Emojis e ofensas: brasileira sofre ataques racistas após vídeo com Axl Rose
A brasileira Erica Mindegaard, que vive há 13 anos na Dinamarca, vem sendo alvo de ataques racistas após a divulgação de um vídeo com o cantor Axl Rose, do Guns N' Roses. A imprensa brasileira tratou o caso como uma traição de Erica, que estava com o marido, mas ela nega isso.
Nas imagens, Erica aparece conversando com o cantor em um bar em Copenhague. Segundo a brasileira, ela e o marido foram tomar um drinque no bar do hotel em que a banda estava hospedada, no dia 16 de junho. Quando ela foi ao banheiro, o segurança do cantor a abordou e pediu para que ela fosse até a mesa de Axl.
"Eu sentei do lado dele e conversamos. Ele perguntou meu nome, me deu um abraço e dois beijos no rosto. Foi isso", disse Erica a Splash.
Ataques racistas nas redes sociais
Segundo ela, a conversa foi gravada e o vídeo começou a circular em grupos de brasileiros que moram na Dinamarca. A história era de que Erica teria traído o marido com Axl Rose —o que, segundo ela, não aconteceu.
"Meu marido viu tudo da mesa onde ele estava. Foi tudo normal", afirmou Erica.
Após a reprodução da história na imprensa brasileira, porém, Erica começou a receber ataques em seu perfil no Instagram. Nas mensagens há xingamentos racistas, xenófobos e misóginos, vindo principalmente de brasileiros.
As pessoas estão comentando em todas as minhas fotos, chamando meu esposo de corno. Uma pessoa comentou com o emoji de um boi segurando uma macaca no colo. Estão indo até no perfil dele, dizendo que ele deve se separar de mim e que eu tenho que voltar para o Nordeste. (...) O meu marido está sem acreditar que uma coisa tão banal tenha gerado tantas ofensas.
Erica Mindegaard
Nas mensagens privadas, uma usuária chamou Erica de "preta feia" e afirmou que não sabe "por que os gringos ainda se misturam com essa 'raça suja'".
A família de Erica, que vive na cidade natal da brasileira —Caxias, no Maranhão —também está sofrendo com a história.
"Todo mundo se conhece lá. As pessoas começaram a fazer piadinhas, memes com o meu esposo. Minha mãe, que é evangélica, parou de ir à igreja nos últimos dias. por causa dos comentários", diz.
Brasileira pretende denunciar ofensas
Erica trabalha como enfermeira e tem dois filhos, uma menina de 12 anos e um menino de 8. Além de denunciar as ofensas nas próprias redes sociais, ela afirma estar guardando prints dos ataques para fazer queixas formais à polícia brasileira.
Em janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou uma lei que equipara o crime de injúria racial ao de racismo, ampliando as penas. Com isso, esse tipo de crime pode ser punido com reclusão de dois a cinco anos. A injúria racial é definida como a ofensa a um indíviduo em razão de sua raça, cor, etnia ou origem.
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