Troca-troca, roteiro, crise com Mattel: por que 'Barbie' demorou a sair
Demorou 64 anos para a boneca mais famosa do mundo ganhar um filme em live-action. Em tempos de super-heróis e uma busca incansável por novas propriedades intelectuais com potencial de franquia no cinema e na TV, há de se estranhar o fato de a Barbie ter levado tanto tempo para "virar gente". Mas o que está por trás disso finalmente estar acontecendo?
O filme, estrelado por Margot Robbie e dirigido por Greta Gerwig, chega aos cinemas no dia 20 de julho. Ao menos em algumas bolhas das redes sociais, trata-se da estreia mais aguardada do ano, de longe mais falado que qualquer lançamento do Universo Cinematográfico Marvel ou da DC. Mas nem sempre foi assim.
O primeiro anúncio de um filme em live-action da Barbie aconteceu em dezembro de 2016, com Amy Schumer atrelada ao papel principal. A produtora seria a Sony, e o roteiro estava sendo desenvolvido por Hilary Winston ("Lego Ninjago: O Filme", "Os Caras Malvados"). Segundo o portal Deadline reportou na época, Schumer daria seus próprios toques no texto junto à irmã, Kim Caramele, em um contexto em que a atriz e comediante despontava como um modelo de empoderamento feminino após ser revelada no filme "Descompensada".
A escalação gerou alguns questionamentos, sobretudo considerando que o humor de Schumer, desbocado e um tanto irônico, é um pouco distante do modelo que alguém poderia esperar da Barbie. No entanto, também representava algo positivo: já se acenava para um filme que representasse diferentes corpos e a evolução da boneca para além daquela com medidas praticamente impossíveis.
Na história, Schumer seria uma Barbie que não se encaixa no modelo de perfeição. Ela seria expulsa da Barbieland e iria para o mundo real, para descobrir que a perfeição vem de dentro. Ela também não seria a única Barbie: outras versões apareceriam na trama.
Schumer deixou o projeto e contou recentemente que houve diferenças criativas. Segundo ela, o roteiro não era "legal e feminista" o suficiente.
Anne Hathaway foi contratada pela Sony para assumir o papel deixado por Schumer. No entanto, os atrasos na produção fizeram a eterna Mia Thermopolis (de "O Diário da Princesa") também abandonar o projeto.
Contrato com Sony expira, e Mattel assina com Warner. Bros. Foi então que as coisas, de fato, começaram a se tornar realidade. Segundo a revista Time, foi quando Ynon Kreiz assumiu o posto de CEO da Mattel, em 2018, que a companhia realmente levou o projeto adiante.
Qual era a grande dificuldade? Ainda de acordo com a Time, a Mattel é superprotetora com a marca por ser seu maior sucesso. Qualquer adaptação ou iteração da boneca deve ser aprovada pelo time de executivos — que, ironicamente, estará representado no longa-metragem.
Além disso, a empresa sempre quis garantir que a boneca continuasse sendo uma "tela em branco" em que as meninas pudessem projetar seus sonhos e desejos. Atrelar sua figura à de uma atriz, ou a uma personalidade específica, poderia significar a derrocada da Barbie se o projeto fracassasse.
Como Margot Robbie chegou ao projeto? Quatro semanas após iniciar no cargo de CEO, Kreiz requisitou uma reunião com Robbie, interessado nela para o papel. A atriz, por sua vez, já estava de olho nos direitos de adaptação, que considerava um match perfeito para a LuckyChap, sua produtora.
Tanto a Mattel quanto Robbie queriam que o filme abordasse as contradições da boneca e as questões de autoestima que o corpo idealizado da versão mais conhecida podem causar em meninas. Apesar de Margot representar a imagem e as medidas clássicas da Barbie, o filme traz atrizes com outros corpos e tons de pele para mostrar que não há apenas uma única forma de ser a Barbie — de Issa Rae como Barbie Presidente a Sharon Rooney como Barbie Advogada.
Mattel chegou a brigar com Robbie e Gerwig durante as filmagens. Uma nova reportagem de capa da Time revelou que o diretor de operações Richard Dickson viajou até o set de filmagens em Londres para questionar uma cena específica do filme, que ele acreditava estar fora do tom da marca. As duas o convenceram a mantê-la quando reproduziram ao vivo para ele.
"Quando você olha na página, a nuance não está lá, a entrega não está lá", explicou a atriz e produtora.
Barbie chega aos cinemas em 20 de julho.
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