Reynaldo Gianecchini, 50, falou sobre o reencontro com Zé Celso, em 2021, e a experiência de ficar nu no filme Fédro. O artista disse, entre outras coisas, que aprendeu com o dramaturgo a viver a liberdade. À época, as declarações foram feitas ao jornal O Globo.
Zé Celso e o teatro são uma coisa só. "Como ele é visceral, grandioso, gigante mesmo, provocador, libertador e inspirador como é o teatro que ele oferece generosamente ao seu público fiel, que sabe que ali vai encontrar espaço para sair do chão, voar e alcançar lugares inimagináveis. Sim, ele e o teatro são uma coisa só, a mesma verdade, o mesmo motor gerador de tanta eletricidade."
Ator deu os primeiros passos na carreira no Teatro Oficina. "Nem nos meus melhores sonhos poderia visualizar um começo de carreira tão intenso e determinante como esse. Naquele momento, entendi que dali pra frente nada seria como antes, meu destino nas artes estava selado."
Gianecchini também contou como foi o reencontro com Zé, duas décadas após deixar o Oficina para trabalhar na TV. "Depois de um hiato de 20 anos, nos reencontramos no documentário "Fédro", promovido pelo inspirado Marcelo Sebá. Fiquei muito nervoso, porque sabia que ia mexer fundo nas minhas emoções."
O artista destacou a capacidade do dramaturgo em explorar as diversas camadas da liberdade: "Ou a ausência dela, porque ao lado dele entendemos que ainda temos muito o que conquistar em relação a isso. Alguns podem rejeitá-lo, porque essa liberdade também dá medo. Outros, como eu, no mínimo param para refletir".
Zé Celso: criador do Teatro Oficina revolucionou as artes cênicas
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José Celso Martinez Corrêa nasceu em Araraquara, interior de São Paulo, em 1937.
Jota Erre/Photo Premium/Folhapress 2 / 15
Desde a década de 60, se destacou por sua presença de palco e por sua inovação cênica.
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O movimento contracultura dos anos 70 foi uma grande força motriz para que Zé Celso mostrasse a que veio.
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O Teatro Oficina foi fundado por Zé Celso em 1958 junto com colegas da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e vive até hoje com atrações pulsantes em seus palcos.
Avener Prado/Folhapress 5 / 15
A proposta sempre foi contra o estilo de encenação trazido por peças europeias da época.
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Em 1966, a sede do Teatro Oficina pegou fogo em São Paulo. Na ocasião, Zé atribuiu o incêndio a um golpe de militares que perseguiam o grupo desde 1964.
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No auge da ditadura militar brasileira, em 1968, alguns membros abandonaram o grupo Oficina ou foram obrigados a se exilar.
Allan Calisto/Agencia F8 8 / 15
Em 1974, Zé Celso foi um dos nomes a serem presos.
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Ele se exilou em Portugal, onde conseguiu gravar o filme "O Parto". Sua volta para São Paulo aconteceu em 1978.
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O Teatro Oficina empenhou-se em reabrir e reconstruir seu espaço, seguindo um audacioso projeto arquitetônico concebido por Lina Bo Bardi.
ANDRE PORTO 11 / 15
Já em 1993, o grupo renasceu como Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona e entrou em uma fase altamente produtiva.
ANDRE PORTO 12 / 15
A trajetória pós-ditadura reflete a resiliência e a determinação em preservar a liberdade de expressão e promover o diálogo social por meio da arte.
Reprodução/Instagram/zecelso.ator 13 / 15
O dramaturgo era apaixonado pelo teatro brasileiro.
Reprodução/TV Globo 14 / 15
Zé Celso teve a postura no palco questionada por muitas pessoas, que o colocaram como radical ou extravagante demais.
Divulgação/TV Globo 15 / 15
Zé Celso morreu nesta quinta-feira (6), em São Paulo.
Reprodução/Instagram
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