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Repórter da Globo torturado e queimado: morte que chocou o país faz 21 anos

De Splash, em São Paulo

29/06/2023 04h00

Tim Lopes foi morto há 21 anos, em 2 de junho de 2002, a mando do traficante Elias Maluco. Repórter da Globo, ele foi torturado, morto e queimado enquanto fazia uma reportagem investigativa na Vila Cruzeiro, favela da zona norte do Rio de Janeiro.

Sua história será tema da série documental "Onde Está Tim Lopes?", do Globoplay, que estreia nesta quinta (29). Dividida em quatro episódios, a produção é dirigida e roteirizada por Bruno Quintella, também jornalista e filho de Tim Lopes; é ele quem conduz boa parte das entrevistas e traz seus relatos pessoais sobre o pai.

O que aconteceu?

Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento era jornalista e tinha 51 anos. Tim Lopes era apelido.

Apurava uma matéria sobre prostituição de menores de idade e consumo de drogas em um baile funk.

Segundo a polícia, Tim foi identificado por um segurança do tráfico, que encontrou uma microcâmera escondida com o repórter.

O traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, era líder do Comando Vermelho e ordenou a morte do jornalista.

O criminoso teria feito questão de matar Tim em represália à reportagem "Feira das Drogas", do Jornal Nacional. O trabalho ganhou o Prêmio Esso de Telejornalismo de 2001.

Tim Lopes foi levado para o morro da Grota, no Complexo do Alemão, onde foi torturado e atingido por um golpe de espada no tórax. Tim teve as pernas cortadas e foi queimado dentro de pneus, um método chamado de "micro-ondas" — usado para não deixar vestígios do crime.

Buscas pelo corpo do jornalista da Globo revelaram um cemitério clandestino na favela. Cerca de um mês depois do crime, testes de DNA feitos em resíduos encontrados comprovaram se tratar de Tim Lopes.

Os criminosos

Nove pessoas foram indiciadas pelo assassinato, mas duas morreram antes do julgamento: Maurício de Lima Matias, conhecido como Boizinho, foi morto em confronto com a polícia. André Barbosa, o André Capeta, teria se suicidado.

Os outros sete envolvidos foram condenados em 2005 pelo Tribunal do Júri do Rio de Janeiro.

Elias Maluco recebeu a maior pena e foi sentenciado a 28 anos e 6 meses de prisão. Ele foi considerado culpado por homicídio triplamente qualificado, formação de quadrilha e ocultação de cadáver.

O traficante foi encontrado morto em setembro de 2020, na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná. Segundo a polícia, foi suicídio.