15 shows, 4 ônibus e 36 dias: os bastidores da turnê internacional dos Gil
Em qualquer família há desavenças por razões superficiais e cotidianas. Um que não quer fazer os planos coletivos, ou outro que vira a piada ao falar alguma coisa em um momento inconveniente. Faz parte. A diferença é quando a família em questão é uma das mais proeminentes da arte e da cultura brasileiras: a família Gil.
São esses os momentos, entre um show e outro da porção internacional da turnê "Nós A Gente", que fazem a diferença e trazem um aconchego no reality "Viajando com os Gil". Trata-se da segunda temporada do programa feito pelo Prime Video. Os primeiros episódios, "Em Casa com os Gil", mostravam os preparativos da turnê durante uma reunião da família em Araras, interior do Rio de Janeiro.
Desta vez, a família Gil e a equipe de filmagem partiram para a Europa para os shows e registros da turnê. Eram quatro ônibus — três para a família e um para a equipe — que rodaram o continente africano e a Europa durante pouco mais de um mês fazendo um total de 15 shows, do Marrocos à Suíça.
"Acho que a alimentação natural. De tudo, do corpo, através do alimento, e um pouco de ginástica, de uma disposição de gostar do espelho", diz Gil a Splash, quando questionado sobre o segredo de tanta disposição à beira dos 81 anos, completados na segunda-feira (26) com uma nova versão de "Aquele Abraço" lançada no Amazon Music.
"E também a parte espiritual toda, através do exercício das linguagens, sendo que a música tem sido sempre a principal delas."
Em seis episódios de "Viajando com os Gil", acompanhamos o andamento da turnê em família que comemora os 80 anos do cantor e compositor. Ao lado da esposa, de filhos e netos, o múltiplo artista mostra ao mesmo tempo a força que nunca perdeu sobre os palcos e a leveza respeitosa que circunda seu lado familiar.
A impressão que fica é que, representados pela câmera, somos praticamente um terceiro elemento ali em saguões de hotel e ônibus de viagem. Não no sentido de intrusos, mas no sentido de convidados com um lugar privilegiado para vermos que, mesmo rodeados de tanta arte, tanto acesso e tanto requinte, os Gil não são muito diferentes do que nós mesmos somos em nossas vidas.
Ou são, e neste caso a mudança é para melhor. Entre Bela Gil contando a reação do pai à separação de Nara e Wellington, e alguns momentos em que Bem precisa colocar ordem na relação entre os filhos, o que descobrimos é uma naturalidade na forma de se lidar com as comunicações (e até mesmo com as hierarquias etárias) de fazer inveja a muita gente que anda faltando à terapia.
No caso desse projeto, havia a batuta do Andrucha [Waddington, diretor], as exposições da Malu [Miranda, head de originais da Amazon Studios no Brasil] e de toda a equipe de gente próxima e com um grau de intimidade bastante palpável. A gente se valia muito disso, do fato de sermos pessoas já íntimas.
Gilberto Gil, sobre a intimidade com a câmera
"Imagina um diretor sem saber o nome de todo mundo? Não daria. O resultado da espontaneidade é por conta da intimidade", completa Flora. "E também por conta do confinamento, ficamos um mês na casa em Araras para a primeira temporada."
Contra o sensacionalismo
Andrucha explica que o objetivo das abordagens era sempre no sentido de ir contra polemizar ou espetacularizar os momentos captados pela câmera. Por isso, até mesmo eventuais discussões e desentendimentos, o que transparece não é nada fora da rota em qualquer ambiente familiar saudável.
"De perto, nenhuma família é normal", diz Andrucha.
"E muito menos a nossa", completa Flora.
"E era uma coisa de confiança, e também saber os limites para não sensacionalizar e ao mesmo tempo ser autêntico e verdadeiro. Era uma turnê de trabalho, onde o objetivo era fazer 15 shows ao longo de um período de trinta e tantos dias. O objetivo era que essa câmera desaparecesse, virasse como se fosse mais uma pessoa ali dentro", completa o diretor.
E a favor da naturalidade das crianças
Para Gil, como as crianças agiam em cada show, e a reação do público diante da presença deles, é algo que comove nesta nova leva de episódios.
"São todos artistas. É muita gente, muito artista nessa família. E é mesmo um pouco isso, todos. Com os vários graus de profissionalização, os vários graus de amadorismo. Acho que é isso que vai ficar mais claro para o público", diz o compositor.
É claro, há exceções.
"Acho que das crianças, o que não quer aparecer muito e que não gosta, não é que não gosta de música, mas não se interessa muito, é o Nino, filho da Bela, que tem sete anos", conta Flora.
Nino, você vai para o palco? Não, eu queria ser cientista.
Flora Gil
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