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Técnica de autópsia usou 'pesadelos reais' para criar assassino terrível

Alaiana Urquhart é podcaster, autora de livro e técnica em autopsia  - Divulgação
Alaiana Urquhart é podcaster, autora de livro e técnica em autopsia Imagem: Divulgação

De Splash, em São Paulo

13/07/2023 12h00

Alaina Urquhart, 36, ficou famosa ao criar e apresentar o podcast de crimes reais Morbid, um dos mais famosos do gênero e reproduzido por ouvintes de todo o mundo. O mórbido, no entanto, não é algo novo na vida da norte-americana: antes de ser popular, ela trabalhava como técnica em autópsia, em um hospital de Boston, nos Estados Unidos.

Toda essa experiência com crimes e morte levaram Urquhart a escrever "O Carniceiro", livro que entrou para a lista de melhores títulos, segundo The New York Times. A obra teve uma das maiores pré-vendas da história do mundo editoral e se tornará série de TV em breve. No Brasil, ele foi lançado pela editora Planeta.

A história acompanha dois pontos de vistas distintos: um é o de Jeremy, um homem trabalhador e tranquilo que também é um assassino em série sem escrúpulos que, com a morte de suas vítimas, aumenta cada vez mais o nível de maldade e experimenta diferentes procedimentos médicos em cada uma delas.

Suas mortes são descritas de maneira bastante gráfica, como as primeiras vítimas que aparecem no livro. Um casal de jovens é torturado com soro intravenoso, choques e retirada de dedos. Isso é só o começo.

O outro ponto de vista é da doutora Wren Muller, uma patologista forense que se esforça ao máximo para descobrir quem é a pessoa responsável por tantos crimes horríveis. Ela nunca deixou de resolver um caso, mas sente medo de que os novos assassinatos sejam sua primeira vez.

Em entrevista de imprensa da qual Splash esteve presente, a autora diz que usou muito de suas experiências pessoais com cadáveres violados e crimes horrendos para criar a personagem da doutora.

Capa do livro O Carniceiro - Divulgação/ Editora Planeta - Divulgação/ Editora Planeta
Capa do livro O Carniceiro
Imagem: Divulgação/ Editora Planeta

Alaina Urquhart conta que a inspiração para a criação de Jeremy veio de "pesadelos reais" que teve. "É definitivamente uma história de pesadelo reais. Estava grávida e tinha sonhos loucos, muito vívidos e estranhos."

O sonho era tão real, que a autora relata ter até mesmo escutado músicas. "Uma noite sonhei que estava correndo por um pântano. Havia uma música alta que eu não conseguia descobrir o que era e alguém estava me perseguindo. Acordei como se estivesse suando frio e sentia que estava está enlouquecendo, como se tivesse passado por algo traumático."

Quando acordei na manhã seguinte, pensei: quando foi isso? Quem era aquele cara? E por que havia música tocando? Onde eu estava? Comecei a conversar com meu marido e percebi que poderia descobrir ao escrever um livro sobre isso.

Já para o vilão, Urquhart focou fazê-lo diferente de outros assassinos em série e quis que ele conquistasse os leitores, de maneira que pudesse confundir aqueles que leem. Para o físico do assassino, a autora choca seus fãs ao revelar que a sua inspiração foi o seu próprio marido.

Queria fazer ele relacionável, confiável, para que as pessoas pudessem descobrir quem ele realmente é conforme a leitura do livro.

Sua intenção também era mostrar que ele se difere ao matar homens e mulheres, e não se ater apenas às vítimas femininas, como é comum. "As mulheres sempre são colocadas como vítimas no terror, mas o que eu quis passar é que ninguém está seguro, já que qualquer pessoa pode ser uma vítima de Jeremy."

Por fim, a criação deste criminoso de uma maneira mais próxima é o exato oposto do que ela faz ao apresentar Morbid. Pois, para a autora, no livro é preciso criar uma conexão e até mesmo mostrar mais detalhes do porquê os crimes acontecem. Já no programa de crimes reais, sua intenção é homenagear e humanizar as vítimas, sempre as mantendo como prioridade.