'Quero voltar a fazer TV': Por onde anda Rodolfo, famoso pela dupla com ET?
Se você cresceu na década de 1990, é provável ter se divertido com as reportagens icônicas de Rodolfo Carlos ao lado de Cláudio Chirinian, a dupla ET e Rodolfo, nos programas Ratinho Livre (Record) e Domingo Legal (SBT). Como será que está a vida do jornalista após ter cravado o nome da história da TV brasileira?
Em entrevista exclusiva a Splash, Rodolfo, que está com 51, conta viver uma vida tranquila, revela algumas histórias dos bastidores da televisão e não esconde o sonho de retornar para as telonas após um bom tempo cuidando de si.
O começo
Natural de São Paulo, Rodolfo procurou um jornal da cidade de Osasco aos 16 anos para pedir emprego de repórter. No espaço de um ano e meio, ele trocou o jornal pela Rádio Cruzeiro e Rádio Record e logo foi contratado para ser produtor de Gil Gomes no Aqui Agora (SBT).
Dono de ideias inovadoras, o jornalista criou "acidentalmente" o quadro Defesa do Consumidor ao levar Celso Russomanno para resolver um conflito entre vizinhos, sendo posteriormente convidado para ser seu secretário parlamentar, em Brasília. A oportunidade foi crucial para conhecer quem o colocaria na TV: Ratinho.
O Ratinho encontrou comigo no corredor da CNT: 'Você é o produtor de Russomanno? Quando você vier para Curitiba com ele, quero conhecê-lo'. Passado um mês, Russomanno foi lá e levei ele na sala do programa Cadeia, que o Ratinho era repórter... Seis meses depois, Ratinho falou: 'Vou entrar na Gazeta, em São Paulo, você não quer ser produtor?' Rodolfo Carlos
O 190 Urgente estreou na Gazeta e sofreu um duro golpe com veto da Justiça contra a exibição de sangue e cadáveres na TV. Assim, Rodolfo inovou ao propor trazer curiosidades para entreter o público. "Fui pra Minas fazer histórias de fantasmas. Na volta, passei em Campinas, naquele bairro onde só tinha prostitutas, e fiz em Monte Verde um rapazinho que dizia ser filho do lobisomem. As matérias deram audiência e virou o estilo do programa."
Nasce ET e Rodolfo
Em 1997, a Record decidiu contratar Ratinho para colocar no ar o Ratinho Livre. Vindo na bagagem, Rodolfo ousou ao trazer os personagens Azulão, Sombra, Os Gêmeos, Xaropinho e criar o quadro Teste de DNA para a atração. A relação com Cláudio Chirinian, que se tornaria o ET pouco tempo depois, nasceu após uma tentativa frustrada de gravação de uma matéria.
Saí para fazer uma pauta em Osasco e não deu para gravar, mas eu tinha que voltar com alguma coisa. Aí, eu encontrei o Cláudio e o levei para Record. Mostramos ele numa caixa por quatro dias e elevou a audiência. ET sai da caixa, começa a trabalhar como o garçom do Ratinho. Jô Soares tinha o garçom, o Ratinho também tinha para receber os convidados do DNA. Rodolfo Carlos
Pouco tempo depois, Rodolfo topou ir à Barra do Garças, no Mato Grosso, para acompanhar a criação de um aeroporto para disco voador e levou Cláudio junto — com a viagem nasceu a dupla ET e Rodolfo. "No final da reportagem, eu mostro o disco, né? Aí, virou a câmera para nave e o ET sai fazendo assim [com as mãos] 'Tudo bem'. Voltei com a matéria para um programa gravado, mas decidiram guardar para o ao vivo e deu uma audiência danada."
Treta em mudança para o SBT
O sucesso da dupla ET e Rodolfo colocou a audiência do Ratinho Livre para concorrer com a Globo. De olho em novidades para o Domingo Legal, o SBT decidiu contratar a dupla após Rodolfo rejeitar uma participação solo. "Eu disse ao produtor deles: 'a Record não quer que eu participe'. O link era eu deitado numa rede sem falar nada. Aí, a produção agradeceu e desligou. Dez minutos depois ligou novamente, o Magrão [diretor] pergunta: 'Você quer trabalhar aqui? Quanto você quer ganhar?'."
