Que um trabalho exemplar seja enaltecido quando merecido. E é o caso do capítulo de "Amor Perfeito" exibido nesta segunda-feira (31), que nos presenteou com um texto sensível e necessário sobre racismo.
Apesar da pauta aparecer recorrentemente nas novelas atuais, muitas nuances a respeito desse tipo de crime acabam ficando de fora ou são abordadas de forma rasa. Não foi o caso da trama escrita por Duca Rachid, Elísio Lopes Jr. e Júlio Fischer, que falou do preconceito ao mostrar mais uma das crueldades de Gilda (Mariana Ximenes).
A vilã decidiu alisar o black power lindo de Marcelino (Levi Asaf), usando aquelas premissas lamentáveis do preconceito com o cabelo afro. Resultado?! O pequeno sofreu tanto bullying dos colegas de escola que foi parar no hospital.
É de partir o coração ver o garotinho passando por toda aquela violência, de que tantas crianças no mundo real também são vítimas. Importante mostrar o quanto o racismo nos adoece, deprime e é tão cruel, mesmo nos gestos considerados "pequenos".
Destaque para a fala de Orlando (Diogo Almeida) ao dividir com Marê (Camila Queiroz) o gatilho que era ver Marcelino passar pelo mesmo que ele viveu na faculdade de medicina. "Vi muitas vezes as pessoas dizendo que um médico não poderia ter um cabelo igual ao meu. Como se eu tivesse que sentir vergonha da minha origem, de quem sou. O que eles queriam no fundo era que eu negasse a minha existência naquele lugar", desabafou.
"Voar" com a ficção é uma delícia, mas que nunca esqueçamos de colocar os pés no chão para a realidade. Principalmente quando há a oportunidade de dar tanta visibilidade para questões importantes. Que muitos Marcelinos e Orlandos no Brasil afora sejam acolhidos e não precisem viver essa dor.
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