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Plano Geral

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Plano Geral: Greve dos atores e Emmy agitam os dias em Hollywood

De Splash, em São Paulo

18/07/2023 20h04Atualizada em 18/07/2023 20h08

Se as indicações ao Emmy trouxeram os melhores da TV e streaming de 2023, a greve dos atores em Hollywood trouxe a crise do setor e de toda indústria do entretenimento, que passa por mudanças em todo o mundo.

No Plano Geral desta semana, Flavia Guerra e Thiago Stivaletti trazem a discussão sobre a greve dos atores, que se uniram aos roteiristas, em greve desde início de maio, na luta por melhores condições de trabalho, entre outras questões, incluindo o uso da Inteligência Artificial e o pagamento dos chamados residuais— o cachê que os atores e roteiristas recebem a cada reprise dos filmes e séries em TV, o que não ocorre quando a plataforma é o streaming.

De Veneza, a atriz, diretora e apresentadora Aymara Lima, membro do Sindicato dos Atores de Hollywood, o SAG-AFTRA, contou sobre os desdobramentos da greve, além de comentar o quanto a paralisação deve afetar os filmes e séries em andamento.

"Confesso que fiquei muito surpresa. Temos acompanhado a greve dos roteiristas e vários atores também, por que sem um bom roteiro o que a gente faz? E o que se dizia, é que os grandes estúdios estão tentando cansar os roteiristas para fazer com que eles peçam arrego, por favor, por não conseguirem se manter. E o sindicato dos atores, o SAG, entrou em greve também para apoiar os roteiristas, mas acho que a questão é muito mais complicada", comentou Aymara.

"Eles estão negociando novos contratos, novos salários, o mínimo e o máximo de horas trabalhadas, além da questão da Inteligência Artificial, pois os estúdios estão querendo escanear o rostos dos atores, principalmente os que fazem extras e figuração, e assim poder usar a imagem desses atores indefinidamente, o que é um absurdo. Aymara Lima

Os residuais

Aymara ainda citou a questão dos residuais como ponto importante na luta: "Quando a exibição ou a reprise é na TV, a gente recebe cheques referentes ao que temos direito. Eu trabalhei em um filme do Nicolas Cage há muitos anos— Cidade dos Anjos", e até hoje recebo uma porcentagem da venda do filme, se ele é vendido para TV, DVD, etc. Mas com o streaming não há como contabilizar isso."

O sindicato quer que os estúdios contratem uma empresa de fora para poder resolver isso. E eles estão criando problemas. Em relação à IA, eles nem querem discutir. Está tudo muito tenso. Aymara Lima

Thiago pontuou que, ainda sobre os valores residuais, há situações em que os roteiristas e atores recebem centavos pelas vendas de produções para o streaming: "Um deles até brincou que muitas vezes recebem menos do que se gasta para colocar o cheque no correio", comentou.

Os estúdios de cinema são mais transparentes, por ser um sistema antigo, há bilheteria, há os números das vendas de DVDs, de pay per view, mas, no caso dos streamings, há uma grande caixa preta que eles não abrem e começou a se estabelecer que é assim, mas esta caixa preta faz mal para o mercado inteiro e aos trabalhadores. Thiago Stivaletti

Para Flavia, a greve traz uma oportunidade para analisar como nos Estados Unidos, um país em que se valoriza e se defende um mercado livre, sejam os sindicatos que estejam encampando a discussão crucial sobre os direitos trabalhistas, não só do audiovisual, mas de todas as áreas.

Flavia Guerra: "São admiráveis as contradições maravilhosas que os EUA trazem para nós, além das lições, pois, com este caso específico, temos muito o que aprender."

Os indicados ao Emmy

Sem grandes surpresas, o Emmy anunciou suas indicações com total domínio da HBO, com produções como "Succession", com 27 indicações, "The Last of Us", com 24, e The White Lotus", com 23 indicações na entre as séries de drama.

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Shiv, na 1ª temporada de "Succession"
Imagem: Divulgação/HBO

É uma bela lista. Que bom que foi uma temporada boa. Vamos ver como fica a temporada que vem, após este ano tumultuado. Em Melhor Série Dramática, acho que não tem pra ninguém. Este ano é de "Succession". Flavia Guerra

Já entre as séries de comédia, destaque para "Ted Lasso", da Apple TV Plus, "Wandinha", da Netflix, e "The Bear", que, no Brasil, é exibida no Star+. "Não sei muito em quem votar, mas ficaria com "The Bear", comentou Thiago.

"Ted Lasso também é ótima. É surpreendente porque é sobre tudo, menos sobre futebol", pontuou Flavia.

Xuxa ganha documentário

No streaming, Xuxa ganhou uma série documental na Globoplay que revisita toda a sua carreira e promete revelações no encontro com sua ex-empresária Marlene Mattos.

Thiago afirmou que há muita memória afetiva envolvida, já que somos uma geração que cresceu assistindo ao Show da Xuxa, e ela era uma figura constante no nosso imaginário: "Hoje, como roteirista de TV, do TVZ do Multishow, vejo que apresentar não é fácil. É praticamente jogar uma peteca para cima o tempo todo, pois a TV não permite silêncios, não permite pausa."

"Enquanto está ao vivo é preciso ter jogo de cintura, um traquejo que é muito difícil. E já no primeiro episódio, a gente vê que a Xuxa já tinha uma luz, um talento natural de apresentadora que, na época, não era apreciado, pois era um País ainda mais machista do que é hoje. Ela tinha um talento evidente", analisa Thiago.

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Xuxa conta detalhes do passado em documentário
Imagem: Divulgação/Globo

'Diversidade não era pauta'

A questão de rever os erros e acertos do programa também ganha atenção no Plano Geral. "A diversidade não era pauta. Xuxa era loira, o biotipo do momento. E a análise que Xuxa faz disso é corajosa e sincera", comenta Flavia.

Sobre o encontro com a produtora e empresária Marlene Mattos, os apresentadores estão curiosos, pois o episódio deve ir ao ar somente no final da temporada: "Os episódios vão ao ar aos poucos e, a julgar pelo trecho da conversa que já pudemos ver, há muitas questões a se acertar. Não sei o quanto deste encontro foi controlado pelos produtores da série ou pelo Pedro Bial, o diretor, mas há muita coisa para ser discutida, pois foi uma relação difícil", declara Thiago.

Cadê o Amarildo

A diretora de produção Clarissa Cavalcanti fala do documentário "Cadê o Amarildo?", cuja estreia marca os dez anos do desaparecimento do pedreiro que deflagrou a crise das UPPs no Rio, também na Globoplay.

Clarissa Cavalcanti, produtora de produção do filme, comentou: "A gente resolveu fazer este documentário porque se completaram dez anos da morte do Amarildo, mas a família e a sociedade ainda não têm esta resposta de "Onde Está o Amarildo". Este grito ficou tão comum, que estampava os protestos, as camisetas, os muros, os monumentos, mas passaram dez anos e a sociedade ainda não tem esta resposta. E pensamos que esta é uma história que precisa ser contada e não pode ser esquecida."