Rodolfo aceitou a proposta sob a condição de ter a carteira de trabalho assinada, sabendo que poderia ter ET ao seu lado para a atração de Gugu. Quem não gostou da história foi Ratinho. "Avisei que eu ia assinar e ele não podia me atender. Depois que assinei, ele me ligou e tivemos uma discussão feia."
O SBT me ofereceu R$ 10 mil. Ganhava R$ 5.000 e a Record me ofereceu R$ 35 mil para ficar e R$ 15 mil para Cláudio'. A gente aceitou, mas eu falei: 'Uma condição, eu não quero trabalhar mais para Ratinho'.
Rodolfo Carlos
Irritado, Ratinho ameaçou demitir todas as pessoas que Rodolfo trouxe para a produção do Ratinho Livre, mas recusou diante do alerta dele sobre o risco de perder nomes como Xaropinho, Os Gêmeos, o Sombra e o quadro Teste de DNA. "Ele entrou no ar descendo o cacete no Gugu. Não me xingava, mas dizia que o Gugu roubou Rodolfo e ET", recorda.
Do auge ao fim
O sucesso de ET e Rodolfo se repetiu no SBT e elevou a audiência do Domingo Legal. A dupla caiu nas graças de Silvio Santos e do público, a ponto de lançarem brinquedos no país. "Uns três, quatro meses depois, eu criei o quadro "Acorda, Silvio Santos". A gente fingia que ia acordar o Silvio e deu tanta audiência que o próprio Silvio Santos criou episódios".
O Gugu me dava toda a liberdade para fazer qualquer tipo de material. Só brigamos uma vez nesses mais de 20 anos de amizade. Eu queria ir para guerra de espada em um estado brasileiro, e Gugu disse: 'Você não vai'. Ficamos uns quatro, cinco dias sem nos falar e, depois, nos resolvemos. De resto, o material eu já mandava e ele me dava total liberdade para criar.
Rodolfo Carlos
Fora das câmeras, Rodolfo e Claudio desfrutavam da fama, mas curtiam pouco a vida juntos por passarem muito tempo viajando a trabalho. "A gente ficava tanto tempo junto que nos afastamos. Ele ia pros eventos dele e eu pros meus. Então, a gente não tinha essa amizade de ir pra uma festa, mas a nossa família sempre teve muita amizade. Acredito que a gente teve, sim, uma amizade. Éramos cúmplices um do outro."
Em 2001, o SBT viveu fase de reestruturação e demitiu Cláudio Chirinian por ter salário superior a R$ 20 mil. Já Rodolfo seguiu até 2009, mas decidiu sair da emissora após uma oferta de redução dos vencimentos. "Não concordei e estava cansado também."
Em 2014, o jornalista expôs no Domingo Show (Record) que moveu ação na Justiça contra o SBT pelo não pagamento de seus direitos trabalhistas — como férias, 13º salário, fundo de garantia, além das tentativas de reduções salariais.
Questionado por Splash sobre o processo, Rodolfo não deu detalhes, nem quanto ganhou. "Foram cinco anos sofrido, mas eles pagaram e ficou tudo certo. Torço para que a emissora se fortaleça. Fui muito bem tratado lá quando eu trabalhei e não tenho o que reclamar."
Por onde anda Rodolfo?
Atualmente, Rodolfo vive de seus investimentos em imóveis, em São Paulo, o que aprendeu quando, praticamente, dividia muro com Gugu Liberato. O apresentador era um amigo que o aconselhava na vida pessoal e profissional.
Três meses depois que assinei com o SBT, vim morar aqui onde eu moro [Osasco], vizinho do Gugu... Aprendi com Gugu a investir em imóveis. Dá trabalho? Dá trabalho. Fui pedreiro durante dois anos e meio numa obra em Minas e dá trabalho para nunca mais.
Rodolfo Carlos
O jornalista ficou fora das telonas de 2015 a 2021, teve breve aparição no extinto A Noite é Nossa (Record) e agora espera uma nova chance de voltar à TV. "Tô atento na primeira oportunidade, no primeiro convite. Eu quero, sim, voltar a fazer TV."
Já Claudio Chirinian, o ET, morreu em 2010 aos 46 anos após sumir da televisão. Apesar de carregar a fama de inocente, o artista, nas palavras de Rodolfo, sempre soube o que estava fazendo. "Ele logo no primeiro dia já entendeu qual era o papel do personagem. Era muito inteligente."
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