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Lívia Torres se pronuncia após demissão da Globo: 'Hora de recalcular rota'

Repórter Lívia Torres - Reprodução/Instagram
Repórter Lívia Torres Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para Splash, no Rio de Janeiro

20/07/2023 16h28

Após ser demitida da Globo por apresentar evento da CBF, Lívia Torres se pronunciou em uma rede social. A jornalista desabafou que, agora, a "hora de recalcular a rota".

Em uma publicação no Instagram, Lívia publicou uma série de fotos ao longo dos 14 anos na Globo. "Nesse dia da 1ª foto, eu estava ao vivo cobrindo uma invasão no Morro do São Carlos, durante a pandemia. Começou um tiroteio, e tive que me abrigar na garagem de um prédio, sem parar de noticiar tudo ao vivo. A história acabou me rendendo as estreias no Jornal Nacional e no Fantástico."

A repórter afirmou que o encerramento de ciclo é uma oportunidade de reviver tudo o que passou ao longo de todos esses anos. "Foram 14 anos de Globo, de estagiária a repórter de vídeo. Toda despedida acaba sendo um momento de olhar para trás e reviver a própria história que, no caso do jornalismo, se confunde com a de tantas outras pessoas", escreveu ela.

Ao longo dos anos, ela entendeu que muitas vezes é preciso ousar. Nesse período, escutou não, mas buscou pelo sim. "Só descansei quando me deparava com verdade. E a minha verdade sempre foi a doação intensa para o melhor trabalho. Cimentei cada tijolo com ética, profissionalismo e entrega. Dobrei horas, busquei incessantemente as melhores aspas, cultivei as melhores fontes."

Com a demissão, ela destacou que, agora, é o momento de traçar novos caminhos em sua carreira profissional. "Sou grata por tudo que aprendi e construí. Chegou a hora de recalcular a rota, alçar novos voos. Obrigada por tanto carinho. A gente se vê por aqui. Bons ventos virão!".

Confira o texto na íntegra

"Nesse dia da 1ª foto, eu estava ao vivo cobrindo uma invasão no Morro do São Carlos, durante a pandemia. Começou um tiroteio, e tive que me abrigar na garagem de um prédio, sem parar de noticiar tudo ao vivo. A história acabou me rendendo as estreias no Jornal Nacional e no Fantástico.

Saber trabalhar sob tensão acaba sendo especialmente necessário para quem cobre o Rio. Como em 2019, na Ponte Rio-Niterói, quando estava no ar na hora que atiraram no sequestrador de um ônibus. Ou lá atrás, em 2010, quando começava no g1, recém-contratada, e cobri a retomada do Complexo do Alemão.

Foram 14 anos de Globo, de estagiária a repórter de vídeo. Toda despedida acaba sendo um momento de olhar para trás e reviver a própria história que, no caso do jornalismo, se confunde com a de tantas outras pessoas.

Conforta meu coração saber que meu trabalho ajudou um pouco brasileiros como a Dona Janete. A franqueza daquela senhora, que na fila pra não passar fome me contou sua difícil história de vida, tocou o país e atraiu uma corrente incrível de solidariedade.

Também lembro com amor das minhas coberturas favoritas, como o Carnaval carioca. Cobrir uma paixão de infância foi um sonho, e eu me joguei intensamente em cada noite virada na Sapucaí.

Eu amo jornalismo porque sou louca por gente e por contar histórias. Fui de peito aberto a muitas lutas, especialmente, por causa das pessoas. A elas devo meu maior agradecimento.

Ser repórter é muito mais do que estar com um microfone na mão. É ser ágil, sem perder a doçura, mas também inquieto.

Entendi que muitas vezes é preciso ousar. Escutei o não, busquei o sim. Só descansei quando me deparava com verdade. E a minha verdade sempre foi a doação intensa para o melhor trabalho. Cimentei cada tijolo com ética, profissionalismo e entrega. Dobrei horas, busquei incessantemente as melhores aspas, cultivei as melhores fontes.

Sou grata por tudo que aprendi e construí. Chegou a hora de recalcular a rota, alçar novos voos.

Obrigada por tanto carinho. A gente se vê por aqui.

Bons ventos virão!"

O que aconteceu?

Lívia Torres era um dos destaques da editoria Rio - com diversas entradas nos jornais nacionais. Segundo apuração de Pasin, a Globo não permite que seus jornalistas apresentem eventos externos remunerados.

Procurada, a Globo informou que "não comentará o assunto".

De acordo com fontes da coluna, há uma série de reclamações de profissionais do jornalismo e Esporte da Globo pedindo a liberação de trabalhos externos, especialmente após a emissora adotar o modelo de "baixos salários". Ainda segundo fontes, diversos profissionais fazem eventos, mas a emissora costuma fazer "vista grossa".

No entanto, a direção da Globo não permite a prática e segue punindo com desligamentos.

Vale ressaltar que a Globo tem os direitos de transmissão da Copa do Brasil. Neste caso, Lívia Torres não estava nem mesmo apresentando um evento de qualquer concorrente.

Lívia Torres participava diariamente dos telejornais Bom Dia Rio, RJ1 e RJ2, além de participações em reportagens para Bom Dia Brasil, Jornal Nacional, Jornal da Globo e Fantástico. Recentemente, ela viralizou nas redes após uma reportagem no Hemorio mostrando a campanha de doação de sangue promovida por Ludmilla no Numanice.