Importada do México, "Rebelde" se tornou um fenômeno no Brasil em 2005. A novela deixava o SBT na vice-liderança isolada e anotava dois dígitos no Ibope constantemente. Não é à toa que o RBD, grupo musical originado na novela, virou febre entre os mais jovens e lotou estádios, como o Morumbi e o Maracanã, em 2006.
O retorno da banda em uma bem-sucedida turnê de reencontro fez o mundo olhar de volta à franquia. O SBT não perdeu tempo e logo confirmou a reexibição do folhetim para alegria dos fãs mais saudosos. Mas será que a trama é uma boa escolha para reprise?
Produzida há quase 20 anos, ela envelheceu mal por apresentar narrativas que não são mais aceitas socialmente. É um sucesso datado. Traz elementos machistas em sua narrativa, naturalizando relacionamentos abusivos e sexualizando corpos femininos na adolescência, além de piadas preconceituosas contra gordos e pessoas LGBTQIA+.
"Rebelde", aliás, não tem personagens homossexuais, nem cita a descoberta da sexualidade de pessoas LGBTQIA+ na adolescência. O tema só serve como piada de alunos que querem zombar de outros colegas.
Mas os problemas não param por aí. Logo no primeiro episódio, Celina (Estefanía Villarreal) é comparada a uma lata de lixo "por ser redonda e gorda". Dias depois, Miguel (Alfonso Herrera) ameça jogar Mia (Anahí) de um penhasco durante uma discussão amorosa. Já Diego (Christopher Uckermann) beija Roberta (Dulce Maria) enquanto ela dorme.
É certo que situações de preconceito ainda existem, mas a novela não debatia os assuntos com pensamento crítico. Pelo contrário, tratava desses assuntos como normalidade. Não é raro ler comentários no Twitter de fãs, crianças durante a exibição original em 2005, afirmando que a trama envelheceu como leite.
Com 440 capítulos, a reprise dificilmente manterá fôlego em relação à audiência. Em três semanas de exibição, já perdeu metade do público. Foi de maior audiência do SBT no segundo capítulo — quando conquistou 4,8 pontos — a marcar 2,2 pontos na última terça-feira, atrás da Record e brigando com a Band pelo terceiro lugar.
Apesar da audiência em queda na TV, a trama traz repercussão na web, segundo levantamento do Google obtido por Splash. As pesquisas por "Rebelde" aumentaram mais de 50% após a estreia. O Brasil foi o país com mais interesse de busca pela telenovela nos últimos sete dias, à frente de Colômbia, Cuba, Porto Rico e Equador.
Rebelde não é a primeira novela a ser reprisada e causar estranhamento em parte da audiência. "Da Cor do Pecado", sucesso de João Emanuel Carneiro em 2004, também recebeu críticas por ligar tons de pele mais escuros a atos pecaminosos. Por isso, passou a ser considerada racista.
O Canal VIVA, ao reprisá-la em 2021, passou a exibir um aviso na tela para alertar que a "obra reproduz comportamentos e costumes da época em que foi realizada". Pode ser uma solução para a exibição de sucessos datados, sem romantizar problemas que deveriam ficar só no passado.
Sucesso atemporal
Diferente da novela "Rebelde", o grupo musical RBD não é um sucesso do passado. A turnê "Soy Rebelde" vai passar por cidades dos Estados Unidos, México, Colombia e Brasil. Os ingressos estão esgotados.
Christian Chávez revelou recentemente que clássicos — que seguem atuais — e novas músicas serão apresentadas no show. As apresentações no Brasil acontecem nos dias 9 e 10 de novembro no Rio de Janeiro, e 12, 13, 16, 17, 18 e 19 de novembro em São Paulo.
As apresentações do sexteto entre 2005 e 2008 eram marcadas por falas contra violência, preconceito e guerras, além de reforçar pedidos pela paz e aceitação pessoal.
O sucesso da turnê de reencontro não está ligada diretamente ao folhetim, mas, sim, ao desempenho musical triunfal do RBD nos palcos após o fim da novela e, claro, seus integrantes: Anahí, Dulce Maria, Maite Perroni, Christian Chávez, Christopher Uckerman e Alfonso Herrera — que não participará da nova turnê.
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