As filhas de Silvio Santos não gostaram da série "O Rei da TV", que se propõe a narrar a trajetória do empresário e animador por meio de um roteiro ficcional, mas com base na história do homem do baú. Apesar disso, ou talvez justamente em razão da repercussão que as herdeiras acabaram promovendo, o título quebrou recorde no Star+ do Brasil, plataforma onde a produção está disponível.
Com as duas temporadas disponíveis, "O Rei da TV" teve a melhor audiência no Brasil de uma série nacional lançada na plataforma em seus primeiros 30 dias de exibição no país. Os serviços de streaming não costumam divulgar números absolutos de público, apenas percentuais e dados comparativos.
O Star+ ainda ocupa uma posição modesta no ranking de serviços de streaming no Brasil, nem aparece na fatia de público dos gráficos divulgados pela Kantar Ibope Media na medição de audiência online, ou seja, aquela que diz respeito a tudo que não é TV linear consumida dentro de casa.
Segundo os dados referentes a junho, 24,7% de todos os vídeos vistos dentro de casa já são de transmissão online. Esse bolo inclui também a TV linear, que ainda domina os hábitos, com 75,3% de todas as cenas. O YouTube, sozinho, abocanha 14,7% de participação, seguido por Netflix (4,1%), serviço pago mais visto, TikTok (3,3%), Globoplay (0,8%) e Prime Video (0,6%).
A Twitch tem 0,3% de participação, mesmo patamar que cabe à HBO Max. Todas as demais plataformas juntas, como Disney, Star+, Paramount e Mube, entre outras, somam 0,6%. Mesmo que "O Rei da TV" não tenha chegado a 1% da população ainda, muita gente já sabe que a série existe e viu o que pôde. No YouTube, o trailer da 2ª temporada soma 13 milhões de visualizações.
Dirigida por Marcus Baldini, com criação dele, André Barcinski e Ricardo Grynszpan, "O Rei da TV" somou 16 episódios divididos em duas safras, e perseguiu os passos de Senor Abravanel desde a era do rádio, passando por seu início nos auditórios, o Baú da Felicidade, os dois casamentos, as filhas, a aquisição da TVS, os lendários programas na TV e o sequestro de Patrícia Abravanel, em 2001, seguido pela invasão do sequestrador à casa da família no Morumbi.
A série também lembra que Silvio chegou a ser candidato à Presidência da República, em 1988, naquela que foi a primeira eleição direta para presidente no Brasil, após um jejum ditatorial de 29 anos.
Alcance da Star+
Estima-se que a Star+ alcance apenas 6% das assinaturas de streamings no Brasil, uma fatia ainda modesta para o país, mas nada desprezível em termos absolutos de público, considerando que o país tem um número alto de consumidores em relação aos vizinhos latinos e aos países europeus, e alta adesão da população ao hábito de ver TV.
Embora a assinatura da plataforma esteja diretamente vinculada à da Disney, em pacotes que incentivam o assinante a pagar pelas duas, com prioridade para a marca infantil, o custo do pacote total sai por R$ 53,90, pouco menos que o pacote Globoplay+Canais (canais pagos do Grupo Globo) com a Disney.
As estratégias da Disney para a ascensão do Star+ têm vindo por meio do crescimento de produções brasileiras da plataforma e investimento nacionais para fisgar o assinante local. Na semana passada, o serviço lançou a ótima série "A Superfantástica História do Balão", de Tatiana Issa.
O serviço também tem investido na série "Bios", sob a marca da National Geographic, herdada pelo grupo Disney no pacote da compra da FOX. Há poucas semanas, "Bios" lançou nova produção sobre os Paralamas do Sucesso. O próprio "Rei da TV" é uma produção que foi contratada e concebida ainda na gestão da FOX.
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