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Reservado e sem bode com nudez: a vida do novo galã da Globo fora da TV

Diogo Almeida, protagonista de "Amor Perfeito" - Divulgação/Globo
Diogo Almeida, protagonista de 'Amor Perfeito' Imagem: Divulgação/Globo

De Splash, no Rio

27/06/2023 04h00

Diogo Almeida, 38, atua desde os 11 anos, mas só agora ganhou a oportunidade de viver um grande personagem na TV, o médico Orlando, protagonista de "Amor Perfeito" (Globo).

Reservado, o psicólogo e ator da zona oeste carioca fica sem graça ao ser colocado no lugar de galã, mas não nega a felicidade de ser protagonista de uma novela — posto negado historicamente a atores negros.

"Estou aprendendo a ser protagonista... Sou um homem que me cuido, procuro estar bem no meu cotidiano. Sobre ser um galã: vem mais da forma que as pessoas me enxergam. Não dou vida ao Orlando pensando nessa questão. Sei que é uma posição de diferencial, é um mocinho, confesso que não penso muito, mas é importante estar nesse lugar de galã."

O lugar de galã era para ter sido de homens pretos há muito tempo. Diogo Almeida

Ser protagonista na Globo gera curiosidade sobre a vida pessoal de Diogo, que conseguiu conciliar a carreira artística e os atendimentos terapêuticos até aqui. É novidade ser perguntado sobre relacionamentos e assuntos pessoais, mas ele diz tirar de letra e não se incomodar.

"É consequência do trabalho. Aonde eu vou, as pessoas querem trocar, falar, dar sua opinião. É um termômetro...
Está tudo bem, respondo o que acho que devo responder. Não tenho nenhuma questão em relação a isso, sigo vivendo", diz ele, aos risos.

Diogo Almeida vai lançar seu primeiro livro em agosto - Márcio Farias - Márcio Farias
Diogo Almeida vai lançar seu primeiro livro em agosto
Imagem: Márcio Farias

Ele também revela ser desencanado com a nudez. Não vê problemas em ficar nu em cena desde que haja um propósito. No longa "Corazón Errante" (2021), ele dividiu cenas quentes com o ator argentino Leonardo Sbaraglia, conhecido pelo filme "Relatos Selvagens", e com o brasileiro Tuca Andrada. Eles fazem uma cena de sexo a três.

"Nesse filme, eles tiveram bastante cuidado com as cenas. Nunca tinha ficado nu em cena, só tinha feito um ensaio artístico. Não tenho nenhuma questão com a nudez, mas a gente não fica tão confortável no início... Queria entender de que forma essa nudez seria mostrada. Depois que a gente gravou e assisti ao filme, eu fiquei feliz. Não tenho problema com nudez, contando que não seja um nu só por ficar nu ou chamar atenção."

Fora da telinha

Dar vida a Orlando ocupa boa parte dos dias de Diogo. Com uma rotina intensa, ele passa horas nos estúdios da Globo no Rio e, por isso, precisou diminuir significativamente seu trabalho como psicólogo. Mas ele conseguiu um jeito de manter um pezinho na psicologia.

"Tive que encaminhar alguns pacientes, mas ainda sigo fazendo rodas de conversa sobre violências contra mulheres. Vamos fazer uma edição em julho."

No papo com Splash, ele revela o que faz nas horas vagas. Ele gosta de ler livros de Conceição Evaristo e Djamila Ribeiro, se aventurar na cozinha fazendo variados tipos de risoto, sua especialidade, mas nem sempre consegue tempo em meio às gravações ao lado de Camila Queiroz e elenco.

"Não to lendo nenhum livro agora, só os roteiros da novela. (risos) Leio poesias de Fernando Pessoa e o livro "Toda Poesia" [de Paulo Leminski]. Leio uma poesia aqui, outra depois", diz ele, que vai lançar seu primeiro livro em agosto, o "Com Afeto, Kayin".

"Também gosto muito de viajar. Tenho o desejo de conhecer todos os países. Tenho feito pelo menos uma viagem internacional por ano. Adoro e me faz bem entrar em contato com outras culturas. Quero seguir conhecendo mais. Tenho vontade de voltar a Portugal, ao Canadá. O Orlando morou no Canadá."

Diogo Almeida acredita que "Amor Perfeito" é um marco de representatividade - Márcio Farias - Márcio Farias
Diogo Almeida acredita que "Amor Perfeito" é um marco de representatividade
Imagem: Márcio Farias

Representatividade

Para o ator, seu personagem na novela das 6 é referência para crianças pretas, não só por Orlando ser um médico negro nos anos 1940, mas também por ser um homem íntegro e bem-sucedido.

Mostrar o homem preto num lugar que não é mostrado. Homens e mulheres pretas não tinham família nas novelas.

"Agora, temos personagens que falam e contam suas histórias. Estar nesse lugar é uma realização. Sempre desejei, embora a gente se depare com desafios no caminho. Quantos não quiseram anos atrás e não puderam porque tinham talento, mas não se encaixava dentro do padrão."

Para o futuro, Diogo quer que o personagem siga inspirando a audiência e termine feliz ao lado de Marê (Camila Queiroz) e do filho, Marcelino (Levi Asaf). Pessoalmente, o ator quer novas oportunidades e abrir caminhos com sua arte.

"Uma caminhada de evolução, dar vida a outros personagens na teledramaturgia e mostrar todas as faces que Diogo Almeida pode ter."