Peça 'revolucionária' de Zé Celso mudou teatro brasileiro, diz Nelson Motta
Zé Celso, o dramaturgo que morreu na manhã desta quinta-feita (6), aos 86 anos, recebeu uma homenagem do jornalista e crítico Nelson Motta, em 2017.
Durante o Jornal da Globo, o colunista disse: "Não é exagero dizer que o teatro brasileiro se divide entre antes e depois da montagem revolucionária de 'O Rei da Vela', de Oswald de Andrade, dirigida por José Celso Martinez Correia, em 1967".
À época, Motta falava sobre os 50 anos da encenação de "O Rei da Vela".
A peça foi montada para inaugurar o Teatro Oficina, em São Paulo e retratava o cenário econômico e político de 1967. Ela usava recursos inovadores, como a quebra da quarta parede, e abordava sexualidade, corrupção e falta de ética.
Motta acredita que a peça lançava "novas formas de discussão política e cultural do Brasil" e também estabelecia as bases do Tropicalismo.
"Estruturada em linguagem de circo, de teatro de variedades e de ópera, 'O Rei da Vela' usa a grossura, o mau gosto, o escracho e a vulgaridade para fazer a críticas das mazelas brasileiras através de um personagem que representa o poder econômico opressor, sem qualquer grandiosidade, como um mero fabricante de velas mixurucas que iluminam nosso atraso."
Morre Zé Celso
Morreu hoje, dia 6 de julho, o dramaturgo José Celso Martinez, o Zé Celso, aos 86 anos. A informação foi confirmada por Splash pela assessoria e também nas redes oficias do Teatro Oficina.
O dramaturgo estava internado no Hospital das Clínicas, em São Paulo, após ter 53% do corpo queimado em um incêndio em seu apartamento. Após ser encaminhado para a UTI do hospital, Zé Celso foi sedado, entubado e, posteriormente, submetido à hemodiálise.
A principal suspeita é que o incêndio tenha ocorrido por um aquecedor elétrico na madrugada de 4 de julho. As chamas do fogo teriam se alastrado por peças de roupas, livros e outros objetos do apartamento do dramaturgo, localizado no Paraíso, na zona sul da capital paulista.
No hospital, Zé Celso recebeu visita de familiares e amigos, como a do deputado Eduardo Suplicy. Ele explicou que o dramaturgo teve queimaduras de terceiro grau nas costas, nádegas, ombros e no rosto.
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