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Cantor Tony Bennett morre aos 96 nos Estados Unidos

De Splash, em São Paulo

21/07/2023 09h42Atualizada em 21/07/2023 11h38

Morreu hoje aos 96 anos Tony Bennett, lenda do pop e jazz americano. Ele estava em sua casa em Nova York, nos Estados Unidos, segundo comunicado de sua assessora enviado à Associated Press.

Ele foi diagnosticado com Alzheimer em 2016, mas não parou de se apresentar por mais cinco anos.

Tony Bennett foi descrito por Frank Sinatra como o melhor cantor de pop no mundo. Com uma carreira que se estendeu por oito décadas, Bennett foi um dos mais famosos vocalistas de pop, showtunes e jazz.

Sua carreira começou em 1949, e nos anos 50 e 60 Tony Bennett foi um dos artistas mais famosos dos Estados Unidos. Nos anos seguintes, teve seu trabalho prejudicado pela dependência química e por problemas fiscais.

Na década de 90, Tony Bennett voltou a aparecer nas paradas musicais após seu filho Danny assumir a administração de sua obra. Desde então, ele fez colaborações com nomes como Amy Winehouse, Diana Krall, Christina Aguilera e Lady Gaga.

Tony odiava os dados que analisavam seu público. Ele acreditava que conseguiria tocar para a família inteira. Então eu lhe disse que, para fazer isso, ele precisava ir até eles. Danny Bennett em entrevista ao The New York Times em 1999.

A última aparição pública de Tony Bennett foi em agosto de 2021, quando se apresentou com Lady Gaga no Radio City Music Hall, em Nova York. No Grammy do ano passado, a cantora fez uma homenagem ao amigo:

Em 2007, aos 81, Tony explicou por que se recusava a se aposentar: "É como George Burns disse: 'Me aposentar para quê?' Você deve fazer o que você realmente gosta de fazer, o que você ama fazer, e continuar. Quanto mais você aprende, mais importante a vida se torna, e isso te faz viver mais", disse em conversa com Clint Eastwood publicada no jornal The Orange County Register em 2007.

Vida e carreira

Nascido em Nova York em 3 de agosto de 1926, filho de um dono de uma mercearia emigrado da Itália e uma costureira, Anthony Diminick Benedetto foi crucial para popularizar o jazz e o cancioneiro norte-americano ao redor do mundo. Ele cresceu com uma irmã mais velha, Mary, e um irmão também mais velho, John Jr e, em sua carreira, vendeu mais de 50 milhões de cópias de seus discos, e coleciona prêmios como Grammy, Emmy e homenagens.

Começou a cantar ainda na infância, mas precisou interromper o início da carreira quando foi recrutado para lutar pela infantaria dos Estados Unidos nas etapas finais da Segunda Guerra Mundial. O pai instigava nos filhos o interesse pela arte e por literatura, mas morreu quando Tony tinha 10 anos. Dessa forma, e diante da Grande Depressão após a Crise de 29, a família cresceu na pobreza e com dificuldades. A experiência na guerra fez de Tony um pacifista irremediável. Mais tarde, ele escreveu:

Qualquer um que considera a guerra algo romântico obviamente não passou por uma.
Tony Bennett, sobre sua experiência lutando na Segunda Guerra

Em mais de 70 anos de carreira, Bennett foi marcante não apenas pela sua longevidade, mas também pela consistência de seus trabalhos. Ele dedicou sua carreira à música popular norte-americana, e por isso se une aos grandes nomes da música.

Tony alcançou seu primeiro sucesso em 1951, logo após assinar contrato com a gravadora Columbia Records, com a canção "Because of You". Ao longo dos anos seguintes, afinou sua proximidade com o jazz e, no final da década, teve grandes sucessos com álbuns como "The Beat of My Heart" e "Basie Swings, Bennett Sings".

Sua maior assinatura na música veio em 1962, quando lançou "I Left My Heart in San Francisco". Escrita por Douglass Cross com música de George Cory, a música foi composta em 1953, mas só ficou famosa mesmo quase 10 anos depois. Na ocasião, alcançou a 19ª posição no ranking Hot 100 da revista Billboard, e foi considerada um dos hinos oficiais da cidade de São Francisco.

Com mais de 70 álbuns em seu nome, Bennett é provavelmente o único artista que ranqueou em paradas de discos mais vendidos em todas as décadas entre 1950 e 2020. Em 2014, por exemplo, ele quebrou seu próprio recorde de mais velho artista vivo a alcançar o número 1 no Top 200 de álbuns da Billboard.Tony Bennett não apenas preencheu a lacuna entre gerações, como também a demoliu", escreveu o New York Times em 1994.

"Ele se conectou solidamente com um público mais jovem, desapegado pelo rock. E não houve concessões."

Durante os anos 70 e 80, sua carreira sofreu uma espécie de declínio com o auge do glam e do rock. Apesar de pressões da gravadora, ele persistiu nos passos de grandes cantores como Louis Armstrong, Judy Garland, Billie Holiday e Frank Sinatra. Ele acabou retornando ao auge quando ele alcançou novos recordes de venda nos anos 80 e 90.

De alinhamento político com o Partido Democrata dos Estados Unidos, Tony Bennett já chegou a se apresentar para Nelson Mandela durante sua visita à Inglaterra em 1996. Também cantou na Casa Branca para os presidentes John F. Kennedy e Bill Clinton, e no Palácio de Buckingham para a rainha Elizabeth 2ª no aniversário de 50 anos de seu reinado.

Quanto à sua vida pessoal, Bennett manteve uma imagem pública sem grandes manchas. A única alteração de curso foi quando, após as mortes de Michael Jackson, Amy Winehouse e Whitney Houston, Bennett falou publicamente a favor da legalização das drogas.

Entretanto, Tony casou-se três vezes, e deixa quatro filhos. Com sua primeira esposa, Patricia Beech, teve dois filhos. O matrimônio durou 19 anos, de 1952 até 1971, e terminou em virtude da distância.

Seu segundo casamento, com Sandra Grant, durou oito anos, e os dois tiveram duas filhas. A separação não foi nada amigável, e Grant falou para a imprensa o que realmente achava do ex-marido em uma entrevista de 2007 ao Page Six. "O Tony que eu conheci não era o bom-moço sorridente que o mundo conhece", afirmou.

O relacionamento com Susan começou nos anos 80, e ela é 40 anos mais nova que ele. Os dois se casaram em junho de 2007 e permaneceram juntos até o fim da vida do cantor.