'Cachinhos viraram um fardo': por onde anda Robinson Anjo, de Raul Gil?
"É preciso acreditar". Foi com este sentimento que Robinson Monteiro, hoje com 47 anos, se transformou em uma memória viva da televisão. O cantor de família humilde conquistou o Brasil no início dos anos 2000 com sua voz rouca e cabelos cacheados em suas apresentações no palco do quadro de calouros do Programa Raul Gil — que na época era exibido pela Record.
Como está a vida do cantor que ganhou o apelido de "anjo" pelos cachinhos dourados? Em entrevista exclusiva a Splash, o artista abriu o coração para falar da vida, sobre a decisão de trocar o estilo romântico pelo gospel, a mudança de visual e relembrou luta pela vida após internação por uso errado de medicamentos para emagrecer.
"Sobrevivi a tudo isso. Sobrevivi ao mercado, sobrevivi ao tempo, sobrevivi às sentenças [da vida] e isso me faz ser mais forte. É meio que a fênix, né? Eu ressurgi das cinzas. Toda vez que falam: 'agora acabou', acabou nada, acabou de começar. É uma nova história porque é assim que Deus trabalha na minha vida", declara Robinson Monteiro.
Passados 22 anos do sucesso estrondoso, ele não usa mais o penteado angelical e rejeita o look branco que o fez ficar marcado na vida dos brasileiros. Atualmente, ele está feliz da vida se apresentando pelo país como artista gospel e com a gravidez de seu quarto filho.
Aquilo que era pra ser maravilhoso virou um fardo pra mim, porque meu cabelo não podia ser mudado. Fazia sol, fazia chuva e eu tinha que estar com aquela roupa longa, aquele sobretudo e aquela história do anjo, que eu sou grato a Deus por isso. Porém, as pessoas têm que entender que eu quero viver, quero ser quem eu sou, quero usar uma camisa xadrez e quero cortar o meu cabelo para ser quem eu sou.
Robinson Monteiro
Confira entrevista de Robinson Monteiro a Splash:
Como foi o começo na música? "Venho de uma família musical. Desde pequeno a imersão na música sempre foi muito forte. Meu pai é músico da igreja também e eu sempre fiquei envolvido com aquela coisa do coral. Aí, meu pai perguntava: 'Robinho, quando você crescer o que vai ser?' e eu sempre dizia: 'Cantor. Não tem outra profissão'. Foi assim que está sendo a minha vida, né? Literalmente, eu levo a vida cantando".
Como decidiu se inscrever no Programa Raul Gil? "Eu já era professor de canto e tinha um CD de pequena produção gravado. Não tocava nas rádios e eu estava meio chateado, meio que deprimido querendo o quê? Querendo que as pessoas ouvissem a minha arte. Um dia minha mãe falou: 'por que não vai lá no Raul Gil e não canta o hino seu? Quem sabe acontece alguma coisa'".
"A gente sempre tem aquela história de achar que o jardim do vizinho é mais bonito. Então, dentro da minha geografia na época, era meio que impossível ir para a televisão, conhecer Raul Gil e cantar em programa de TV, porque nós viemos de um berço simples, humilde, mas rico em cultura e musicalidade. Acabei ouvindo a minha mãe, fiz o teste lá no Raul Gil e assim começou a minha história na Record, em 28 de abril de 2001".
Erro na chegada a Record: "Fiz o teste e eles marcaram pra que eu fosse gravar na televisão. Quando cheguei na Record, eles tinham colocado meu nome errado, como Robson Caetano, e eu pensei: 'Não, não é pra eu cantar, né? Está tudo dizendo que não é pra cantar, né? Que isso é um sinal de Deus que isso não tem nada a ver comigo'. Aí, voltei pra casa pensando: 'eu fui, mas isso não é pra mim'. A produção me ligou perguntando por que não fui e contei: 'colocaram o meu nome errado e não deixaram eu entrar'. Eles pediram pra eu voltar e fui na outra semana pra gravar o programa".
