Elas Por Elas: como Iozzi se prepara para personagem que foi de Joana Fomm?
Entrevista a Splash foi gravada no dia 13 de julho, antes da atriz anunciar que deixaria a trama global por questões de saúde na tarde desta sexta-feira (28).
Monica Iozzi, 41, deixou Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, em 2001 para estudar Artes Cênicas na Unicamp. Vinte e dois anos se passaram desde então e ela ganhou sua primeira protagonista em novela. A atriz será Natália na adaptação de "Elas por Elas", que a Globo prepara para setembro.
As gravações começaram nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, na última semana e Monica tem a missão de interpretar a personagem que foi de Joana Fomm em 1982. É certo que a Natália de 40 anos depois chega diferente, assim como a trama criada por Cassiano Gabus Mendes que ganha adaptação assinada por Thereza Falcão e Alessandro Marson.
A atriz revela que, em um primeiro momento, escolheu não assistir à versão de 1982 por medo de se comparar à Joana Fomm, mas mudou de ideia ao perceber que a atmosfera da novela e da personagem são diferentes hoje. A Natália de 1982 era "inteiramente sombria" por perder o irmão de forma trágica durante uma confraternização com outras seis amigas na adolescência, o que a atormenta por 25 anos.
Em entrevista a Splash, Monica conta quais são os pedidos da Globo para a personagem: "A Natália da Joana Fomm, que ela fez de forma brilhante, era só amarga, ressentida, traumatizada, com uma busca de justiça, que é vingança. Tudo isso está presente na Natália que vou interpretar, só que agora vem com outras nuances."
"Não é só atormentada e ressentida. Esse trauma gerou outro desequilíbrio. Ela vai de 8 a 80. É uma pessoa que está em uma espécie de bipolaridade. Ela tem os momentos de profunda raiva, tristeza e revolta. Ao mesmo tempo, tem momentos de euforia e, às vezes, até se desliga um pouco da realidade. Isso não é uma leitura minha. O texto já veio para mim assim e achei super interessante."
Essas diferenças na personagem tranquilizaram Monica no sentido de se comparar a Joana Fomm, de quem é fã. "Uma das minhas atrizes favoritas. Me lembro de eu ser pequenininha e assistir Tieta, ela fazendo uma das maiores personagens da teledramaturgia brasileira, que era a Perpétua. Então quando eu vi que era Joana Fomm eu falei: 'minha nossa senhora, vou fazer a personagem que foi de Joana Fomm'".
A ex-apresentadora do Video Show revela que ainda não conversou com Joana Fomm, nem pretende. E ela explica: "Tenho medo... Estou há 13 anos na televisão, mas eu sou meio caipira com as pessoas que admiro muito".
Para exemplificar, aos risos, ela lembra o dia em que fugiu de Fernanda Montenegro na época em que gravava "A Dona do Pedaço" (2019). "Dona Fernanda Montenegro tava esperando o carro junto comigo. Vi a Dona Fernanda e meu coração acelerou, dei um primeiro passo até ela e voltei correndo. Falei para o meu motorista: 'Vem daqui a 10 minutos'. Não tinha coragem de ficar ali ao lado dela, fingindo uma normalidade."
Mais leve e atualizada
A atriz detalha que a novela será mais leve e divertida que a versão de 1982. Mas a premissa é a parecida: após 25 anos, Lara (Deborah Secco) encontra uma foto antiga e tem a ideia de juntar o grupo de amigas novamente. As outras seis amigas são interpretadas por Iozzi, Késia Estácio, Isabel Teixeira, Thalita Carauta, Maria Clara Spinelli e Karine Teles.
"Vamos falar de mulheres com histórias e visões de mundo completamente diferentes e trazem diversidade, a gente está sempre precisando. Tudo isso regado a uma trama extremamente envolvente. Cada uma tem uma questão e essas questões vão se entrelaçando.
O texto também será atualizado para não derrapar em falas e expressões datadas, ou seja, consideradas normais na década de 1980, mas que hoje são entendidas como preconceituosas. Afinal, há 40 anos não se discutia sobre muita coisa, não?
"Tenho certeza que os atores estão tendo cuidado de tirar qualquer preconceito e discurso de ódio (do roteiro). Uma das nossas protagonistas, inclusive, é uma mulher trans. Isso não tinha na primeira versão. Quando você vai fazer uma releitura, tem que se adequar aos tempos em que a gente vive. Vejo essa preocupação na novela... E outra coisa: já deu, entendeu? É 2023, acho patético a gente ainda ter que falar sobre piada com pessoas que são diferentes de você. Não deveria existir isso"
Carreira
Monica ganhou destaque ao virar repórter do CQC em 2009. Quatro anos depois, migrou para a Globo a convite de Jorge Fernando para fazer uma novela. Antes de encerrar as gravações da novela, já tinha um novo desafio: apresentar o Video Show. No auge da dobradinha com Otaviano Costa, pediu para sair. Ela queria focar na sua paixão: a atuação.
É o que tem feito desde 2017. Sem contrato fixo com a Globo, trabalhando apenas por obra, pode se aventurar em produções para o cinema e para o streaming — como a série "Novela", que chegou ao catálogo do Prime Video ontem.
Não saí [da Globo] porque estava infeliz. Sempre fiz tudo o que eu quis lá. Fui super respeitada e acarinhada... Estava contratada há muitos anos. Fiquei cinco anos na Band e já estava há cinco na Globo. Sabe quando você queria ver um pouco mais do mundo? E agora estou com eles por obra.
Perguntada se chegou onde gostaria, a atriz fez uma reflexão da carreira. Ainda disse que consegue ser criteriosa na hora de aceitar os convites — o que considera um privilégio por entender que não é a realidade de quem trabalha com arte no país.
"Se eu pensar que queria ser atriz desde criança, meu sonho primordial, eu consegui. Graças a Deus, trabalho como atriz e mantenho fazendo isso. Agora, como inquietudes, como objetivos artísticos, ainda tem muita coisa que eu quero fazer. Apesar de eu já estar um tempo razoável na televisão, consegui finalmente fazer a transição do entretenimento para a dramaturgia não faz tanto tempo. As pessoas ainda estão me conhecendo como atriz."
Assista à íntegra da entrevista da entrevista gravada em 13 de julho, antes de Monica anunciar saída da novela da Globo:
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