'Prova oral' e playlist: como é a luta contra cambistas na fila da Taylor?
Os fãs brasileiros de Taylor Swift estão passando por momentos de tensão para conseguir comprar os ingressos para os shows que acontecerão em novembro, no Rio e em São Paulo. Além da grande procura, há uma figura vilanesca que marca presença nesses casos: os cambistas.
Durante as vendas físicas que aconteceram na última semana, muitos foram os relatos sobre pessoas que compravam as entradas para depois revendê-las, o que é considerado ilegal. Para combater a ação, medidas peculiares estão sendo tomadas, desde revistas até checagem de playlists no celular.
Agora, os fãs que não conseguiram ainda comprar depositam as esperanças na venda geral para o novo show da cantora, que acontecerá na quinta-feira de manhã. Para isso, alguns estão acampando em barracas na frente do Allianz Parque, estádio onde acontecerá a apresentação e a venda.
Splash foi ao local para saber como a T4F, a empresa responsável pelo show, e os acampantes estão lidando com a situação dos cambistas.
À procura dos cambistas
Acampado na porta do estádio desde domingo, o confeiteiro Richard Sanches, 24, contou à reportagem que agentes da organização estão trabalhando ativamente para tirar os cambistas da fila.
Eles estão procurando a fundo, se tiver um aqui agora, acredito eu, será impossível identificar. Se tiver, eles está bem escondido. Eu diria que não tem.
A estudante Julia Bonin, 21, disse que os agentes questionam se a pessoa que está na fila é fã de verdade da cantora e fazem perguntas sobre a cantora - daquelas que apenas quem realmente acompanha saberia. "Parece uma chamada oral. Estão pedindo para abrir o celular e mostrar as playlists com as músicas dela, nesse nível."
Richard contou ter visto quatro cambistas serem retirados da fila. Segundo o jovem, os agentes disseram que eles poderiam comprar apenas quatro ingressos cada - a T4F liberou apenas quatro por CPF. Percebendo que não valeria mais a pena, as pessoas foram saindo.
A reportagem chegou a ser abordada por agentes que questionaram a presença. Ao saberem que se tratava de imprensa, negaram explicar o protocolo adotado.
Procurada por Splash, a T4F não confirmou as ações. Por meio de uma nota oficial, publicada no Instagram, a empresa apenas diz que adotou medidas contra a revenda ilegal.
"Para garantir a segurança da operação de venda nas bilheterias físicas, tivemos reuniões prévias com órgãos públicos, incluindo a Guarda Municipal, Polícia Civil e Polícia Militar, em São Paulo e no Rio de Janeiro, e temos o compromisso dessas instituições em aumentar o efetivo presente nos locais. Além disso, seguiremos com a organização de filas, distribuição de senhas para controle do atendimento e a presença de agentes de segurança, orientadores de público e apoio operacional", diz a publicação.
O que aconteceu?
Em 19 de junho, a Polícia Civil de São Paulo deteve 26 cambistas —24 homens e 2 mulheres— na Operação Ingresso Limpo durante a venda de ingressos para o show de Taylor Swift em São Paulo. Eles são investigados por "crime contra a economia popular".
Operação foi realizada pelo DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania) em conjunto com o Procon-SP para combater a atuação de cambistas na compra de ingressos do evento. Foram apreendidos 19 cartões de crédito, uma máquina de cartão e um telefone celular que estava em posse do grupo suspeito.
Polícia Civil abriu inquérito para investigar os cambistas detidos na operação após o Ministério Público aceitar a denúncia do Procon-SP. "Temos um inquérito policial já insaturado, desde a semana passada, que visa investigar a prática de cambismo. Essa prática configura crime contra a economia popular.
No Rio, a T4F foi notificada pelo Procon-RJ duas vezes. Caso sejam identificadas violações, a multa pode chegar a R$ 13 milhões.
O caso chegou ao Congresso: dois deputados federais apresentaram projetos de lei contra a prática de cambismo.
Os fãs de Taylor Swift relataram uma série de problemas para comprar ingressos para os primeiros shows da cantora anunciados no Brasil. Alguns passaram o final de semana acampando nas filas no Rio de Janeiro e em São Paulo, comprou briga com supostos cambistas e até chamou a polícia para resolver a confusão.
O que diz a lei?
Cambismo é crime contra a economia popular, previsto na Lei 1.521, promulgada em 1951 pelo ex-presidente Getúlio Vargas.
É considerado cambista quem "favorecer ou preferir comprador ou freguês em detrimento de outro, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores" e também "quem celebrar ajuste para impor determinado preço de revenda ou exigir do comprador que não compre de outro vendedor"
Segundo a lei, quem cometer cambismo está sujeito a seis meses a dois anos de detenção, além de multa.
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