Como foi lidar com a fama repentina? "Sempre tive maturidade. É lógico que a gente tem aquele grau de 'olha só, está acontecendo as coisas', mas sempre tive um caráter muito forte e isso não afetou a minha personalidade. Nunca tive crise de diva, né? 'Ai, eu sou'. Não, pelo contrário, nunca quis ser celebridade, eu queria cantar.
Porém, a celebridade veio como bônus na minha caminhada, na minha história e o Raul Gil veio como a cereja do bolo. Eu posso falar hoje, com muito orgulho, que eu faço parte da história da televisão brasileira. Posso dizer que é por causa disso até hoje que eu tenho sobrevivido e cantado".
O que motivou trocar o estilo romântico pela carreira gospel? "Nunca me pesou [a decisão]. Sempre brinco: 'não estou mais no palco para outros, só mudei a música que eu canto'. Comecei a perceber que já estava na hora de voltar pro meu canto e foi uma decisão muito forte pra mim. Alguns ficaram decepcionados, é lógico, mas nem Jesus agradou todo mundo. Não sou eu que quero agradar, né?"
"Foi um negócio tão tremendo porque quando eu deixei a Warner e assinei com a gravadora da Record para o CD gospel, fui indicado ao Grammy Latino como cantor cristão contemporâneo. Não adianta a minha voz é gospel, o meu jeito de falar é gospel. Então, não tem como eu ser um personagem, né? Fica até ridículo eu ser uma pessoa para agradar alguma grande massa".
Por que decidiu abandonar os cachinhos dourados de anjo? "Não podia usar uma camisa xadrez, não podia usar uma camiseta vermelha, não podia usar uma blusa. Eu tinha que estar sempre vestida de branco, sempre com aquele cabelo cacheadinho e a gente vai se atualizando na caminhada".
"Aquilo que era pra ser maravilhoso virou um fardo pra mim, porque meu cabelo não podia ser mudado. Fazia sol, fazia chuva e eu tinha que estar com aquela roupa longa, aquele sobretudo e aquela história do anjo, que eu sou grato a Deus por isso. Porém, as pessoas tem que entender que eu quero viver, quero ser quem eu sou, quero usar uma camisa xadrez e quero cortar o meu cabelo para ser quem eu sou".
Internação por remédios para emagrecer: "Houveram sentenças de pessoas dizendo que eu estava gordo. Porém, eu me coloquei nessa sentença, né? Eu quis, infelizmente, procurar o caminho mais rápido [para emagrecer] e esse caminho quase me matou. Você sabe que a gente vai amadurecendo e vai pensando que a grande verdade: o culpado de tudo isso fui eu mesmo, que deixei que os outros me cobrasse algo que não fazia parte da minha vida, da minha realidade".
"Poderia ter ido procurar tratamento médico ou ter entrado numa academia, como eu faço até hoje. Já emagreci e estou muito bem graças a Deus. Esse ano faço 48 e estou com o mesmo rosto de 27, mas porque eu prezei pela minha saúde, tenho cuidado".
Pai pela quarta vez: "Gisele [esposa] e eu vamos fazer 20 anos de casado. Ela era dos bastidores, ia na caravana do Raul Gil. Gisele era uma moça que gostava do cantor, é lógico, mas admirava o homem Robinson. Conheci a Gisele, admirei a mulher Gisele e gente construiu a nossa família. Já temos três filhos e ela tá grávida de seis meses da Laurinha".
Como está a vida do Robinson Monteiro? "Continuo lançando as minhas músicas e continuo servindo a minha arte, a minha musicalidade e tô muito feliz com isso. Eu continuo na ativa viajando para fazer turnês. Sou cantor gospel e sou muito feliz. Fiz parte da história do programa do Raul Gil".
"Eu até brinco que estou vivendo o melhor da minha vida agora, porque eu estou em paz. Acho que a paz excede qualquer entendimento, porque quando você tem paz, flui melhor, canta melhor, vive melhor. Eu fico muito feliz com isso".
Qual é o sonho atual do Robinson Monteiro? "Sonho em fazer um programa de televisão com música, falar sobre voz, estudar, continuar cantando, cantar no Teatro Municipal, ser cantor erudito. Eu sou sonhador e luto por isso, né? Esses são os meus sonhos".
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