador e o ajusta para entrar no ar às 13h. No entanto, sem engrenar, a atração é transferida para as manhãs de sábado, acaba indo parar no domingo e é cancelado no fim de 2006.

Em nova tentativa de reerguer a atração, a emissora da família Saad aposta no ator Luciano Amaral — famoso pelo papel de Pedro em Castelo Rá-Tim-Bu — como apresentador em 2007, mas somente para as praças São Paulo e Brasília. Um mês depois do reinício do projeto, o ator troca a Band pela RedeTV! e causa um novo fim do Band Kids.

Em 2009, a Band fecha parceria com o canal de TV por assinatura Nickelodeon para ter seriados como iCarly, Zoey 101 e Drake & Josh e desenhos animados como Ei Arnold!, Jimmy Neutron, A Vida Moderna de Rocko e Invasor Zim e aposta em um formato de programa com quatro crianças apresentadores — estilo Disney Cruj (SBT) no fim da década de 90.

Com a falta de repercussão do programa, a Band dispensa os jovens no ano seguinte e mantém o Band Kids no ar somente como um bloco direto de desenhos — assim como ocorreu em anos anteriores — e fica no ar até o fim de 2014.

Em 2020, o canal voltou a utilizar o nome Band Kids como um quadro no programa Mundo Animado. Atualmente, o Band Kids é exibido pela emissora da família Saad como bloco de desenhos nas manhãs de sábado para as praças São Paulo, Minas Gerais, Brasília, Ceará, Maceió, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Tocantins.