Zé Celso detestava novelas e fez um único trabalho na TV
De Splash, em São Paulo
06/07/2023 11h27
Zé Celso detestava novelas. O dramaturgo que morreu hoje aos 86 anos, após dias de internação em virtude de um incêndio que tomou conta de seu apartamento, fez um único papel na televisão.
Em 2011, ele interpretou Amadeus na novela "Cordel Encantado". O personagem era um astrólogo e conselheiro do rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia).
Na época em que aceitou o convite para atuar no folhetim, Zé Celso disse que tinha curiosidade de atuar na TV: "Estou adorando. Só não fiz TV antes porque não tinha tempo, estava em um efeito coelho: produzindo e criando muito", disse ao Gshow.
No entanto, ele parece ter sido mais franco quando conversou com a revista Quem: "Detesto novela, não vou assistir de jeito nenhum. Trabalho à noite fazendo teatro. Aceitei fazer a novela porque há potencial para diferentes tipos de linguagem, e a possibilidade de fazer um teatro eletrônico na TV", explicou.
Ainda naquele momento, ele contou qual o motivo que quase o fez desistir do trabalho: quando precisou embarcar para a Europa para parte das filmagens. "Quando cheguei ao aeroporto de Guarulhos, falei 'não vou mais'. Mas conversei com o diretor [Ricardo Waddington] e fui."
A diretora artística Amora Mautner, responsável pela escalação de Zé Celso, guarda ótimas memórias do artista: "Trabalhar com o Zé em Cordel Encantado foi único é mágico."
Ele, por sua vez, comparou a diretora a Madonna:
"Gostei muito da Amora, muito bonita, ela tem um 'quê' de Madonna e dirige muito bem. Na França, eu saquei o trabalho que dá fazer uma novela, mas eu adoro esses desafios. Todo mundo foi maravilhoso comigo, gravamos em lugares lindos."
Zé Celso: criador do Teatro Oficina revolucionou as artes cênicas
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José Celso Martinez Corrêa nasceu em Araraquara, interior de São Paulo, em 1937.
Jota Erre/Photo Premium/Folhapress
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Desde a década de 60, se destacou por sua presença de palco e por sua inovação cênica.
UOL TAB
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O movimento contracultura dos anos 70 foi uma grande força motriz para que Zé Celso mostrasse a que veio.
UOL TAB
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O Teatro Oficina foi fundado por Zé Celso em 1958 junto com colegas da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e vive até hoje com atrações pulsantes em seus palcos.
Avener Prado/Folhapress
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A proposta sempre foi contra o estilo de encenação trazido por peças europeias da época.
Allan Calisto/Agencia F8
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Em 1966, a sede do Teatro Oficina pegou fogo em São Paulo. Na ocasião, Zé atribuiu o incêndio a um golpe de militares que perseguiam o grupo desde 1964.
Allan Calisto/Agencia F8
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No auge da ditadura militar brasileira, em 1968, alguns membros abandonaram o grupo Oficina ou foram obrigados a se exilar.
Allan Calisto/Agencia F8
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Em 1974, Zé Celso foi um dos nomes a serem presos.
ANDRE PORTO
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Ele se exilou em Portugal, onde conseguiu gravar o filme "O Parto". Sua volta para São Paulo aconteceu em 1978.
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O Teatro Oficina empenhou-se em reabrir e reconstruir seu espaço, seguindo um audacioso projeto arquitetônico concebido por Lina Bo Bardi.
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Já em 1993, o grupo renasceu como Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona e entrou em uma fase altamente produtiva.
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A trajetória pós-ditadura reflete a resiliência e a determinação em preservar a liberdade de expressão e promover o diálogo social por meio da arte.
Reprodução/Instagram/zecelso.ator
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O dramaturgo era apaixonado pelo teatro brasileiro.
Reprodução/TV Globo
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Zé Celso teve a postura no palco questionada por muitas pessoas, que o colocaram como radical ou extravagante demais.
Divulgação/TV Globo
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Zé Celso morreu nesta quinta-feira (6), em São Paulo.
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