'Terra e Paixão' abre mão de conflito semelhante ao de 'Renascer'
Faz pelo menos 25 capítulos que Caio (Cauã Reymond) e Antonio La Selva (Tony Ramos) não comentam nada em "Terra e Paixão" sobre a culpa atribuída ao jovem pela morte da mãe no parto. O assunto, tão comentado nas duas primeiras semanas da trama, sumiu da história.
O conflito é exatamente o mesmo que norteia "Renascer", novela de Benedito Ruy Barbosa produzida originalmente em 1993, que será revisitada em remake com texto de Bruno Luperi, neto do autor, logo após o folhetim atual.
Repetir o enredo em duas novelas seguidas é erro estratégico para manter o público interessado no horário. Sutilmente, Carrasco foi orientado a abrir mão desse recurso, que é fundamental para a saga a seguir, mas funcionava só como adendo ao drama de Caio.
A essa altura, o assunto não só não é mais mencionado, como sofre um revés não previsto na sinopse original: são cada vez maiores as evidências de que Ágatha, a mãe de Caio, sequer morreu, isentando portanto o mocinho de qualquer responsabilidade.
Recentemente, uma exumação dos restos mortais da matriarca revelou que não havia corpo no caixão. E não há de demorar para que o rapaz descubra que o CPF de Ágatha segue ativo e até realizou compras recentemente.
Resta esperar como Carrasco, que agora escreve com a parceria da amiga Thelma Guedes, vai sair dessa enrascada: por que essa mulher nunca voltou para se apresentar viva nem ao menos para o filho, tão injustiçado pela madrasta, Irene (Glória Pires)? E se ela tem algo tão grave a esconder, por que vacilaria justamente de modo tão explícito, usando o mesmo CPF que foi seu e deixando pistas tão evidentes do óbito fraudulento?
A morte de Daniel (Johny Massaro), que rendeu recorde de audiência à novela no capítulo de quinta-feira (6), seria também uma fraude, o que tampouco consta da sinopse original.
Tudo em "Terra e Paixão" pode ser o que não parece. E como a ficção tudo aceita e o enredo está sujeito ao humor da plateia, os autores podem remexer no destino dos personagens à vontade.
O mais reconfortante nessa reviravolta da mãe de Caio é valorizar o argumento do filho que se sente culpado pela morte da mãe presente em "Renascer", uma das melhores produções na história da telenovela brasileira.
Ao refazer "Pantanal", saga que a TV Manchete teve a ousadia de contar 30 anos antes da Globo, a rede carioca foi desafiada a superar o encanto sobre a produção original, ou, no mínimo, de não ficar aquém do impacto que Juma e companhia geraram na plateia em 1990.
Agora, a Globo terá, no mínimo, de fazer jus à própria performance, alvo de rasgados elogios nas críticas da época. Sufocar o argumento original seria queimar a largada desse novo desafio.
Em tempo: Marcos Palmeira voltará a viver o personagem que foi seu pai 30 anos antes. Após ser José Leôncio no remake de "Pantanal", caberá a ele interpretar José Inocêncio na nova "Renascer". O elenco está em fase de escalação e já conta também com Fábio Assunção como antagonista, o asqueroso coronel Belarmino, papel brilhantemente defendido por José Wilker em 1993.
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