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'Prova oral' e playlist: como é a luta contra cambistas na fila da Taylor?

Taylor Swift vem ao Brasil em novembro deste ano - Omar Vega/Getty Images
Taylor Swift vem ao Brasil em novembro deste ano Imagem: Omar Vega/Getty Images

De Splash, em São Paulo

21/06/2023 15h19Atualizada em 22/06/2023 18h34

Os fãs brasileiros de Taylor Swift estão passando por momentos de tensão para conseguir comprar os ingressos para os shows que acontecerão em novembro, no Rio e em São Paulo. Além da grande procura, há uma figura vilanesca que marca presença nesses casos: os cambistas.

Durante as vendas físicas que aconteceram na última semana, muitos foram os relatos sobre pessoas que compravam as entradas para depois revendê-las, o que é considerado ilegal. Para combater a ação, medidas peculiares estão sendo tomadas, desde revistas até checagem de playlists no celular.

Agora, os fãs que não conseguiram ainda comprar depositam as esperanças na venda geral para o novo show da cantora, que acontecerá na quinta-feira de manhã. Para isso, alguns estão acampando em barracas na frente do Allianz Parque, estádio onde acontecerá a apresentação e a venda.

Splash foi ao local para saber como a T4F, a empresa responsável pelo show, e os acampantes estão lidando com a situação dos cambistas.

À procura dos cambistas

Acampado na porta do estádio desde domingo, o confeiteiro Richard Sanches, 24, contou à reportagem que agentes da organização estão trabalhando ativamente para tirar os cambistas da fila.

Eles estão procurando a fundo, se tiver um aqui agora, acredito eu, será impossível identificar. Se tiver, eles está bem escondido. Eu diria que não tem.

A estudante Julia Bonin, 21, disse que os agentes questionam se a pessoa que está na fila é fã de verdade da cantora e fazem perguntas sobre a cantora - daquelas que apenas quem realmente acompanha saberia. "Parece uma chamada oral. Estão pedindo para abrir o celular e mostrar as playlists com as músicas dela, nesse nível."

Fãs estão acampados na porta do Allianz Parque para comprar ingressos para o show da Taylor Swift - Fernanda Talarico/ UOL - Fernanda Talarico/ UOL
Fãs estão acampados na porta do Allianz Parque para comprar ingressos para o show da Taylor Swift
Imagem: Fernanda Talarico/ UOL

Richard contou ter visto quatro cambistas serem retirados da fila. Segundo o jovem, os agentes disseram que eles poderiam comprar apenas quatro ingressos cada - a T4F liberou apenas quatro por CPF. Percebendo que não valeria mais a pena, as pessoas foram saindo.

A reportagem chegou a ser abordada por agentes que questionaram a presença. Ao saberem que se tratava de imprensa, negaram explicar o protocolo adotado.

Procurada por Splash, a T4F não confirmou as ações. Por meio de uma nota oficial, publicada no Instagram, a empresa apenas diz que adotou medidas contra a revenda ilegal.

"Para garantir a segurança da operação de venda nas bilheterias físicas, tivemos reuniões prévias com órgãos públicos, incluindo a Guarda Municipal, Polícia Civil e Polícia Militar, em São Paulo e no Rio de Janeiro, e temos o compromisso dessas instituições em aumentar o efetivo presente nos locais. Além disso, seguiremos com a organização de filas, distribuição de senhas para controle do atendimento e a presença de agentes de segurança, orientadores de público e apoio operacional", diz a publicação.

O que aconteceu?

Em 19 de junho, a Polícia Civil de São Paulo deteve 26 cambistas —24 homens e 2 mulheres— na Operação Ingresso Limpo durante a venda de ingressos para o show de Taylor Swift em São Paulo. Eles são investigados por "crime contra a economia popular".

Operação foi realizada pelo DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania) em conjunto com o Procon-SP para combater a atuação de cambistas na compra de ingressos do evento. Foram apreendidos 19 cartões de crédito, uma máquina de cartão e um telefone celular que estava em posse do grupo suspeito.

Polícia Civil abriu inquérito para investigar os cambistas detidos na operação após o Ministério Público aceitar a denúncia do Procon-SP. "Temos um inquérito policial já insaturado, desde a semana passada, que visa investigar a prática de cambismo. Essa prática configura crime contra a economia popular.

No Rio, a T4F foi notificada pelo Procon-RJ duas vezes. Caso sejam identificadas violações, a multa pode chegar a R$ 13 milhões.

O caso chegou ao Congresso: dois deputados federais apresentaram projetos de lei contra a prática de cambismo.

Os fãs de Taylor Swift relataram uma série de problemas para comprar ingressos para os primeiros shows da cantora anunciados no Brasil. Alguns passaram o final de semana acampando nas filas no Rio de Janeiro e em São Paulo, comprou briga com supostos cambistas e até chamou a polícia para resolver a confusão.

O que diz a lei?

Cambismo é crime contra a economia popular, previsto na Lei 1.521, promulgada em 1951 pelo ex-presidente Getúlio Vargas.

É considerado cambista quem "favorecer ou preferir comprador ou freguês em detrimento de outro, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores" e também "quem celebrar ajuste para impor determinado preço de revenda ou exigir do comprador que não compre de outro vendedor"

Segundo a lei, quem cometer cambismo está sujeito a seis meses a dois anos de detenção, além de multa.