Filha de Leila Diniz processa Regina Duarte e PL por uso indevido de imagem
Filha da atriz Leila Diniz, a diretora Janaina Diniz Guerra entra hoje com um processo contra Regina Duarte e o Partido Liberal, por uso indevido de imagem e "violação à honra" de sua mãe. A informação é da coluna de Ancelmo Gois e foi confirmada por Splash.
O que aconteceu?
Uma foto das atrizes Eva Todor, Tônia Carrero, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara e Norma Bengell em protesto contra a censura e a ditadura militar, de 1968, foi utilizada em outro contexto em dois momentos, primeiro por Regina Duarte e depois pelo Partido Liberal e Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher.
Janaina Diniz Guerra pede R$ 52.800 em indenização em cada uma das ações. O valor é o limite do juizado cível.
Em dezembro do ano passado, Regina Duarte publicou em seu Instagram um vídeo em defesa da ditadura militar, reproduzindo um discurso de Jair Bolsonaro em defesa do golpe militar. No trecho em que o vídeo afirma que "64 foi uma exigência da sociedade" e que "as mulheres nas ruas pediam o restabelecimento da ordem", a foto das seis atrizes é utilizada para ilustrar as falas.
Já em fevereiro deste ano, a imagem foi utilizada pelo Partido Liberal, em uma arte que comemora a conquista do voto feminino no Brasil. Na imagem, Michelle Bolsonaro aparece em primeiro plano, com a icônica fotografia ao fundo.
"A memória de minha mãe é de total ruptura com todo o conservadorismo defendido pelo PL e por Michelle Bolsonaro que, em sua época, foi imposto pela ditadura militar, regime ao qual ela se opôs", diz Janaina Diniz Guerra, em nota enviada a Splash por sua equipe de advogados.
O uso político, não autorizado, da imagem de minha mãe respaldando a pré-campanha de Michelle Bolsonaro é uma ofensa a tudo que minha mãe representou e representa.
Janaina Diniz Guerra, filha de Leila Diniz
"Quanto à Regina Duarte, respeito suas posições políticas, embora discorde por completo, mas é inadmissível que ela inverta por completo a realidade utilizando a imagem de suas colegas como se tivessem ido às ruas pedir intervenção militar, quando o protesto era justamente contra a censura imposta pela ditadura. É uma mentira publicada em suas redes como forma de incitação aos tenebrosos atos de 8 de janeiro", completa a produtora.
A advogada Maria Isabel Tancredo, especialista em responsabilidade civil do escritório João Tancredo, que representa Janaina, aponta para os riscos ao expor imagens na internet. "O uso indevido da imagem de Leila Diniz no material publicado por Regina Duarte é gravíssimo, uma vez que desvirtua em absoluto, seja o contexto propriamente da fotografia, de oposição à Ditadura, seja da história de vida e de luta de Leila Diniz", afirma.
Splash entrou em contato com Regina Duarte e o Partido Liberal. Caso haja retorno, a nota será atualizada.
Qual o contexto real da foto?
Registrada no dia 13 de fevereiro de 1968, a fotografia marca o fim de uma greve de três dias de artistas — atores, atrizes, diretores, empresários e produtores, que protestavam nas escadarias do Teatro Municipal, no Rio de Janeiro, contra a censura.
Os artistas estavam indignados com os cortes e proibições em peças teatrais, e a falta de critério e preparo intelectual dos censores que decidiam o que poderia ou não ser dito sobre os palcos. O estopim, segundo arquivo do jornal O Globo, foi o veto à montagem nacional de "Um Bonde Chamado Desejo".
A imagem das atrizes de mãos dadas foi feita quando centenas de artistas caminharam do Teatro Municipal até o Aterro do Flamengo, na zona sul do Rio, depois de uma reunião com o então ministro da Justiça, Gama e Silva, que recebeu uma petição com 10 mil assinaturas pedindo que a censura sobre produtos culturais fosse amenizada.
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